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Diretor da Vale diz que vida útil das minas de Carajás vai até 2041

Duranteentrevista coletiva, ocorrida semana passada, no restaurante do Hotel Vale dos Carajás, o Diretor do Corredor Norte da Vale, Antônio Padovesi, fez uma afirmação que impactará diretamente no futuro do município de Parauapebas.

De acordo a sua declaração, a vida útil das minas de Carajás vai até o ano de 2041.
Evidentemente que até esta data, outras jazidas podem ser descobertas, não só de ferro, mas de outros minerais, mas, o fim das atividades minerarias nesta data é o que se tem para hoje.

Com todas as letras, Padovesi disse pela enésima vez que as reservas de ferro conhecidas em Carajás se exaurem em 2041, ou seja, daqui a exatamente 23 anos. Como era de se esperar o chefão da Vale afirmou isso quase en passant, como se estivesse dando qualquer outra informação.

Para mineradora não é uma boa tacada causar alvoroço sobre esse tema. Caso houvesse uma tomada de consciência coletiva, a cidade poderia se mobilizar, passando a brigar por cada centavo que teria direito, por cada ação deixada de lado ao longo dos anos.

A declaração de Padovesi pode diferir de outros cálculos, porém, por alguns poucos anos. Alguns estudiosos em mineração falam em 17, outros 18 anos. O ex-prefeito Faisal Salmen, nos idos de 2009, 2010 alertava que o município tinha aproximadamente 20 anos de atividade mineraria em Carajás. Salmen foi o primeiro a colocar o dedo na ferida, mas as suas advertências caíram no vazio.

Para azar do município, há estudos que mostram um tempo de vida ainda menor. No dia 31 de março de 2016, a Vale registrou seu Relatório Anual junto à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, a empresa declarou haver 2,43 bilhões de toneladas de minério de ferro medidas e provadas na Serra Norte, em Parauapebas, nos corpos N4 e N5, que são os economicamente viáveis. Para saber quantos anos ainda se tem de minério basta-se dividir o que resta das jazidas pela produção anual, que é 140 milhões de toneladas aproximadamente e se tem 17 a 18 anos de atividades. As alvíssaras não são nada boas.

Samba de uma nota só

Assim como nos primeiros tempos, Parauapebas é uma espécie de samba de uma nota só. Depende única e exclusivamente da movimentação econômica produzida pela atividade mineral. No sopé da serra, foi construído o município que hoje, em levantamentos não oficiais, se aproxima de 300 mil habitantes.

Pela opulência financeira, o comércio e as iniciativas empresariais a cidade se transformou numa metrópole regional, mas depende quase que exclusivamente do dinheiro de Carajás.

Impacto geral

Independente da posição social, da estabilidade adquirida e de outras comodidades que autorizem se imaginar imunes às intempéries futuras, a verdade é todos – sem exceção – sofrerão o impacto. Para se ter uma ideia, a crise econômica iniciada de 2013, que levou embora empregos e fez cair por terra boa parte da atividade econômica do município, fez o valor do imóvel cair pelo menos 50%. Imagine tudo isso multiplicado por 10. É isso que espera o município se não houver um esforço conjunto no sentido de preparar o município para este momento que se aproxima.

Por enquanto o que se vê é um mar de tranquilidade sem o menor sentido, como se o dia que a última composição ferroviária carregada de minério de ferro nunca chegasse. Desde 2009 se fala em “uma nova matriz econômica” como um clichê feito sob medida para vender para a população, entretanto, nenhuma iniciativa prática já foi levada a cabo.

Ao longo dos últimos 15 anos muito tem se falado em transformar o município num polo universitário. Caso a iniciativa tivesse sido implantada na sua plenitude a cidade receberia uma irrigação de recursos de pelo menos um quarto do que hoje se arrecada com a tributação de Carajás. No entanto, ao invés de trabalhar nesse sentido enquanto o município ainda tem recursos, nada foi feito e não se vê muitas alternativas para um futuro próximo.

Tomando como exemplo os R$ 86 milhões que repousam tranquilamente no caixa da prefeitura, provenientes dos precatórios do Fundef. Esse dinheiro poderia servir para consolidar o convênio com a Universidade Estadual do Pará (UEPA), incluindo aí o curso de medicina e de outras graduações de ponta. O dinheiro poderia ser aplicado na construção das instalações. Evidentemente que haveria contestação referente aos 60% destinados a pagamento dos profissionais de educação, mas, como o município paga religiosamente em dia salários, férias, décimo terceiro salário e rescisões de contrato dos professores, não se conhece dívidas com a categoria não quitadas.

Evidentemente que outras iniciativas poderiam ser implementadas pelo município com o objetivo de se criar alternativas, mas isso passa por um projeto sério de desenvolvimento, que requer trabalho e muito desprendimento.
Está mais do que na hora de o município de Parauapebas colocar as mãos na massa e fazer o espinhoso dever de casa, enquanto pode.

Reportagem: Marcel Nogueira / Jornal Parauapebas Hoje

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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