Um negócio feito em segundos, mas que já dura uma vida. Pelo menos para Carlos Ribeiro que vive há 26 anos nele.
Trata-se do comércio nos semáforos onde, Carlos Ribeiro e outros que se dedicam à modalidade comercial, vendem itens para veículos: capas para volantes e bancos, suporte e carregador para celular, protetor de painel, tapete, raquete elétrica etc.
A equipe de reportagens do Portal Pebinha de Açúcar foi conhecer de perto esses profissionais que tiram das ruas o sustento de suas famílias, com o objetivo de ouvir deles suas respectivas realidades. “Sou marceneiro, mas a dificuldade de emprego me trouxe para este trabalho onde continuo mantendo a família e vivendo com dignidade, vendendo acessórios externos e internos para veículos”, conta Carlos Ribeiro, dizendo ainda querer voltar para sua área que antes trabalhava.
Há três anos nos semáforos de Parauapebas ele conta que o comércio por aqui já foi bem melhor; mas elogia os condutores, os quais diz receber bem a abordagem. A única reclamação de Carlos Ribeiro é em relação ao tempo do semáforo onde trabalha, esquina da Avenida Liberdade com a Rua São Francisco, no Bairro da Paz, que diminuiu de 1 minuto para apenas 40 segundos. “O tempo aqui é mais que ouro, é diamante, pois temos que abordar, vender, receber, passar o troco e ainda instalar o equipamento”, mensura Carlos.
No mesmo cruzamento encontramos Leonardo Magalhães, pedreiro, encarregado de obras. Léo, como gosta de ser chamado, conta que trabalha há mais de 20 anos nesta modalidade comercial; tendo iniciado por necessidade e hoje, já é uma opção. Ainda segundo relatos de Léo, houve pausas em sua trajetória no semáforo, tendo vindo de Belém contratado por uma empresa como encarregado de obras e trabalhado quase dois anos; porém, ao concluir a obra não conseguiu outro trabalho e voltou para a modalidade comercial no semáforo.
“É uma renda a mais e tenho controle sobre meu horário, sem patrão para me dar ordens”, explica Léo, admitindo que o comércio no semáforo, assim como em outros segmentos, já foi melhor. Quanto aos clientes, ele diz que cada um tem sua reação. Uns baixam o vidro e perguntam preço e as vezes terminam por fechar negócio; outros ignoram a abordagem.
Perto dali, no semáforo da Rodovia PA-275, próximo da Rua Lauro Corona, encontramos Givanildo Ribeiro, um jovem de 28 anos que desde os 13 anos de idade trabalha vendendo produtos nos semáforos.
Givanildo é filho de seu Carlos Ribeiro, o primeiro entrevistado nesta reportagem. Foi ele quem trouxe o filho para esta modalidade comercial, ainda em Belém, e agora, já faz cinco anos que está em Parauapebas. “Foi a falta de opção que me trouxe e me mantém aqui”, reconhece Givanildo, admitindo que se pudesse, montaria uma loja e sairia do semáforo.
Quanto à receptividade dos clientes, ele diz ser diversas, tendo uns que concordam com o preço e fecham negócio, enquanto que outros não são nada educados. Mas, contudo, ele diz que mantém a família com a renda tirada do negócio, mesmo com as oscilações do comércio.
Apesar de jovem, Givanildo diz já ter visto muitas coisas no semáforo: carro sendo tomado de assalto, discussão entre condutores que terminou em exibição de arma, acidentes graves etc. “Aqui mesmo neste semáforo vi uma carreta arrastando um ciclista e saí correndo e gritando pedindo para o motorista parar”, lembra Givanildo.
Quanto às mudanças nos semáforos e criação de retornos em seu ponto de trabalho, ele diz que melhorou para os condutores que agora perdem menos tempo; já para ele, é prejuízo na certa, pois depende da parada prolongada dos carros, tempo em que consegue fazer a abordagem, venda e instalação dos produtos. “O tempo deste semáforo fechado era 80 segundos e agora reduziu para 60; já o tempo dele aberto era apenas 30 segundos e aumentou para 40 segundos”, mensura Givanildo, que já é quase um especialista em semáforos, que em sua conta, em cada ato no cruzamento perde 30 segundos, já que são 10 segundos a mais, aberto e 20 segundos a menos, fechado.
Reportagem: Francesco Costa / Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar