Após três anos de planejamento silencioso, Márcio Penha e Gisele Araújo venceram sol, chuva e areião para realizar sonho acompanhado por orações e apreensão da família

O que começou como um plano guardado a sete chaves durante três anos transformou-se em uma das jornadas mais emocionantes das estradas da região. No último sábado (13), o casal Márcio Penha e Gisele Araújo partiu de Parauapebas com um objetivo ambicioso: pedalar até Carolina, no Maranhão. Foram 419 quilômetros de uma aventura que testou os limites do corpo, mas fortaleceu os laços do coração.
A cicloviagem, revelada à família apenas às vésperas da partida, foi concluída com sucesso, deixando para trás um rastro de superação e histórias que emocionaram quem acompanhou cada pedalada à distância.
Desafios e “anjos” pelo caminho
O percurso não deu trégua. O casal enfrentou uma verdadeira maratona de obstáculos: estradas de chão batido, trechos pesados de areião, ladeiras que pareciam não ter fim e a instabilidade do clima, variando entre o sol escaldante e chuvas intensas.
Em um dos momentos mais críticos, enfrentaram 93 quilômetros sem acesso a água e lidaram com pneus furados. “Aconteceu de tudo. Mas estávamos juntos, e isso fez toda a diferença”, relatou Gisele Araújo. Ela conta que, nos momentos de maior cansaço, surgiram pessoas que descreveu como “anjos” — desconhecidos que ofereceram ajuda e palavras de incentivo no tempo certo.
O combustível da fé e os ensinamentos de pai
Enquanto o casal vencia os quilômetros, a preocupação viajava junto em duas cidades diferentes. Em Imperatriz (MA), o pai de Gisele, Francisco Itaércio, lidava com a apreensão. Apesar do susto inicial, ele deu a bênção baseada em um ensinamento que a filha levou como lema para a estrada: “Eu não pretendo viver muito tempo, eu só quero viver muito o tempo todo”.
Já em Parauapebas, a mãe de Márcio, Dona Terezinha Penha, transformou a ansiedade em intercessão. Diante de seu altar, ela acompanhou cada etapa com o terço na mão e uma frase que se tornou o escudo espiritual dos ciclistas: “Maria passa na frente”. A cada mensagem recebida confirmando que o casal estava bem, era um alívio para o coração da mãe devota.
A chegada em Carolina e o apoio da comunidade
A estrada cobrou seu preço até o último instante. No quarto dia, a bicicleta de Márcio começou a apresentar problemas mecânicos graves, mas, por uma providência que ele atribui ao divino, o equipamento só “entregou os pontos” após o objetivo principal ter sido alcançado. “Deus quis que ela quebrasse só depois da chegada. Chegamos a Carolina, e isso foi inesquecível”, celebrou Márcio.
Além da família, o grupo de ciclismo Amigos da Ladeira, de Parauapebas, foi fundamental. Através de mensagens e ligações, os colegas ciclistas pedalaram “junto” à distância, enviando o incentivo necessário para os momentos em que o desgaste físico batia à porta.
A jornada de Márcio e Gisele termina no balneário Queda d’Água para um merecido descanso, mas a lição que fica para Parauapebas é eterna: a vida é feita de momentos intensos e sonhos que, com fé e parceria, podem atravessar fronteiras.
Com informações do CKS Online























