Era por volta das 10h00 da manhã desta terça-feira (17) quando membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) interditaram um trecho da Rodovia BR-155, mais precisamente na “curva do s”, local onde foi registrado há 22 anos o chamado “Massacre de Eldorado do Carajás”, onde na oportunidade, vários trabalhadores rurais foram mortos em confronto com a Polícia Militar.
De acordo com o repórter cinematográfico Dailson Gomes, da RBATV Parauapebas, que se encontra no local juntamente com outros profissionais de imprensa, ainda não se tem previsão de quando a estrada será liberada e o tráfego de veículos voltará ao normal.
Anda de acordo com o profissional de imprensa, a manifestação faz parte da programação do evento que ocorre durante todos os anos em lembrança ao “Massacre de Eldorado do Carajás”.
RELEMBRE O MASSACRE DE ELDORADO DO CARAJÁS
Foi na manhã do dia 17 de abril de 1996 que o sangue de 19 trabalhadores rurais manchou as terras do trecho conhecido como “curva do S”, da atual BR-155, no município de Eldorado do Carajás, sudeste paraense. Acampados no local há dias, lavradores exigiam a desapropriação da Fazenda Macaxeira, quando decidiram marchar pela rodovia em direção à capital paraense.
De um lado, 1.500 manifestantes munidos com palavras de ordem e suas características ferramentas de trabalho (foices e facões). Do outro, 150 policiais militares, sem identificação em seus uniformes, fortemente armados e decididos a não deixar ninguém passar.
Do gabinete do ex-governador, Almir Gabriel (PSDB), partia a ordem para a desobstrução da rodovia. O cerco policial foi iniciado com os policiais comandados pelo Coronel Pantoja, de Marabá, e por uma tropa comandada pelo Major Oliveira, de Parauapebas.
Não demorou muito até o manifesto ser palco de um verdadeiro massacre com os disparos das bombas de gás lacrimogêneo e as munições de revólveres e metralhadoras totalmente descarregadas. Sem a menor chance de defesa, 19 trabalhadores morreram e 70 ficaram feridos; nenhum dos 150 policiais envolvidos teve sequer um arranhão.