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Pará tem 3º maior volume de ‘raquíticos’ e 3 dos 10 mais atrasados

A 55 quilômetros da cidade de Marabá, sede do município mais dinâmico da Mesorregião do Sudeste Paraense e o oitavo melhor do Estado em progresso socioeconômico, com Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal de 0,6444 (numa escala que vai de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1, melhor), está a cidadezinha de São João do Araguaia, de cuja área municipal Marabá foi emancipado.
Em São João, que tem economia baseada em agricultura, pecuária e pesca, há somente 13,5 mil habitantes, a maioria dos quais residente na zona rural, visto que na cidade, propriamente dito, vivem não mais que 2.700 pessoas.
Mas mesmo com tamanho tacanho, a mãe de Marabá aparece nas fileiras dos dez piores municípios brasileiros em desenvolvimento, enquanto seu filho ilustre e centenário se destaca no IFDM entre os melhores em geração de emprego e renda, ao lado dos emergentes Altamira e Canaã dos Carajás, tendo sido escolhido para ser, inclusive, capital de uma quase nova Unidade da Federação.
São João do Araguaia é, por outro lado, o nono pior município nacional, colado no também paraense Bagre, décimo pior; e a alguns passos do cetro da vergonha, a caminho do qual o paroara Jacareanga está em franca aceleração: é o quinto pior do Brasil.
Com IFDM de 0,3333, é quase inexplicável o fato de um município pouco populoso, como São João, ser lanterninha num ranking que tem praticamente todos os municípios brasileiros – hoje são 5.570 ante 5.565 em 2011, ano-base da pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.
De pé desde 1779, época em que o capitão-general José Tello de Menezes perambulava pelo sudeste do Pará a mando do então governador do Grão-Pará, João Pereira Caldas, São João do Araguaia tem resistido sofrível e silenciosamente ao tempo. Mas o tempo literalmente parou em razão da incompetência de políticos que não souberam – nem têm sabido – impulsionar a economia local, fazendo uso racional da potencialidade turística incalculável que só São João possui, entre outras coisas.

TRÊS ‘SÃO’ E UM FOSSO
Trinta e duas vezes mais populoso que São João, o município de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, é o segundo colocado nacional em IFDM, com o brilhante índice de 0,9156. Encostado a Rio Preto, tem outro município paulista com nome de santo: São Caetano do Sul, com IFDM 0,9041. Aliás, o primeiro colocado nacional, com o louvado, glorioso e sugestivo nome de Louveira (0,9161), é de São Paulo, assim como todos os demais que compõem o pelotão dos dez primeiros.
No caso dos municípios “São”, nenhum dos dois paulistas (nem José do Rio Preto nem Caetano do Sul) tem as belezas do paraense João do Araguaia. Pelo contrário, muitas crises – como esgotamento de solo para plantações de café em Rio Preto e a fuga de indústrias de São Caetano para outros lugares de São Paulo e do Brasil – levaram esses municípios à revisão e à reinvenção de suas matrizes econômicas, algo que parece ser dificuldade crônica para diversos municípios paraenses, sejam eles financeiramente pobres, como São João do Araguaia, ou mais abastados, como Parauapebas.
Enquanto a mudança não chega e o faça virar a página em que consta entre os últimos dos últimos, São João do Araguaia, oficialmente emancipado e instalado em 1909, segue a caminhar a passos lentos, injustificáveis, à espera de sair da cova à qual seus representantes o confinaram por décadas sem fio de resgate.
QUE VERGONHA, MEU PARÁ!
‘Metrópole da Amazônia’ tira 3º lugar entre capitais lanterninhas

Belém, a “Cidade das Mangueiras” e “Metrópole da Amazônia”, quase foi lanterninha entre as capitais no Índice Firjan de Desenvolvimento Humano Municipal. Não fossem Maceió (IFDM de 0,6665) e Macapá (IFDM de 0,6374) para segurarem essa barra, a “Cidade Criança” estaria saltitando absoluta e serelepe como metrópole do desenvolvimento atrasado crônico – devagar, quase parando. Uma paralisia infantil a qual Belém e seu povo não merecem.
Na verdade, a “Cidade das Mangueiras”, que já chegou a ser uma das capitais mais desenvolvidas do país, não regrediu em IFDM. Ocorre, porém, que as outras capitais progrediram mais, particularmente entre 2010 e 2011, e a capital paraense acabou se assentando no fundo do busão.
Em 2011, Belém ficou na 25ª colocação entre as 27 capitais, mas esteve um pouquinho melhor no ano anterior, quando era a 24ª colocada. Sua eterna rival Manaus, que em 2010 era a 26ª, avançou à 24ª colocação, tomando-lhe, com justiça, o posto, tendo em vista que no critério em que a capital paraense mais retrocedeu (queda de 6,2% no indicador Emprego & Renda), a amazonense triunfou (crescimento de 9,5%).

TENDÊNCIA
Não dá para mascarar os dados do Pará quando é levada em conta a totalidade dos municípios. Hoje, dos 144 paraenses, 141 foram analisados – Mojuí dos Campos não entrou no levantamento porque não havia sido emancipado em 2011; Cachoeira do Piriá e São Sebastião da Boa Vista não apresentaram dados suficientes para o parâmetro Emprego & Renda. Mas mesmo com os que faltaram à chamada, as aulas de como estagnar ou patinar nas cartilhas que medem desenvolvimento algures e alhures seriam indiferentes à situação.
Em 2011, dos 500 piores municípios em desenvolvimento, 67 (ou 13,4%) eram do Pará. Só Bahia, com 182 localidades (ou 36,4%), e Maranhão, com 79 (15,8%), tinham caravanas maiores. O Piauí, com 41 municípios (8,2%) no rol dos 500 piores, ficou quietinho e passou despercebido, abrindo alas com prazer para o Pará passar com sua ruma de boas cidades mal cuidadas.
Por outro lado, dos 500 melhores municípios do Brasil, nenhum fica no Pará. E da Amazônia, apenas Tocantins e Rondônia conseguiram emplacar dois e um representantes, respectivamente. Os municípios paraenses agonizam na difícil, sinuosa, mas incansável, caminhada pelo desenvolvimento.

Reportagem Especial: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar
Foto: Arquivo

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