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Coluna do Alípio: “Preciso falar com você!”

Alípio Ribeiro - Colunista

Quem nunca ouviu esta frase? Você pode ser a pessoa mais santa deste mundo, a mais rica, independente, destemida; pode nunca ter feito algo errado! Mas uma frase assim mexe com seus nervos.

Imagina a situação de um filho peralta, bagunceiro, capeta, que lê uma mensagem do pai no whatsapp: “quando eu chegar em casa, quero falar com você”! Já vi este filme. O filho sai correndo atrás da mãe:

– Mãe! Me ajuda! O pai vai me matar! Alguém contou pra ele do gato da Dona Tereza! Pelo amor de Deus, mãe! Não foi culpa minha! Eu só comprei a bomba! Foi o Fabin que enfiou no c… do gato!”

– O quê? Foi você quem matou o gato da Tereza? Toma, seu moleque!

E a mãe dá uma peia pesada no filho assassino de gatos… O mequetrefe grita, esperneia, diz que não foi ele. Mas não adianta! E tome-lhe chineladas, cabadas de vassoura, tapas, puxões de orelha.

– Agora, me conta esta história direito, excomungado!

O filho, soluçando, cheio de manchas vermelhas na cara, no corpo:

– Não mãe… não fui eu. Eu falei pro Fabin não colocar a bomba 04. Era pra ser um traquinho. Mas ele é mau. Pôs logo foi a bombona no c… do gatinho. O bichin saiu correndo e explodiu! Pelo amor de Deus, mãinha! Já apanhei muito! Nunca mais faço isto. Segura o pai, mãe!

O guri, filho do Capeta com Satanás, tinha um olhar suplicante, desesperador, de arrependimento. Mãe é mãe. Mandou o filho ir para o quarto, ficar de castigo. Só que mãe tem mais experiência, maturidade. Enviou uma mensagem para o marido, perguntando o que ele queria falar com o filho. O marido respondeu que era sobre a nota do filho na escola. Que tinha ido à reunião de pais e todos elogiaram o guri. Tinha comprado um celular novo para ele. A mãe, claro, respirou aliviada. Antes de o pai chegar, manteve o filho de castigo e depois contou pra ele o que era. Mas o sermão foi grande.

Situações assim são comuns quando se ouve: “Preciso falar com você!” A melhor coisa a fazer é revisar os últimos atos para checar se foi feito algo errado. Depois, é esperar, ter paciência. Procure pensar em outra coisa. A ansiedade leva ao desespero.

Outra frase famosa é o “Tô sabendo, viu?” Principalmente, quando quem a diz te aponta o dedo e dá aquele risinho debochado! O frio na barriga é imediato! O arrepio toma conta do corpo. A voz falha. E você nem tem tempo para perguntar: “Sabendo o quê?”, pois a peste que te disse isto já está longe! Para completar, quem te disse isto não está na sua lista de contatos. Aí você começa a mandar mensagens para tudo que é contato na ânsia de descobrir o que o outro sabe. Não há coisa alguma para saber, mas a destrutiva frase já acabou com você. E você não dormirá enquanto não descobrir o que aquela desgraça disse com o “Tô sabendo”!

Eu já não me preocupo mais. Andei tão errado na minha vida que quando ouço isto, fico tranquilo esperando a punição. Elogios são tão raros… As pessoas estamos muito negativas atualmente. Ao pensar nisto, tenho evitado chegar à minha casa reclamando das coisas. Evitado! É difícil não reclamar. É mijo de cachorro na casa, torneira pingando, lixo no chão, o pão que acabou, a roupa que não foi lavada, a água que esqueceram de por na geladeira… Tanta coisinhazinha… E haja reclamação, indignação, xingamentos. Tenho que dar um basta nisto!

Pactuei com minha esposa. Vamos reclamar menos e agradecer mais. Estamos vivos afinal. Se estamos doentes, com dívidas para pagar, com merda de cachorro para limpar, com torneira para consertar, são consequências dos nossos atos, de estarmos vivos! É difícil, mas é a prova de que estamos aqui e que podemos reparar tudo. Tenho me esforçado. E tenho melhorado a cada dia…

E você? Estou sabendo, viu?

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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