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Insegurança alimentar atinge mais de 60% de famílias no Pará

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, que revela um perfil da segurança alimentar das famílias brasileiras. Na região Norte, 57% das famílias encontravam-se em situação de insegurança alimentar, na época da pesquisa. Dessas, 10,2% sobreviviam em estado de insegurança alimentar considerada “grave”, em que a fome não poupa nem mesmo as crianças das famílias pesquisadas. Só no Pará, mais de 1,4 milhão de famílias enfrentavam algum nível de insegurança alimentar em seu cotidiano, sendo 258 mil classificadas no último nível de gravidade.

Essa é a primeira vez que a POF oferece dados de acordo com a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), segundo a qual são consideradas dentro da “Segurança alimentar” famílias com acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Já a “Insegurança alimentar” é dividida em três níveis: leve, quando há preocupação ou incerteza quanto ao acesso a alimentos no futuro ou quando a qualidade dos alimentos é inadequada por causa de estratégias para garantir a quantidade necessária de comida; moderada, quando os adultos da família precisam reduzir a quantidade de alimentos ou têm rupturas nos seus padrões de alimentação por falta de alimentos; e, por fim, a grave, quando a redução de alimentos ou ruptura nos padrões de alimentação atinge, além de adultos, também crianças.

A insegurança alimentar grave é mais preocupante no Norte do país, onde 10,2% das famílias viviam nessa condição à época da pesquisa. Em seguida, Nordeste (7,1%), Centro-oeste (4,7%), Sudeste (2,9%) e o Sul (2,2%). Entre as 57% de famílias do Norte consideradas em insegurança alimentar, 31,8% eram de nível leve, 15% de nível moderado (além dos 10,2% de nível grave).

No Pará, gozava de segurança alimentar apenas 38,8% da população (910 mil famílias), restando 61,2% das famílias paraenses (1.437 milhão de famílias) vivendo em algum nível de insegurança alimentar. Desses, 34,1% (800 mil famílias) foram classificados no nível leve; 16,1% (379 mil famílias) no nível moderado; e 11% (258 mil famílias) viviam em situação grave.

Entre os estados da região Norte, o que alcançou os maiores percentuais de sua população vivendo em segurança alimentar foi Rondônia (63,7%), seguido de Roraima (60,4%), Tocantins (54,4%), Acre (41,3%) e Amapá (40,6%). O Pará ficou em sexto lugar (38,8%), à frente apenas do Amazonas (34,5%).

NORTE: mais pescado e menos frutas, legumes e verduras

A pesquisa também traz dados sobre a aquisição alimentar domiciliar per capita mensal. Na região Norte, destacavam-se os seguintes grupos de alimentos: Bebidas e infusões (35,8 kg), Bebidas não alcoólicas (30,6 kg), Cereais e leguminosas (26,7 kg), Carnes (21,5 kg), Cereais (21,4 kg) e Água mineral (21,2 kg).

Já a aquisição de frutas registrou 13,8 kg, abaixo da média brasileira (26,4 kg). Nas famílias com insegurança alimentar grave, as despesas com frutas alcançaram R$ 7,65, quase três vezes menos que no grupo de segurança alimentar (R$ 18,48). A despesa com legumes e verduras registrada na região Norte foi a menor entre todas as regiões: R$ 10,62, enquanto a media nacional foi de R$ 16,07.

A quantidade média de pescado consumido no Norte foi de 9,8 kg, acima das demais regiões e da média Brasil (2,7 kg). Os grupos Aves e ovos (19,9 kg); Farinha, féculas e massas (17,8 kg); e Cocos, castanhas e nozes (9,5 kg) apresentaram as maiores médias na Região Norte.

A presença do arroz polido foi marcante tanto nas famílias com segurança alimentar (19,6 kg) quanto nas famílias com insegurança alimentar (16,3 kg); seguida de Aves (18,7 kg) e ovos (21,3 kg). Os laticínios foram mais adquiridos nos domicílios com segurança alimentar (17,1 kg). Onde havia insegurança alimentar grave a média foi de 6,1 kg ao mês.

O maior gasto com alimentação fora do domicílio foi registrado nas famílias com segurança alimentar (R$ 149,42). Aquelas em situação de insegurança alimentar grave tiveram maiores despesas com o grupo “carnes, vísceras e pescados” (R$ 116,00), seguido da “alimentação fora do domicílio” (R$ 79,11). Já o grupo “cereais, leguminosas e oleaginosas” apresentaram gasto médio de R$ 24,78 nos dois grupos.

Entre os tipos de despesas pesquisadas, os que apresentaram menores índices na região Norte foram Orgânicos (R$ 0,04) e Light e diet (R$ 0,07).

Quanto aos rendimentos, as famílias nortistas em situação de segurança alimentar conseguiam ter rendimento total de R$ 4.569,37 ao mês. Entre as famílias que viviam em insegurança alimentar, as de nível leve alcançavam rendimentos totais de R$ 3.030,78; as de nível moderado, R$ 2.330,51; e as de nível grave conseguiam ter R$ 1.780,34 de rendimentos totais ao mês.

Quanto às despesas, na região Norte, famílias em situação de insegurança alimentar grave gastavam mensalmente uma média de R$ 39,15 em educação, enquanto as classificadas em “segurança” gastavam R$ 83,39. Em recreação e cultura, as famílias em situação “grave” conseguiam investir apenas R$ 32,73, enquanto as em segurança gastavam 67,26. “Despesas diversas” (comunicação, serviços profissionais etc), também mostra grande disparidade entre as famílias: nas de situação grave eram gastos R$ 33,59, enquanto nas de segurança alimentar o gasto era de R$ 63,63. Em “outras despesas correntes” (impostos, previdência privada, pensões etc), famílias em situação grave gastavam R$ 74,43, enquanto as em segurança gastavam R$ 330,25 ao mês.

POF

A POF é uma pesquisa domiciliar por amostragem realizada em domicílios particulares de áreas urbanas e rurais de todo o país. Os dados dessa pesquisa servem para calcular os índices de preços, conhecer as condições de vida da população a partir do consumo e orçamento das famílias, além de ser base para estudos sobre pobreza e desigualdade e sobre segurança alimentar e nutricional.

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