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Marabá bate recorde de desemprego, mas prefeitura bate recorde de receita

Mais de duas mil demissões de trabalhadores marcaram o ano que o município de Marabá não quer ver sequer pelas costas. Dois mil e dezesseis se foi, mas deixou como herança para 2017 um total de 2.502 pessoas na rua da amargura. Marabá vem de um sequência de três anos consecutivos de desligamentos em massa, totalizando 7.225 trabalhadores demitidos desde 2014.

Nenhum dos seus oito setores econômicos apresentou, no balanço final do Ministério do Trabalho e Emprego, saldo positivo. Ainda assim, a construção civil, o setor de serviços e o comércio são os grandes vilões, responsáveis por 74% do bota-fora de trabalhadores no principal município do Sudeste Paraense.

Na capital regional, meia dúzia de ocupações é responsável por metade das demissões. Não se encontram oportunidades nos postos de servente de obras, pedreiro, motorista de caminhão, soldador, vendedor de loja e operador de caixa. Nestes tempos de crise financeira, as retrações afetaram sensivelmente as ocupações locais com os salários mais baixos.

Por outro lado, apesar de toda a choradeira que se viu em 2016, com cortes disso e redução daquilo, a Prefeitura de Marabá foi uma das poucas do Pará a arrecadar mais dinheiro que o ano anterior. Parece contrassenso, mas, em 2016, enquanto o município bateu recorde de desemprego, a prefeitura bateu recorde de receita, com R$ 708,5 milhões arrecadados. Isso é o equivalente a 90,63% do que a prefeitura projetou (em torno de R$ 781,7 milhões), mesmo assim são R$ 35 milhões a mais em relação à arrecadação de 2015. Na vizinhança, praticamente todas as receitas municipais tiveram retração em relação a 2015, com destaque para Parauapebas, cuja redução foi da ordem de R$ 46 milhões, e Canaã dos Carajás, que caiu R$ 35 milhões de um ano para outro.

‘SONHARÚRGICA’

Atualmente, Marabá sonha com uma siderúrgica — em relação à qual um grupo argelino está para botar um ovo quadrado — e que, segundo fofocas cantadas em verso e prosa de otimismo, parece, “agora vai” e terá “20 mil empregos”. Marabá entraria para o circuito do arco norte de siderúrgicas sem relação causal de origem que começa no Ceará, prevê uma no Piauí, outra no Maranhão e a do Pará. Os mais céticos, contudo, fazem a linha de são Tomé, que só acredita vendo.

De qualquer modo, e sem qualquer espera, é urgente a necessidade de Marabá de criar alternativas que lhe resgatem a moral, devolvam o prestígio de ser uma capital regional e renovem a capacidade de gerar emprego e renda para sua população. O município, que um dia pretendeu audaciosamente ser capital de Estado, seria o lanterninha em indicadores sociais básicos, caso o sonho tivesse se tornado realidade. Hoje, o desemprego é o maior pesadelo da população local. A causa dele já cerrou portas de supermercados e lojas de departamentos, já aglutinou poderosas concessionárias a um único cubículo e já reduziu a quase nada quadros inteiros de funcionários.

Ou Marabá desperta para o futuro ou será um eterno sonâmbulo caminhando para mil anos, à margem de rios, do trem, do cobre do Salobo, da siderúrgica e daquilo que foi sem nunca ter sido seu.

Reportagem: André Santos / Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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