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De todo o Brasil, Pará foi o campeão de mortes no campo em 2014

Segundo o relatório, a matança no campo ocorreu de forma mais acentuada no segundo semestre do ano que se passou. Apenas no mês de julho foram sete assassinatos em quatro estados, em somente 20 dias. No mês de agosto foram quatro em uma semana.

Entre os casos citados está o de Félix Leite, vice-presi­dente da Associação de Acampados Divino Pai Eterno, em São Félix do Xingu, assassinado a tiros quando retornava do trabalho, no dia 18 de julho. Ele já havia registrado boletim de ocorrência sobre as ameaças de morte que vinha sofrendo. Outras quatro lideranças da Associação também estão ameaçadas de morte, e uma delas, Lourival Gonçalves, chegou a levar quatro tiros num atentado ocorrido no dia 16 de abril.

Também está no relatório o caso de Maria Paciência dos Santos, de 59 anos. No dia 12 de agosto, no sudeste do Pará, ela foi atropelada por um caminhoneiro que avançou sobre os 1.500 manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Ter­ra (MST) que marchavam pela BR-155, chamando a atenção para o descaso com a Reforma Agrária. O local é próximo à curva do “S”, onde ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996.

Os dados mostram um aumento expressivo na quantidade de tentativas de assassinato. Em contrapartida, as ameaças de morte se reduziram abruptamente. Se em 2013 foram 15 tentativas de assassinato, conforme os dados finais registrados e publicados no relatório Conflitos no Campo Brasil 2013, em 2014 foram 52 tentativas de assassinatos nos dados ainda parciais, registrados pela CPT, entre os meses de janeiro e novembro.

“A conclusão a que podemos chegar com esse número é que o poder privado, principal responsável pelos casos de violência contra a ocupação e a posse nos conflitos por terra, não está mais ficando somente nas ameaças. Está indo para as vias de fato”, acredita a jornalista Cristiane Passos, mestre em Antropologia Social e especialista em Cultura e Meios de Comunicação.

Ela lembra que nas 481 ocorrências de violência contra a ocupação e a posse por ora registradas pela CPT, 411 foram causadas pelo poder privado. “O capital está cada vez mais armado contra os povos do campo. A força da luta de todos esses povos, contudo, não se esvai junto ao sangue de seus lutadores e lutadoras”, resume a jornalista.

Reportagem: Chagas Filho/DDOL / Foto: Arquivo

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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