A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) classificou a Centrais Elétricas do Pará (Celpa) como a oitava pior companhia de energia do País. A agência registrou a Celpa com o 28º pior Indicador de Desempenho Global de Continuidade (DGC) entre as grandes distribuidoras no Ranking Continuidade do Serviço 2014. O DGC é calculado pela razão entre os valores apurados e limites anuais da Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (DEC) e da Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC).
A empresa nortista foi a 3ª companhia com mercado superior a um terawatts-hora (TWh) que mais deixou seus consumidores sem luz em 2014, e a 3ª distribuidora de energia de grande porte com mais interrupções. Os baixos índices de qualidade nos serviços prestados pela Celpa se repetem há, pelo menos, cinco anos. Em 2012, o antigo comando da empresa, o Grupo Rede, chegou a ajuizar um pedido de recuperação judicial, com a alegação que os investimentos exigidos pela Aneel estavam impactando o fluxo de caixa da companhia.
Diante desse quadro de falência, a Equatorial Energia fechou contrato para a compra da distribuidora paraense, por apenas R$ 1, assumindo 39,1 milhões de ações de emissão da Celpa. Entretanto, não houve melhora. A qualidade do serviço prestado pela empresa despencou ainda mais. Em 2013, por exemplo, a Celpa recebeu o inglório título de pior concessionária do País, com média recorde, por cada unidade consumidora, de 73,29 horas sem luz e de quase 38 interrupções de serviço no ano.
Ranking
O Ranking Continuidade do Serviço de 2014 foi divulgado na semana passada. Segundo a Aneel, a publicação do indicador DGC tem impacto na imagem das distribuidoras perante a opinião pública, com influência na percepção de consumidores, acionistas, imprensa e sociedade em geral.
Portanto, a agência espera com essa publicação alertar as distribuidoras nas piores colocações, para que elas reajam a tal diagnóstico, procurando uma melhor posição na próxima avaliação. Por outro lado, aquelas bem posicionadas devem se esforçar ainda mais para manterem ou melhorarem as posições no ranking. A Aneel quer estimular uma competição saudável, contribuindo para a melhoria da prestação dos serviços de distribuição de energia elétrica no Brasil.
A publicação do indicador DGC também contribui para aumentar a transparência do processo de gestão dos indicadores de continuidade e fomentar o envolvimento da sociedade neste processo. Além disso, acompanha as melhores e mais recentes práticas internacionais, incorporando-as à realidade nacional.
A lista classificatória é dividida em dois grupos: distribuidoras grandes e pequenas. As grandes são aquelas com mercado superior a 1 TWh, enquanto as pequenas são aquelas em que o mercado é menor ou igual a este valor. A Aneel exige que todas as distribuidoras certifiquem o processo de coleta e apuração dos indicadores de continuidade DEC e FEC, com base nas normas da Organização Internacional para Normalização (International Organization for Standardization) ISO 9000.
Outro ponto importante se refere às distribuidoras que suprem cargas localizadas em sistemas elétricos isolados – não conectados ao Sistema Interligado Nacional – SIN. Para essas distribuidoras, há critério diferenciado de definição de limites dos indicadores DEC e FEC, face às particularidades relacionadas ao difícil acesso e à dispersão dos consumidores, conforme metodologia estabelecida pela Aneel.
No mercado maior que 1 TWh, as melhores colocadas foram a Companhia Luz e Força Santa Cruz (CPFL Santa Cruz, SP), seguida da Companhia Energética do Ceará (Coelce) e da Companhia Energética do Maranhão (Cemar). A distribuidora que mais evoluiu foi a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig-D) com um avanço de dez posições em comparação com o ano de 2013. As três piores foram a Companhia Energética de Goiás (Celg-D), em 36º lugar, a Companhia Energética de Alagoas (Ceal), em 35º, e a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), em 34º.
Reportagem: ORM News