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Escola estadual em Marabá recebe o projeto Conquistando a Liberdade

“As ações de prevenção estão sendo ampliadas por todo o Estado. Pretendemos focar, em especial, nas escolas de Marabá, que cada vez mais são ambientes vulneráveis para que os traficantes se estabeleçam e estimulem os jovens alunos a se tornarem usuários e vendedores de drogas. Nossa grande missão é informar e sensibilizar esses adolescentes quanto aos perigos para quem se envolve com a criminalidade ou com as drogas”, afirmou o coordenador do projeto, Ércio Teixeira.

Desde segunda feira (26), a escola recebe serviços de limpeza, pintura, roça, capina e jardinagem. A revitalização é feita por 20 internos do Centro de Recuperação Agrícola Mariano Antunes (Crama), entre eles doze homens e oito mulheres, que além de contribuir para a melhoria nas escolas, também ganham remissão de pena pelo trabalho. Cerca de 1,1 mil alunos são beneficiados com a ação social.

O interno Antônio Mendes, 43 anos, faz parte do grupo e diz que se sente satisfeito em poder contribuir. “Acho muito legal poder trabalhar aqui. Tenho filhos e sei como é importante a escola ter espaços limpos e bons para o aprendizado. Sem contar que também me beneficio com a remissão de pena. Trabalho desde que entrei na casa penal e isso contou muito para eu ir para o semiaberto”, explicou.

Além das melhorias nos espaços físicos do colégio, 44 alunos participaram do Papo di Rocha, bate-papo entre detentos e alunos para mostrar a rotina do encarcerado e as desvantagens com a privação de liberdade. O alerta visa conscientizar com exemplos reais. “Espero que com esse bate-papo, esses jovens percebam que o crime não compensa, que dentro da cadeia passamos por muitas situações difíceis e que se arrepender depois que já se envolveu na criminalidade pode ser tarde demais. Quero que eles me tomem como exemplo e não se iludam com o dinheiro fácil, que estudem e trabalhem para ser alguém na vida”, disse a interna Brena Alves.

O relato dos detentos interessou bastante a estudante Nayara Martins, 16 anos, que faz o segundo ano do ensino médio. “Acho muito importante essa conversa ocorrer na escola pública, principalmente porque o projeto visa mostrar para os jovens e adolescentes a não trilhar por esse caminho. Achei muito interessante a história de vida deles e tirei como lição que tenho que dar mais valor à minha família, não praticar coisas erradas, pensar duas vezes antes de fazer algo assim, porque tem sérias consequências”, avaliou.

Para o coordenador pedagógico da escola, Jairo Oliveira, o projeto traz diversos benefícios para dentro e fora da sala de aula. “Conseguimos perceber dois aspectos principais que a iniciativa traz: o primeiro deles é melhorar o ambiente, a aprendizagem dos alunos, o trabalho dos professores, entre outros; o segundo são as palestras que fazem os alunos refletirem sobre um tema atual e cada vez mais próximo de qualquer um desses adolescentes. Esse contato direto com o preso causa muito impacto para eles e sempre prolongamos a discussão após o final do projeto durante as aulas. É, sem dúvidas, um trabalho pedagógico também”, contou.

Referência – O projeto Conquistando a Liberdade já passou por 19 municípios do Pará. De janeiro a outubro de 2015, foram 44 edições na capital e no interior do Estado, com o trabalho voluntário de 320 internos. Foram beneficiados 15.428 estudantes. As ações tiveram o apoio operacional e administrativo de 190 servidores.

Participam do projeto presos dos regimes semiaberto e fechado, que apresentam bom comportamento e que já façam trabalhos na casa penal. Não há remuneração, mas o preso recebe o benefício da remissão de um dia de pena a cada três participações, direito garantindo pela Lei de Execuções Penais do país. O projeto foi um dos vendedores do Prêmio Innovare 2013, uma das mais importantes premiações da Justiça brasileira. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também já referenciou o projeto como modelo de reinserção social de presos no país.

Reportagem: Timoteo Lopes

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