Fazenda Mangabeira se destaca na criação de Santa Gertrudis em Sergipe
A equipe do Conexão Rural está em Japaratuba, a 60km de Aracaju, em Sergipe, visitando a Fazenda Mangabeira, a convite do presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis, Gustavo Barretto. A raça sintética, que vem se destacando no Brasil nos últimos anos, comemora em novembro deste ano 70 anos de chegada ao país.
A Fazenda Mangabeira foi criada há 70 anos pelo pecuarista José Calumby Barretto, falecido em 1981. Antes, em 1978 ele já havia doado a propriedade para a filha, Gilza Barretto. Ela e o esposo, Eduardo Rodrigues Porto da Cruz, resolveram investir em Santa Gertrudis. Com o falecimento do pai 2009, o filho Gustavo Barretto assumiu o comando da fazenda com então 28 anos idade, ao lado da mãe, dona Gilza. Além da raça Santa Gertrudis, o grupo investe em plantação de cana de açúcar e milho em Sergipe.
A Fazenda Mangabeira sempre investiu em melhoramento genético, inclusive participando de feiras no Nordeste e conquistando vários prêmios. Em 2014, Gustavo participou de exposição em Aracaju em homenagem ao pai, quando o pecuarista Eduardo Rodrigues foi homenageado pela Federação da Agricultura de de Sergipe por ter sido o responsável pela introdução da raça Santa Gertrudis no estado, iniciando a participação da família em exposições e investindo e divulgando cada vez mais a raça.
Em 2016 a Fazenda Mangabeira começou a trabalhar com FIV (Fecundação in Vitro) e implementou, dentro do seu programa de melhoramento genético, a ultrassonografia de carcaça, feita pela DGT Brasil. “Com a ultrassonografia descobrimos que o touro Choice da Mangabeira tinha 4.1 de marmoreio, sendo contratado pela Genex Brasil, de Uberaba-MG”, destacou Gustavo Barretto.
Em 2018 o reprodutor Fogo da Mangabeiro sagrou-se campeão da Prova de Ganho de Peso da CVR Lagoa em Sertãozinho (SP), concorrendo com animais de todo o Brasil. Em 2019, a Fazenda Mangabeira fez o segundo colocado.
Embrapa Geneplus
Em 2020 a Mangabeira fez a primeira prova de avaliação de desempenho a pasto em parceria com a Embrapa Geneplus no Nordeste e a Associação Brasileira de Santa Gertrurdis. O campeão da prova foi o touro Hurrican da Fazenda Mangabeira, que é visto como sucessor do Justus, o grande campeão de venda de sêmen, exportando já para 8 países. “Esse touro foi contratado pela CRV Lagoa, de São Paulo, e tem nos dado muita alegria com a venda de sêmen para todo o Brasil. Hoje, somos proprietários de cinco touros em 3 centrais (CRV, Genex e Alta)”, disse Barreto.
Em 2021 e 2022 a Mangabeira prosseguiu o trabalho de avaliação de desempenho com a Embrapa Geneplus.
O administrador da Fazenda Mangabeira, Gustavo Barretto, tem 42 anos, é casado com a médica Milena e pai de três filhos, e assumiu a presidência da ABSG em janeiro de 2021 para um mandato de 2 anos.
Santa Gertrudis
Com uma base de registro de mais de 400 mil exemplares, a raça Santa Gertrudis completa 70 anos de sua história em terras brasileiras. Mas seu começo vem de muito antes. O ano é 1910, no sul do Texas, nos Estados Unidos. A famosa propriedade King Ranch tinha um objetivo: Produzir uma raça que se adaptasse aos desafios de temperaturas acima de 38º e a média pluviométrica em torno de 700mm anuais. Dessa demanda, que pouco difere com as condições atuais da pecuária brasileira, surgiu o Santa Gertrudis, raça bovina sintética, 5/8 Shorthorn, vindo de terras britânicas e 3/8 Brahman, uma subespécie Zebu.
De acordo com a Associação Brasileira do Santa Gertrudis (ABSG), a raça foi reconhecida somente em 1940, quando se espalhou pelo mundo, principalmente em países como Austrália e África do Sul. No Brasil, os primeiros exemplares chegaram em 1953, sendo utilizado principalmente nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste no cruzamento sobre matrizes azebuadas ou ainda sobre matrizes F1 (Zebu x Europeu) obtendo os animais chamados Tricross, com alto rendimento de carcaça. Já na região Sul, a raça vem sendo utilizada a mais de 50 anos sobre matrizes europeias, diminuindo a exigência nutricional, mantendo o volume de carcaça e qualidade de carne.
“Por ser criada em condições muito extremas, a adaptação do Santa Gertrudis foi o que mais chamou atenção para a pecuária brasileira, a capacidade de trabalho, de conversão alimentar e a qualidade da carne, também estão na lista dos atrativos que esse animal traz”, explica o técnico da ABSG, Anderson Fernandes.
E como a palavra da vez na pecuária é rendimento e com uma expectativa de consumo de carne bovina equivalente a 56,84 milhões de toneladas somente em 2023, segundo dados da USDA, transformar ganho de peso em carne é um dos grandes objetivos na produção de proteína animal atual.
“Hoje um animal top na balança tem uma média de rendimento de 50%, com 20@ e 24 meses de idade. Nos abates técnicos que acompanhamos, a média alcançada por animais cruzados com Santa Gertrudis alcançaram esses mesmos números aos 15 meses de idade, ou seja, o ganho volta para o produtor com muito menos tempo, mais volume e mais rentabilidade”, ressalta o presidente da Associação dos Criadores de Santa Getrudis, Gustavo Barretto.
Com relação a nutrição, Gustavo explica que nada é feito diferente do que é normalmente realizado com demais animais sintéticos. “A raça exige tanto quanto qualquer outra, a nutrição do rebanho deve ser realizada de acordo com cada sistema produtivo”, aponta.
Atualmente o gado puro Santa Gertrudis está presente em 14 Estados Brasileiros, mas reprodutores e animais sem registro estão espalhados por todo território nacional. “Queremos mostrar ao produtor a capacidade do Santa, e por isso e também para comemorar o setuagésimo aniversário da raça no País, promoveremos um Congresso Internacional no fim do ano, com muita informação e troca de experiência entre os criadores”, finaliza GustavoBarretto.
Santa Gertrudis, presente há 70 anos no Brasil, demonstra resultados importantes em programas de avaliação genética
Desde 1995, a raça Santa Gertrudis participa de programas de melhoramento genético e atualmente em parceria com a Embrapa/Geneplus mais de 30 mil animais compõem o sumário da raça. Na última edição do sumário, índices como área de olho de lombo (AOL), marmoreio e conformação frigorifica foram incluídos para avaliação, um grande avanço para o desenvolvimento genético da raça.
“Existe uma proposta clara para o uso do Santa no sistema de produção de carne no Brasil, essa proposta consiste no uso dessa raça no formato de cruzamento industrial para produção a campo, agregando em produtividade e qualidade de carne em relação a base de matrizes zebuínas ou cruzadas. Uma vez que a raça entrega o que promete, é o “mercado” quem acaba reconhecendo que o Santa Gertrudis oferece uma boa opção, para o pecuarista que quer ser mais eficiente, e isso faz com que a raça se consolide porque há um mercado consumidor para essa genética”, explica o pesquisador do Geneplus, Maury Dorta.
Na última edição do sumário um dos destaques para as fêmeas foi índice de idade ao primeiro parto, que indicam o potencial do animal para produzir filhas cujo primeiro parto seja mais ou menos precoce.
O técnico da Associação Brasileira do Santa Gertrudis (ABSG), Anderson Fernandes, explica que no caso da idade ao primeiro parto, quanto mais negativa for a DEP melhor, ou seja, menor será a idade ao primeiro parto de suas filhas.
E para comemorar os 70 anos da chegada da raça no Brasil, a Associação Brasileira de Santa Gertrudis realizará entre novembro e dezembro deste ano o Congresso Mundial da raça, um evento que acontece a cada dois anos sendo cada edição em um país sede. O vento reunirá criadores da raça presentes em todo mundo, com palestras e muita troca de informações, passando por 4 estados do território brasileiro.
“Será um momento de mostrarmos aos pecuaristas as características do Santa que trazem resultados porteira a dentro, o porque da raça estar presente a tanto tempo no Brasil e no mundo, sua consolidação e mais ainda, o que ela ainda pode agregar na pecuária brasileira”, destaca o presidente da Associação Brasileira do Santa Getrurdis, Gustavo Barreto.
Fonte: Associação Brasileira de Santa Gertrudis
Expo Açailândia
O Conexão Rural marcou presença na 11ª Expo Açailândia (MA) 2023, que foi realizada com sucesso de 5 a 13 de agosto.
No próximo fim de semana, no Conexão Rural da Rede TV de Parauapebas-PA, YOU TUBE, parabólica e redes sociais, (e estreando na TV Liberdade-Rede TV, canal 4.1, de Imperatriz (MA), às 12h), apresentaremos entrevistas com o presidente do Sindicato Rural de Açailândia, Paulo Lira, e com o secretário de Agropecuária e Agricultura do Maranhão, Diego Rolim e com expositores da feira.
“A presença do governo do maranhão nas feiras agropecuárias é fundamental para reforçar o diálogo e a proximidade com os produtores, sindicatos e trabalhadores rurais do maranhão. Sob a orientação do nosso governador Carlos Brandão, mostramos as novidades do setor e divulgamos as ações do estado em nosso estande, na Expo Açailândia”, disse o secretário Diego Rolim, em entrevista ao Conexão Rural.
NELORE ÁGUA FRIA
Foi realizado com sucesso dia 12 de agosto mais um mega leilão da Nelore Água Fria, no tatersal Joel Lobado, do Sindicato Rural de Xinguara (PA). Foram ofertados 500 touros PO, sob o comando da Programa Leilões.
A organização foi da família Guimarães (João Guimarães, Joãozinho Guimarães Filho e Paula Guimarães).
Os detalhes no Conexão Rural deste fim de semana.