Especialistas alertam para os riscos emocionais e sociais desse fenômeno cada vez mais presente na sociedade
O termo adultização vem ganhando destaque em debates sociais e educacionais no Brasil. Ele se refere ao fenômeno em que crianças e adolescentes passam a assumir responsabilidades, comportamentos ou pressões do mundo adulto precocemente, deixando de viver integralmente as fases da infância e adolescência.
Esse processo pode acontecer de forma silenciosa, no ambiente familiar, escolar ou até mesmo nas redes sociais, e traz consequências significativas para o desenvolvimento emocional, social e psicológico dos jovens.
Como a adultização acontece
A adultização pode se manifestar de várias formas:
- Responsabilidades domésticas ou financeiras além do esperado para a idade, quando crianças precisam cuidar da casa ou até mesmo dos irmãos;
- Exposição à sexualização precoce, por meio de conteúdos em redes sociais, músicas, roupas ou pressões sociais;
- Cobrança por desempenho em níveis semelhantes aos de adultos, seja nos estudos, no esporte ou em atividades extracurriculares;
- Falta de vivência lúdica, quando a criança deixa de brincar, explorar e experimentar a infância para assumir posturas “maduras”.
Consequências emocionais e sociais
De acordo com psicólogos e educadores, a adultização pode gerar efeitos duradouros:
- Ansiedade e estresse: o excesso de responsabilidades cria uma carga emocional que a criança não está preparada para lidar;
- Comprometimento da autoestima: a comparação com padrões adultos pode levar a frustração;
- Perda da infância: a ausência do brincar, do tempo livre e da vivência infantil empobrece a experiência de crescimento;
- Riscos sociais: a sexualização precoce pode expor crianças a situações de violência e exploração.
O papel da sociedade e da família
Especialistas destacam que combater a adultização exige uma rede de apoio que envolva famílias, escolas e instituições públicas. É papel dos adultos proteger e respeitar cada fase da vida, garantindo que crianças tenham espaço para brincar, errar, aprender e amadurecer naturalmente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegura que jovens têm direito a uma infância plena, livre de exploração e pressões indevidas. A violação desse princípio pode caracterizar negligência e até configurar crime, dependendo da situação.
Um fenômeno contemporâneo
Em tempos de redes sociais, reality shows e forte exposição digital, a adultização se torna ainda mais evidente. Meninas e meninos, muitas vezes incentivados por familiares ou influenciadores, são pressionados a adotar comportamentos adultos — desde aparência até linguagem — antes de estarem preparados para isso.