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Drogados nas ruas de Marabá são 47 pessoas, diz secretária

Com alfinetadas de um lado, jogo de empurra-empurra de responsabilidades de outro, foi realizada na manhã desta segunda-feira, 24, na Câmara Municipal de Marabá, uma audiência pública para discutir o dilema do tráfico e uso de drogas no município, em especial entre adolescentes e jovens. A iniciativa contou com a participação do Judiciário, representante da Assembleia Legislativa do Estado, prefeito João Salame, vereadores, secretários municipais, conselho tutelar, órgãos de segurança, além de estudantes e algumas pessoas interessadas no tema.

Pastor Eloi, que propôs a iniciativa, se disse preocupado com a quantidade de pessoas dependentes de algum tipo de droga em Marabá, alertando que as famílias da grande maioria delas sofrem junto, sem ter uma saída para a recuperação. “Por outro lado, temos de discutir estratégias para a prevenção ao uso de drogas na nossa comunidade”, disse o vereador.

Haroldo Gaia, presidente da Subseção da OAB em Marabá, considerou muito importante a discussão sobre o tema e ressalvou que “a droga é um grande flagelo social, que ataca principalmente a juventude e lamentou que não haja um trabalho de combate e prevenção de expressão na comunidade local. “É importante que dessas reuniões saiam propostas concretas e que o Estado ofereça educação de qualidade à população”, disse Gaia.

O secretário de Segurança Institucional, delegado licenciado Alberto Teixeira, disse que medidas pontuais devem ser adotadas. Lembrou que o crime de tráfico agrega uma série de outros crimes, como roubo, furto e homicídio e que, infelizmente, em Marabá são muitos que vivem desse mercado. “As maiores vítimas do tráfico no país são adolescentes e a partir de 2011 cresceu bastante consumo de crack e drogas sintéticas, além das mazelas que causam ao organismo”, lamentou.

Segundo dados apontados por ele, um grama de cocaína é comercializado a R$ 100,00 em Marabá, enquanto uma pedra de crack custa R$ 10,00. Ele sugeriu a implementação de atividades socioeducativas para manter os jovens longe das drogas. “Precisamos de medidas paralelas para resgatar os jovens que estão mergulhados nas drogas. O crack é a droga mais usada em Marabá, e a maioria vem do Mato Grosso por via terrestre”, revelou.

A secretária municipal de Assistência Social, Abiancy Cardoso Rosa Salame, elogiou a iniciativa do evento e disse que a Secretaria de Assistência desenvolve ações de enfrentamento à droga, levou discussões para as escolas, mas vê que o debate esbarra na falta de aparelhamento do sistema público para fortalecer as ações de combate. “A política do encarceramento demonstra que não é suficiente, não resolve o problema por si só e precisa de ações efetivas. “Temos um CAPS Álcool e Drogas em construção, mas não sabemos como esse núcleo vai poder nos assistir”, observou.

Segundo a secretária de Assistência, o custo do tratamento de um dependente químico para o município é de R$ 3 mil por mês e cada um precisa ficar pelo menos seis meses em um centro. Recentemente, em um levantamento realizado por técnicos da Seaps, 47 pessoas de ruas foram identificadas como dependentes químicos. “Se esse é um problema de segurança pública, não pode mais ser ignorado, é preciso ação mais efetiva”, alertou.

A promotora da Infância, Lilian Viana Freira, disse que até bem pouco tempo havia apenas duas promotorias da Infância em Marabá, mas que atualmente são duas e que elas não conseguem atender a demanda existente, grande parte relacionada ao uso de drogas. “Na zona rural, há muitos jovens envolvidos com droga e precisam de atenção”, advertiu.

Filhos do crack
A promotora disse ainda que está aumentando muito em Marabá o número de pais mergulhados nas drogas e que não conseguem cuidar dos filhos. Ela denominou a nova geração como “filhos do crack” e disse que muitas dessas crianças acabam sendo retiradas da guarda de seus genitores e enviadas para o abrigo. “Encontramos uma mãe que queria sair atrás de droga que embriagava a filha de dois anos para poder deixá-la em casa”, revelou a promotora Lilian Freire em tom de desabafo e tristeza.
A promotora disse ainda que se os presentes à audiência pública fizessem uma rápida visita ao Centro de Internação do Adolescente Masculino Masculino (CIAM), ficaria provado que quem está lá praticou atos violentos, mas isso aconteceu também porque se envolveu com droga, geralmente o crack.

Reportagem: Ulisses Pompeu

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