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Governo inicia campanha contra o câncer de mama em todo o Pará

Contra o avanço do câncer de mama e de colo de útero no Pará, é preciso organizar ações de forma proativa e com metas estratégicas que unam vários setores, do governo e ONGs à iniciativa privada. Isso já tem garantido grandes avanços para que o Estado possa vencer gargalos ainda impostos para a solução desse problema – como a falta de informações básicas da população relativas às formas de exames, diagnósticos e tratamento desses males, ou sobre onde procurar atendimento na rede pública e privada de saúde, bem como informações sobre direitos em saúde e acesso a equipamentos e atenção básica. Essa foi a tônica, nesta terça-feira, 4, da cerimônia que marcou o lançamento oficial da campanha Outubro Rosa em todo o Pará.

Reunidos no teatro da Estação Gasômetro, no Parque Residência, representantes de entidades do terceiro setor, da iniciativa privada e do Governo do Estado – incluindo instâncias da administração estadual e gestores de vários hospitais e serviços de saúde ligados à Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) – deram a largada às ações da campanha que em todo o mundo lembra a importância dos exames regulares para que mulheres possam detectar mais cedo os casos de câncer de mama e de colo de útero. Quando é feito o diagnóstico antecipado, as chances de vencer os males são elevadas a mais de 90% dos casos – como acontece nas incidências de câncer de mama.

Estiveram presentes na Estação Gasômetro, entre diversos representantes, a primeira-dama do Estado, Ana Jatene; o secretário de Estado de Saúde, Vítor Mateus; a secretária-adjunta da Sespa, Heloísa Guimarães; a titular da Secretaria Extraordinária de Integração de Políticas Sociais, Izabela Jatene; a presidente da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Rosângela Brandão; o diretor-geral do Hospital Ophir Loyola, Luiz Cláudio Chaves; e também representantes da ONG Amigas do Peito e gestores do Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC) e também do Núcleo de Apoio à Gestão na Atenção à Mulher (Nagam), do Governo do Estado.

O evento teve participação do Coral Timbres, formado por detentas do Centro de Recuperação Feminino (CRF), da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe). Após a abertura oficial da campanha, as 12 detentas subiram ao palco do Teatro Gasômetro, acompanhadas da professora de música, Vera Santos, que ensaia o grupo diariamente. Elas cantaram três músicas em homenagem às mulheres: “Sexo frágil”, de Erasmo Carlos; “Tente outra vez”, de Raul Seixas e “Ainda bem”, de Marisa Monte.

Para a detenta Kely Ávila, de 34 anos, participar de uma campanha como essa tem um significado todo especial. “Eu já perdi uma pessoa que eu amava muito, a minha avó, para essa doença, e eu sei que no caso dela, ela não teve acesso a informação, não sabia o que fazer e quando descobriu a doença já era tarde demais. Se ela ou pelo menos alguém da nossa família tivesse conhecimento poderíamos ter salvado a vida dela, por isso que eu acho um privilégio estar aqui hoje, além de fazer uma homenagem as mulheres, eu posso ficar sabendo como fazer para descobri o câncer mais rapidamente”, disse a detenta.

“O outubro rosa é essencial para a questão da prevenção, para a sociedade ficar atenta pelo menos uma vez no mês ao câncer de mama e ao de colo de útero, para que essas mulheres fiquem lembrando os cuidados que elas precisam ter com o próprio corpo e se previnam contra essa doença. Em novembro será a vez de fazermos esse alerta aos homens”, destacou a primeira dama do Estado, Ana Jatene.

Campanha

As ações do Outubro Rosa de desdobram ao longo de todo o mês em diversos municípios do Pará. Este ano, além de ciclos de palestras, a campanha realiza atos públicos de mobilização e ações mais específicas, como mutirões de exames e cirurgias de tratamento em todo o Estado.

Além disso, este ano ocorre a segunda edição do prêmio Pará Mulher, que reconhece as melhores práticas de prevenção e atenção básica, diagnósticos e tratamentos em administrações municipais de todo o Estado. Cinco municípios serão destacados pelos seus empenhos no alcance de metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde no combate ao câncer entre mulheres. Eles receberão salas completas para exames de diagnósticos, com computadores e lotes de três mil kits para exames específicos.

O prêmio é dado àqueles que apresentam os melhores resultados nos dados do Sistema de Acompanhamento e Monitoramento de Execução de Políticas Públicas do Ministério da Saúde (Sispacto), que permitem traçar diagnósticos sobre as ações em estados e municípios brasileiros. A entrega da edição deste ano do prêmio Pará Mulher está programada para 4 de novembro. Ano passado, Santarém e Castanhal tiveram destaque.

“Reduzir a mortalidade por câncer de colo de útero e mama no Estado é a grande meta. Quanto mais cedo as mulheres buscam o diagnóstico e iniciem o tratamento, mais chances elas têm de se curar”, lembra Nazaré Falcão, que está à frente da campanha Outubro Rosa no Pará.

Coordenadora do Núcleo de Apoio à Gestão na Atenção à Mulher (Nagam), a enfermeira da Sespa ressalta que a equipe surgiu justamente para coordenar ações estratégicas do Estado contra o câncer de colo de útero e o câncer de mama no Estado. “Fazemos levantamentos de nós críticos ao cumprimento e metas para a saúde da mulher no Estado e traçamos estratégias de médio e longo prazo para solucioná-los”.

Daniele Kayath, coordenadora do Núcleo de Articulação e Cidadania (NAC) do governo do Estado, ressalta o papel importante de ações coordenadas hoje entre diversos setores para dar mais força à campanha – entre elas os mutirões, que já ocorrem ao ano inteiro e são intensificados em outubro.

“Há dois anos trabalhamos para integrar ações juntando apoio da iniciativa privada, governo e entidades do terceiro setor”, lembra a coordenadora, citando que os mutirões conseguem hoje até se aliar a clínicas privadas de diagnósticos por imagens e análises para realizar exames gratuitos durante a campanha Outubro Rosa.

Para Daniele Kayath, um dos desafios do Pará é divulgar para a população onde buscar os serviços de diagnósticos. “Já há o preparo para essa demanda no interior do Estado, inclusive nos hospitais regionais. Falta a população se informar melhor”.

Mal exige atenção

O câncer de mama é um dos maiores vilões da saúde da mulher em todo o globo e também vem exigindo a superação de gargalos regionais de atendimento à saúde no Brasil, como o acesso a um atendimento que possa levar a diagnósticos precoces. Apenas no Pará, a doença já causou a morte de 2,8 mil mulheres, entre 1996 e 2014, apontam números do Departamento de Informática do Ministério da Saúde (Datasus). Apenas no Hospital Ophir Loyola, que é referência para o tratamento da doença no Estado, cerca de 1.437 novos casos da doença passaram a ser tratados entre 2013 e 2015.

O câncer de mama é a segunda neoplasia com mais incidência entre mulheres paraenses, só ficando atrás do câncer de colo de útero. “Precisamos propagar informações sobre o câncer de mama, pois o ‘achismo’ não ajuda em nada”, pondera a médica mastologista Cintia Lins, que integrou uma rodada de debates realizada ontem na Estação Gasômetro sobre dívidas referentes à incidência e tratamento do mal.

A médica reiterou a grande necessidade de atenção ao tripé que envolve ações de prevenção (através de hábitos saudáveis), para o diagnóstico precoce (com mamografias anuais e autoexames mensais) e de tratamentos adequados.  “O Estado tem aumentado claramente sua capacidade de atendimento”, avaliou a mastologista.

“Há dez anos toda a estrutura de atendimento de média e alta complexidade do Estado só existia na capital. Tivemos um grande avanço neste governo”, ponderou a secretária-adjunta da Sespa, Heloísa Guimarães.

Atendimento

Toda mulher deve fazer exames periódicos para detectar o câncer de mama mais cedo possível. Além do autoexame, que pode ser feito procurando-se nódulos nos seios todos os meses, aconselha-se que pelo menos uma mamografia seja feita a cada ano.

Para fazer seus exames na rede pública de saúde, deve-se primeiro procurar unidades de saúde. Lá, se necessário, ela será encaminhada a um dos 28 locais de procedimentos de mamografias mantidos em 15 municípios, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e em hospitais conveniados espalhados por todo o Estado.

Entre esses locais de atendimento, destacam-se serviços de diagnóstico recentemente implantados no Hospital Regional do Baixo Amazonas (Santarém), no Hospital Regional Público do Marajó (Breves) e no Hospital Regional de Paragominas. Os hospitais regionais de Marabá e Altamira também fazem o procedimento, assim como a Unidade de Média de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) de Tucuruí. Hoje o Pará tem 97 mamógrafos, entre máquinas disponíveis na rede privada e através do SUS (33 aparelhos).

Em Belém, onde se concentra a maior demanda por atendimento e o maior número de casos detectados, as referências de atendimento inicial são os postos de saúde; a Unidade de Referência Materno Infantil e Adolescente (URE MIA), unidade vinculada à Sespa que faz cerca de 40 mamografias ao dia; a Casa da Mulher, mantida pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma); e a fundação Santa Casa de Misericórdia, que faz cerca de 147 mamografias a cada mês.

Para conter o avanço das mortes causadas por câncer de mama, mutirões de operações de retirada de nódulos, tratamento de lesões benignas e também exames de diagnósticos, incluindo ultrassonografias, são realizados pela URE MIA e Centro Hospitalar Jean Bitar. Realizados desde 2013, esses mutirões mensais já atenderam mais de 500 mulheres em quase 30 ações programadas.

“Estamos alcançando objetivos de multiplicar informações pela busca de mamografias, que precisam ser feitas a cada ano”, pondera Patrícia Cítero, presidente da ONG Amigas do Peito, uma das várias entidades do terceiro setor hoje engajadas na luta contra a incidência do câncer entre mulheres no Estado.

A ONG avalia que o Pará vem caminhando frente a vários desafios de combate à doença, mas o Norte ainda está muito aquém de outras regiões. “A falta de equipamentos para exames e a necessidade de maior divulgação de informações e direitos ainda são gargalos. O Norte tem hoje as últimas posições entre estados com oferta de mamógrafos no Brasil”, afirma Patrícia Cítero. “Porém, o atual governo do Pará tem tido uma postura muito positiva, em busca de soluções para tudo isso, dentro de uma força-tarefa que reúne governo e entidades e está em busca de verbas do Ministério da Saúde para resolver essa questão”.

No próximo dia 29 de outubro a ONG Amigas do Peito fará uma caminhada para chamar a atenção para a campanha Outubro Rosa. O ato começa às 8h, com concentração na Praça da Basília Santuário, em Nazaré.

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