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Coluna do Lima Rodrigues – 1 de agosto de 2018

Projeto Homenagem Especial “Seu” Salviano, o homem de 45 bisnetos e 8 tataranetos

O cearense Francisco Salviano Santos, de 86 anos, e a esposa dele, Terezinha Andrade Santos, que morreu em abril do ano passado, “levaram a sério” a orientação dada por Deus na Bíblia e tiveram 14, filhos, 39 netos, 45 bisnetos (em agosto nascerá a 46ª bisneta) e 8 tataranetos.
Em Gênesis, primeiro livro tanto da Bíblia Hebraica como da Bíblia cristã está escrito: “Então, disse Deus: (…) Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou e lhes disse:
– Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra”. (…).

O nascimento

“Seu” Salviano, como ele é mais conhecido, nasceu dia 29 de setembro de 1931 na zona rural do município de Milagre (CE). É filho de João Salviano dos Santos e de Maria Antônia de Dejesus, que eram agricultores. Os pais dele tiveram 7 filhos no total, mas três morreram e 4 irmãos estão vivos para confirmar a história que será contada, em detalhes, a seguir:

Pedreiras

Quando “Seu” Salviano tinha apenas 1 ano de idade, a família dele mudou-se do Ceará para o Centro 3 Machados, atualmente Centro do Salviano, em homenagem à sua família, no município de Pedreiras (MA).

Saber divino

Apesar de falar bem, ser bem articulado e se expressar muito bem, ele nunca estudou e até mostrou sua carteira de identidade com a assinatura representada pelo polegar direito. Mas o jovem Salviano sempre foi muito trabalhador e ajudava os pais na lavoura de milho, de arroz e de outras culturas em terras férteis maranhenses. Teve o ensino da vida. E aprendeu só as coisas boas. “Sempre tive o saber divino”, declarou com firmeza, o sertanejo de origem católica.

O namoro

O rapaz Salviano era namorador. Desde garoto gostava de ir para as festas dançar e namorar, “com todo respeito com as moças da região”. Mas quando tinha 22 anos sua vida de namorador acabou e ele passou a ser um homem de somente uma mulher.
Um belo dia, bem vestido, cabelo bem penteado e perfumado, aquele jovem franzino, de 22 anos, estava em uma cantoria de viola. A festa ia animada, uma bebida aqui e outra ali para reforçar o fôlego, quando de repente se encantou com uma moça muita bonita, de apenas 14 anos. Jeito de menina, mas já com ares e responsabilidade de mulher madura. Era Terezinha, filha de João Pereira e de dona Vitória, casal muito respeitado e querido no município de Pedreiras.

Após umas sérias trocas de olhares, Salviano chamou Terezinha para dançar, conversaram pouco – ela era tímida – e ele foi logo perguntando:
– Você veio de onde?
– Vim da Paraíba para morar com meus tios, disse a moça.
– Menina, e tu veio da Paraíba para o Maranhão com qual sentido?
– Vim para viver aqui e ser feliz, respondeu Terezinha.
Quase que o casamento não acontece porque uma tia de Salviano por pouco não colocou tudo a perder:
– Minha filha, não se case com meu sobrinho porque ele é muito namorador, alertou a tia dele.

Rapaz honrado e de família também respeitada, dois dias depois Salviano saiu de casa com o pensamento firme em provar para sua tia que queria ser feliz e viver para o resto da vida com aquela moça. Foi lá e pediu para os tios de Terezinha para se casar ela. Eles solicitaram autorização dos pais dela lá na Paraíba e o casamento foi autorizado.
Enquanto a documentação não chegava, o período de namoro durou apenas três meses. Eles se conheceram em junho na festa e, com as devidas autorizações dos pais, Francisco Salviano e Terezinha Santos se casaram em 26 de setembro de 1953 no município de Pedreiras.
“Minha tia depois pediu perdão por ter dito que eu não queria ter um caso sério com a moça”, lembra ele.

Os filhos

A primeira filha, Maria de Fátima Andrade Santos nasceu em 1954 lá mesmo em Pedreiras, que, àquela época, já era uma importante cidade do Maranhão. Depois, nasceram mais seis filhos também em Pedreiras. Três filhos morreram ainda crianças.

Imperatriz

Dia 25 de julho de 1967 o casal e sete filhos chegaram a Imperatriz (MA), após enfrentar uma longa viagem de Pedreiras até a nova grande cidade que surgia no sul do Maranhão. No dia seguinte, 26 de julho de 1967, o jovem Salviano, a mulher e os filhos amanheceram na casa de sua tia Rosa, irmã da mãe dele, lá no povoado São Bento, pertinho do Imbiral, famoso na região tocantina por sua bela praia, no município de Imperatriz. Conversou com a tia e passou a trabalhar na roça, diariamente, com muita dedicação, ajudando a família da tia. O trabalho era pesado, mas ele tinha força, garra e vontade de construir uma grande família com saúde e paz.

Mais filhos…

Em São Bento, dona Terezinha teve mais sete filhos. Aos poucos Salviano foi ganhando dinheiro e no primeiro semestre de 1970 comprou parte do sítio de sua tia Rosa e um terreno na Rua Godofredo Viana, no centro de Imperatriz. Em 1981-1982 construiu a casa para a família com o pouco dinheiro que ganhou no garimpo de Serra Pelada, hoje um distrito do município de Curionópolis, no sudeste do Pará. Os filhos estudaram as primeiras lições lá mesmo na região do Imbiral e depois em escolas de Imperatriz, onde cresceram, se casaram e constituíram suas famílias. Hoje, o filho mais novo do casal Salviano e Terezinha tem 39 anos.

Nasceu de novo

“Seu Salviano” disse que nasceu de novo dia 4 de julho de 1983, após ser soterrado por um barranco no garimpo de Serra Pelada, ter ficado desacordado por algum tempo, coberto de areia e ter sido salvo pelos companheiros e depois levado de avião para Imperatriz e ser atendido no antigo Hospital São Raimundo, na Avenida Getúlio Vargas. “Eu me peguei com Deus. Senti o que meu espírito saiu e só voltei a respirar quando descobriram meu coração”, comentou, se referindo aos primeiros socorros que recebeu do Corpo de Bombeiros. (O Garimpo de Serra Pelada, à época, contava uma forte estrutura montada pelo governo federal com policiamento, bombeiros, agência da Caixa Econômica Federal (para comprar o ouro dos garimpeiros) e um posto da Companhia Brasileira de Abastecimento, entre outros órgãos federais e do estado do Pará. O garimpo a céu aberto foi fechado oficialmente em 1992 pelo então presidente Fernando Collor de Melo).

A morte da esposa

O casamento durou 63 anos de muita união, amor e respeito. “Só acabou porque Deus levou minha Terezinha em 11 abril do ano passado, aos 79 anos”, disse, emocionado, “Seu” Salviano, durante a entrevista concedida ao lado da filha Lúcia. Aliás, a Lúcia ajudou na contagem e na conferência do total de integrantes da grande família. E bota grande nisso!

Confira os números:

São 14 filhos e 39 netos. A mais nova neta tem um pouco mais de 2 anos e se chama Ana Luisa; e 45 bisnetos. A mais nova bisneta é a Maria Fernanda, de apenas dois anos. Este número mudará para 46 agora em agosto com a chegada de mais uma bisneta. E 8 tataranetos. Eu disse: 8 tataranetos. A mais nova tataraneta é a Mariele e tem apenas dois meses de vida. “Me sinto muito feliz porque todos gostam de mim”, afirmou.

Orientação do pai

“Meu filho, um homem quando casa tem que ter pelo menos dez filhos, para ter pelo menos um que olhe para ele”, declarou “Seu” Salviano, lembrando a frase dita pelo seu pai, João Salviano. Ele disse que não se arrepende de nada na vida, porque nunca fez nada de errado e que era muito trabalhador e sempre criou os filhos com respeito, carinho e dedicação. “Criei meus filhos sem brigar com eles. Só na base do olhar e todos me respeitam”, alertando que, “quem respeita, quer respeito”. E completou: “Um homem que tem respeito e fé em Deus, vive muito”.

Alegria

“Seu Salviano” disse que a maior alegria da vida era sempre quando reunia a maior parte da família para comemorar seu aniversário e quando comemorava o aniversário de Dona Terezinha, além das festas de fim de ano, especialmente no Natal.

Tristeza

E o momento mais triste de sua vida foi quando recebeu a notícia da morte de sua esposa. “Nunca levantei um dedo para ela. Tinha muito amor por aquela grande mulher. Era uma grande companheira”, revelou, sempre demonstrando emoção e carinho por dona Terezinha.

Sorridente e feliz (apesar do semblante ficar triste quando fala da esposa), “Seu” Salviano disse que se considera um homem realizado e feliz, mesmo não tendo frequentado escola em sua vida. “Na minha família todo mundo estudou e estuda. Tenho filhos e netos já formados em várias áreas. Temos advogados, enfermeiras, engenheiros, nutricionistas, especialistas em informática e tantas outras profissionais”, afirmou, orgulhoso e feliz o cearense-maranhense Francisco Salviano Santos, com os seus quase 87 anos de vida (faz aniversário em 29 de setembro). Bem vividos.

Gosto pela roça

Até hoje, apesar da idade, “Seu” Salviano continua trabalhando em seu sítio no povoado São Bento, onde planta mandioca, feijão e frutas. Não é com a mesma intensidade de outrora, mas pelo menos passa a maior parte de seu tempo onde viveu a maior parte da vida, lá na roça. “Eu gosto é da roça, apesar que meus filhos não querem mais que eu trabalhe”, destacou.

Luiz Gonzaga

“Seu” Salviano disse que seu cantor preferido era o pernambucano Luiz Gonzaga e gostava de dançar um forró. “Dancei muito as músicas do Luiz Gonzaga com minha mulher. E se precisar, ainda hoje danço”, avisou ele, sorridente, ressaltando que está bem de saúde.

Pandeirista

“Fui pandeirista no conjunto do meu pai, que tocava sanfona. Toquei muito pandeiro”, revelou o alegre sertanejo Salviano.

Brasil melhor

Antenado nos noticiários do rádio e da televisão e decepcionado com tanta notícia ruim, desde a violência à corrupção, “Seu” Salviano disse esperar um Brasil melhor para seus filhos, netos, bisnetos e tataranetos. “Acredito que os mais novos vão melhorar este país. Pode até demorar, mas a mudança está nas mãos dos mais jovens”, profetizou.

É, “Seu” Salviano, já que o senhor nasceu no município de Milagre (CE), vamos torcer para que um milagre aconteça e este futuro mais promissor de fato ocorra em nosso país. É o que todos nós esperamos.
De qualquer forma, parabéns pela sua história de vida, pela pureza da sua grande família e pela criação que o senhor deu para todos eles. Que os pais de hoje se inspirem no senhor. Não para ter 14 filhos, porque a vida não está fácil para ninguém, mas para criá-los com carinho, respeito, responsabilidade e sabedoria que o senhor trouxe de seus pais, João Salviano e Maria Antônia, e a dona Terezinha dos pais dela, João Pereira e Vitória. Parabéns para toda a família Andrade Santos.

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