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Idoso de 64 anos “mora” há mais de três no Hospital Municipal de Parauapebas

As empresárias Cristina Liberato e Jaqueline de Oliveira procuraram semana passada a advogada Betânia Maria Viveiros para denunciar o que elas consideram como situação de abandono em que se encontra o sexagenário Antonio da Conceição, 64 anos, o qual estaria “morando” há cerca de três anos nas dependências externas do Hospital Municipal de Parauapebas (HMP).

“Vi aquele homem deitado em bancos do hospital e quando fui dormir à noite, bem confortável em minha cama, me incomodou demais saber que uma pessoa de 64 anos está jogada, dormindo em banco de hospital público”, desabafa Cristina Liberato.

Segundo as empresárias, o idoso sofre com resquícios de hanseníase e chegou a passar um período em observação no hospital, mas, com a lotação dos leitos da casa de saúde pública, ele se viu obrigado a dormir na “cama” fria e rígida, já que não tem para onde ir, pois não possui nenhum parente na cidade.

De acordo ainda com Cristina Liberato, uma assistente social do HMP teria tentado encaminhar o caso de Antonio da Conceição para algum órgão competente, mas não obteve nenhuma resposta. Neste meio tempo, surgiu também a hipótese que o idoso sofria de alguma deficiência mental, mas as empresárias que o acompanham alegam o contrário.

Jaqueline de Oliveira justifica que ambas procuraram a advogada por entender que ela conhece muita gente na cidade e que por isso poderia fazer alguma coisa em favor do homem abandonado no hospital.

Dizendo-se impressionada com a gravidade da situação, Betânia Viveiros decidiu somar esforços para tentar uma solução para resolver o caso de Antonio da Conceição.

“Levando em consideração todo dinheiro que circula nesta cidade, é inadmissível que uma pessoa da idade dele fique ali jogada. Primeiro, que hospital não é hotel; e segundo, a prefeitura mantém diversos projetos sociais perfeitamente capazes de receber essa pessoa e dar o mínimo de dignidade”, lamenta Betânia Viveiros.

A advogada revelou à reportagem que pretende entrar com dois tipos de ação, um criminal e outro cível, para responsabilizar quem é de direito pelo abandono sofrido por Antonio da Conceição, e para obrigar o poder público a tomar uma providência.

Espera de benefício
Procurada para falar sobre o assunto, a enfermeira Michele Ferreira, coordenadora do Programa de Hanseníase, da Secretaria Municipal de Saúde, informou que o quadro de saúde do idoso está em análise para receber benefício proveniente de lei estadual que ampara pacientes acometidos por sequelas provocadas por hanseníase.

“Se não for possível o benefício do estado, seu Antonio será encaminhado para receber o BPC [Benefício de Prestação Continuada], que serve para pessoas com outras doenças e que não têm mais condições de trabalhar”, esclarece Michele Ferreira, acrescentando que o idoso já iniciou o tratamento de hanseníase por seis vezes, mas nunca concluiu.

Apresentando atualmente sequelas no nariz, nos dedos da mão e à altura do joelho direito, além de ferimento na sola do pé esquerdo, Antonio da Conceição, de acordo com a enfermeira, chegou a ser encaminhado ao Aconchego do Idoso, há dois ou três anos, mas foi rejeitado pelos usuários da instituição, sendo obrigado a retornar para o hospital, onde vive até hoje.

“Estamos tomando as medidas cabíveis para que sejam feitas todas as avaliações médicas necessárias para verificar se ele tem condições de alta”, garante César Félix, diretor geral do Hospital Municipal.

Reportagem: Vela Preta / Waldyr Silva

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