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Prestes a completar 28 anos, a maior parte deles de intenso dinamismo econômico e alvo de insana cobiça, Parauapebas chega a um aniversário enfraquecido pelas marcas do tempo e da vaidade de muitos de seus administradores – alguns dos quais nem aqui quiseram viver, ou dizem que vivem, mas vegetam lá fora.

O tempo está tratando de mostrar a seus munícipes que o minério não é eterno e que é preciso criar alternativas urgentes que fujam à dependência da mineração, sabendo aproveitar seu legado financeiro (os royalties) no presente para criar condições de alento e sobrevivência às gerações vindouras.

Sede da principal frente de operações da mineradora multinacional Vale, Parauapebas é, desde 2004, o município que mais produz minério de ferro no Brasil e, na condição de unidade territorial isolada, o principal sustentáculo da economia chinesa, que tem na indústria de transformação de ferro em aço o termômetro de crescimento.

Enquanto dá prazer a empresas e países, Parauapebas sofre profundas contradições que seriam resolvidas com o mínimo de bom senso. Demandas irrisórias foram se arrastando e se acumulando por décadas e hoje são verdadeiros abacaxis para gestores e candidatos que miram a chave do segundo cofre mais forte do Pará.

Com aproximadamente 200 mil habitantes estimados para 2016, os gargalos de um dos municípios mais ricos do Brasil são metropolitanos. Para piorar, a produção de riquezas – em valor final – dá sinais de enfraquecimento. Sobram desempregados e encrencas sociais de toda ordem para administrar. Zelar pelo 35º município mais rico do país, que tem a 49ª prefeitura mais poderosa, não é tarefa fácil.

EXPORTAÇÕES

Nos quatro primeiros meses deste ano, a mineradora Vale extraiu e vendeu do aniversariante Parauapebas 43,72 milhões de toneladas (Mt) de minério de ferro, a preço de 1,05 bilhão de dólares. Tudo certo: a empresa (e o município) vive disso – de extrair as riquezas minerais do Complexo Minerador de Carajás.

Contudo, no comparativo do primeiro quadrimestre deste ano com o mesmo período do ano passado, a depreciação do produto parauapebense no mercado internacional é de assustar. Isso porque a Vale extraiu menos minério no ano passado (foram 35,34 Mt de janeiro a abril de 2015) e negociou a um custo melhor (1,36 bilhão de dólares). Os dados foram revelados ontem, quinta-feira (5), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Em manganês, a Vale já retirou de Parauapebas 399 mil toneladas (contra 267 mil toneladas em 2015), ao custo de 18,8 milhões de dólares (ante 27,2 milhões no ano passado).

O preço internacional das commodities derrubou os produtos do município, considerados alguns dos melhores recursos minerais do mundo em grau de pureza.
Parauapebas saiu do topo das exportações (ocupa o sexto lugar agora), bem como do pódio do lucro (encontra-se em segundo lugar em se tratando de superávit).

Diferentemente da imensa maioria dos municípios brasileiros, a economia de Parauapebas gira em torno do mercado internacional de commodities, que tem na China (consumidor de primeira ordem) e na Inglaterra (sede de bolsa de produtos minerais) as principais referências para as transações. A indústria extrativa mineral (leia-se: a Vale) gera 76 centavos de cada R$ 1 produzido em riquezas por Parauapebas.

ROYALTIES

Também ontem (5), caiu na conta-corrente da Prefeitura Municipal de Parauapebas a cota-parte da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem), o famoso royalty de mineração. O valor, de R$ 11,47 milhões, é o segundo menor do ano e se refere à lavra de minérios efetuada no mês de março. Com o preço do minério de ferro atualmente na casa de 60 dólares a tonelada, mas com perspectiva de cair em médio prazo, a Cfem mensal deve estacionar na casa dos R$ 10,5 milhões, praticamente um terço do que caía na conta dois anos atrás.

Este é um dos aniversários mais “pobres” de um município que, atualmente, enfrenta um processo de esvaziamento demográfico e superconcentração de problemas sociais, entre os quais o desemprego, que acumula quase 36 mil vítimas, e a violência, que tornou a microrregião uma das mais assassinas do Brasil. Oremos.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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