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Primeira fase do Residencial Vila Nova vai beneficiar 230 famílias de menor renda

Oriundas de áreas de risco de Parauapebas, 650 famílias de menor renda do município já selecionadas para o Residencial Vila Nova vão receber nos próximos meses a tão sonhada casa própria. Localizado ao lado do Residencial dos Minérios, na divisa com o bairro Cidade Jardim, o Vila Nova é desenvolvido pela Prefeitura de Parauapebas, em parceria com o Governo Federal.

A primeira fase do projeto, que compreende 230 unidades habitacionais, será entregue no mês de maio. A dona de casa, Raislane Ferreira Barros, que aguarda há algum tempo pela casa própria, não vê a hora de receber a moradia. “A minha expectativa é muito grande para entrar na minha casa. Tenho dois filhos e a gente sempre sonha em ter um cantinho”, diz. Quem também aguarda com muita expectativa pela entrega do empreendimento é a dona de casa, Rafaela de Jesus Neves da Silva. “Não vejo a hora de sair do aluguel, de poder dormir na minha casa sossegada”, almeja.

O Residencial Vila Nova é um projeto do Programa Minha Casa Minha Vida, Faixa I, que abrange famílias com renda mensal de até R$ 1.600,00. Nesse empreendimento, a Prefeitura de Parauapebas promoveu melhorias na infraestrutura e no paisagismo da obra. O empreendimento dispõe de unidades habitacionais de 41,42 m2.

“O Residencial Vila Nova é muito bem localizado. As famílias irão morar num lugar que já está bem estruturado, com equipamentos comunitários prontos, com uma estrutura de unidade de saúde bem perto do empreendimento”, destaca a secretária de Habitação, Eliane de Andrade Corrêa.

Assinatura dos Contratos

Nos dias 29 e 30 de março, a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) e representantes da Caixa Econômica Federal, de Marabá, colocaram à disposição das famílias selecionadas para o Residencial Vila Nova os contratos das moradias. A assinatura dos documentos ocorreu no Centro de Desenvolvimento Comunitário do Alto Bonito, na PA-160, local escolhido para atender adequadamente e com comodidade as famílias. Conforme planejamento da Secretaria Municipal de Habitação, após a assinatura dos contratos, as famílias farão o check-list das unidades habitacionais, no sentido de verificar se o imóvel está em condições adequadas para moradia.

Reportagem : Jéssica Borges

Conflito agrário: 20 anos após massacre, tensão persiste em Eldorado dos Carajás

Passadas duas décadas do massacre em que 19 trabalhadores sem-terra foram mortos pela Polícia Militar, a região de Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, volta a ser o centro das atenções da comunidade internacional dedicada à luta no campo e permanece uma das áreas de maior tensão no meio rural brasileiro.

Como em todos os anos, as 690 famílias sobreviventes que hoje vivem no assentamento 17 de abril participam de um ato ecumênico na curva do “S”, na BR-155, onde ocorreu o massacre. Lá, 19 castanheiras foram plantadas em homenagem às vítimas da chacina.

Este ano, juntam-se a eles dezenas de representantes de movimentos em defesa da reforma agrária que vieram de países da África, Ásia, América Latina e Europa. “Eldorado dos Carajás é um evento emblemático para a comunidade internacional que luta pela reforma agrária, que abriu nossos olhos para a necessidade de globalizar a luta”, disse Faustino Torrez, da Asociación de Trabajadores del Campo (ATC), da Nicarágua.

A grande comoção mundial gerada pela dramaticidade do massacre – no qual os legistas apontaram a ocorrência de execuções à queima roupa de camponeses, além de trabalhadores mutilados após serem perseguidos pelos policiais até as barracas nas quais acampavam à beira da estrada – levou o dia 17 de abril a se tornar o Dia Internacional de Luta no Campo.

O ato realizado neste domingo pede também pelo fim da impunidade no campo. Até hoje, dos 154 policiais militares denunciados pelo Ministério Público, apenas dois foram condenados por homicídio doloso e encontram-se presos, o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira, que comandaram a ação no dia do massacre.

A falta de punição dos envolvidos é apontada como uma das principais razões pelas quais a região de Eldorado dos Carajás continua entre as mais tensas do campo brasileiro. De acordo com um levantamento feito pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), dos 846 assassinatos registrados na região entre 1980 a 2014, apenas 293 tiveram inquérito policial instaurando. Desses, 62 pessoas foram levadas a julgamento.

“O massacre acabou estimulando ainda mais a luta dos camponeses na região pela disputa da terra. Por outro lado, também resultou numa continuidade da situação de violência. Apenas após o massacre, de 1996 para cá, a CPT registrou 271 assassinatos de trabalhadores rurais no estado do Pará, sendo a maioria absoluta nessa região do sul e sudeste do estado”, disse João Batista Afonso, coordenador da área jurídica da Pastoral em Marabá, maior cidade da região.

Segundo a CPT, existem no momento 130 fazendas ocupadas por acampamentos do MST no sul do Pará. Enquanto algumas dessas ocupações foram montadas nos primeiros meses deste ano, outras já completam duas décadas sem que se tenha sido resolvido o impasse pela disputa de terras. Estima-se que proximadamente 14 mil famílias estejam acampadas ou aguardando por assentamento na região.

Para o procurador do Ministério Público Federal Felício Pontes, que há mais de uma década atua na conciliação de conflitos no Pará, a tensão na região é resultado do modelo de desenvolvimento implantando nos arredores de Eldorado dos Carajás, baseado na extração mineral.

“Com essa crise econômica, agravada pela queda do preço das commodities minerais, diminuiu muito a produção e houve uma retração na economia dessa região”, disse Pontes. Com isso, as pessoas que chegam em busca de emprego e não conseguem voltar buscam sobrevivência em terras públicas, muitas vezes reivindicadas por posseiros. “Enquanto persistir esse modelo, a violência vai continuar”, avaliou.

Reportagem: AB

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