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Certa vez, um amigo me contou um causo político que tinha como cenário o interior do Ceará, na época dos chamados coronéis, que dominavam os famosos “votos de cabrestos”. Esses “coronéis” conseguiam eleger quem eles queriam. O humilde povo obedecia as ordens desses poderosos do sertão. Pois bem. Veja a “estória” abaixo.
Um “coronel” cismou que o então presidente dos Estados Unidos, Jonh Kennedy, teria que ser seu compadre e insistiu com o governador do estado. O governador disse que era impossível, mas o “homem” ficou bravo, bateu o pé e disse que não abria mão de seu filho ser afilhado do jovem presidente norte-americano.
Conversa vai, conversa vem, o governador encontrou uma saída. Conversou com o Cônsul americano em Fortaleza e convenceu-o a ir batizar o filho do “coronel” lá no sertão do Ceará, representando o presidente dos Estados Unidos. A festa de batizado foi realizada com muita fartura. A partir daquele dia, o “coronel” vivia feliz e prometia mais votos e votos para o grupo político do governador. Vivia tão feliz que fazia questão de dizer em alto e bom som em qualquer lugar – praças, bares, restaurantes ou feiras – que era “compadre” do presidente Kennedy.
Um belo dia, sentado em sua cadeira preguiçosa, se balançando na varanda do casarão, com o charuto na mão e ouvindo o rádio, ele escutou no “Repórter Esso”, o noticiário mais importante da época: “E atenção, acaba de ser assassinado o presidente Jonh Kennedy”. (O presidente John Kennedy foi assassinado com dois tiros em 22 de novembro de 1963, durante um desfile na cidade de Dallas, nos Estados Unidos. Sua morte, até hoje cercada por incertezas, foi atribuída a Lee Oswald. Ele foi casado com Jacqueline Kennedy Onassis. Fonte: http://brasilescola.uol.com.br).

– Vixe Maria, mataram o compadre! Mulher, corre aqui. O rádio tá dizendo que acabaram de assassinar o presidente John Kennedy, disse o “coronel”.
– Meu Deus do céu, como não deve estar a comadre Jacqueline nessa hora? – questionou a esposa do “coronel”.

Nos dias de hoje

Nos dias atuais, nós temos ainda muitos “coronéis” por esse Brasil afora que, com a força do dinheiro, ainda conseguem manter alguns “currais eleitorais” e pesam na eleição de determinados candidatos. E ainda temos muitas mulheres de “coronéis”, que gostam de querer demonstrar intimidade com políticos importantes. A declaração da mulher do “coronel” da “estória” acima é pura realidade, quando vemos lobistas vendendo facilidades e se declarando íntimos de autoridades e governantes. E o pior é que muita gente cai na lábia desses malandros, inclusive prefeitos do interior, que acabam pagando comissões altíssimas para conseguirem um determinado empréstimo ou financiamento ou mesmo a liberação de recursos da União para a construção de um posto de saúde, de um hospital, de um ginásio de esportes ou para asfaltar uma rua. Enfim, a personagem do causo político, que se passa na década de 1960, retrata bem os dias hoje, com pouca diferença. Os “coronéis” ajudavam a eleger os poderosos governantes e obtinham vantagens de empregar os filhos, parentes e afilhados políticos e até vantagens em dinheiro. Nos últimos 30 anos, a coisa não foi diferente, mas com um agravante: os “coronéis” modernos ajudaram e ajudam a eleger os governantes em todas as esferas políticas, mas em troca, se o apoiado obtém a vitória, levam todo o dinheiro de volta e até mais, ganhando licitações fraudulentas ou arranjadas para que suas empresas realizem determinadas obras nos municípios, estados e no país. E são milhões de propinas divididas entre várias pessoas. As provas estão aí com a Operação Lava Jato, quando vemos quase todos os dias a imprensa informar sobre as prisões de gente graúda, empresários, marqueteiros e até de deputado e senador da República.

Até quando vamos viver com esta realidade? Até quando a corrupção continuará fazendo parte do dia a dia da política brasileira? Até quando o povo sofrido continuará tendo valor apenas em período eleitoral? Até quando as crianças vão continuar escrevendo no chão ou em tamboretes e sem merenda nas escolas, porque os recursos destinados para isso são desviados por políticos corruptos? Até quando muita gente continuará morrendo nas filas dos hospitais, porque não há atendimento digno nos hospitais? Enfim, até quando a imprensa continuará mostrando e denunciando os desmandos políticos e a maioria não passa sequer um dia na cadeia?

São perguntas que talvez nem os nossos netos saberão as respostas. Mas se cada eleitor escolhesse bem o seu candidato, gente séria e honesta, talvez a situação pudesse até ser diferente e começasse a mudar paulatinamente. Vamos sonhar que este dia chegue e que a corrupção acabe no Brasil e no mundo.

Por: Lima Rodrigues

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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