Em 1987, Raimundo de Abreu saiu de Bacabal, no Maranhão, disposto a ganhar a vida em Parauapebas. Na bagagem, alguns pertences pessoais, esperança e muita disposição ao trabalho. Hoje, ele é um dos 35 trabalhadores autorizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) a realizar coleta de folha de jaborandi e de sementes de espécies nativas na área.
Antes de atuar com o jaborandi, Raimundo percorreu um longo caminho. Quando começou a trabalhar com a planta, ainda desempenhou a atividade na informalidade, utilizando práticas antigas de manejo, dependendo ainda de terceiros para vender a produção e reduzindo parte do lucro.
Esse cenário começou a mudar em 2013, quando a Vale passou a desenvolver o Projeto Jaborandi, uma iniciativa realizada em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Cooperativa dos Extrativistas da Floresta Nacional de Carajás (COEX) e Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
Uma das estratégias do projeto foi tornar os próprios coletores de folhas aliados e guardiões da espécie. A iniciativa favoreceu diretamente 33 famílias cooperadas que, desde então, vivem da coleta de forma estruturada. Para a atividade dos extrativistas não representar riscos à preservação do jaborandi, foram adotadas técnicas mais sustentáveis. A principal é que as plantas passaram a ser podadas e não arrancadas, como costumava ocorrer.
Como a coleta da folha do jaborandi é uma atividade que ocorre somente em três meses do ano, existia a necessidade de criar mecanismos de geração de renda nos demais meses. Assim, um convênio firmado entre a Vale e a COEX permite a compra direta de sementes de plantas nativas para uso no desenvolvimento de mudas, recuperação de áreas e conservação das espécies. A parceria também é muito importante para o aumento da diversidade de espécies e para a conservação daquelas ameaçadas de extinção.
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