Um estudo realizado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) apontou o crescimento de 5,4% da indústria no Pará. O índice foi obtido no comparativo de dados do ano de 2023 com de anos anteriores. O Boletim da Indústria 2024 revelou ainda que o Pará é o sexto Estado com maior crescimento industrial do país. A análise comparativa entre o desempenho da indústria no Brasil e no Pará, em 2023, revela que a economia industrial brasileira cresceu 0,1%.
“Os números apresentados neste boletim evidenciam o dinamismo industrial presente em municípios paraenses, destacando o papel crucial de polos industriais estratégicos como Canaã dos Carajás, Parauapebas, Marabá e Barcarena. O Estado assume sua posição de destaque como centro econômico vital, impulsionado principalmente pela atividade mineral e industrial na região de Carajás”, destaca Marcio Ponte, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac).
O valor adicionado da indústria no PIB paraense apresentou aumento expressivo entre 2002 e 2021, com a participação industrial crescendo de 23,1% para 42,3% nesse período. Esse crescimento foi amplamente impulsionado pela indústria extrativa, que atualmente tem papel dominante na indústria paraense e apresentou expansão de 6.701% no valor adicionado.
A demanda externa, sobretudo da China, que é um dos maiores consumidores de minério de ferro para a produção de aço, tem fortalecido a posição do Pará como um importante polo industrial no Brasil. A exportação desse recurso natural gera receita significativa e é essencial para a economia, com possibilidade de gerar efeitos multiplicadores na economia regional, influenciando positivamente outros setores, como os de infraestrutura, transporte e serviços.
“No ano da COP 30, que é a COP da Floresta, a Mineração tem buscado cada vez mais alternativas de produção que respeitem o meio ambiente e as populações locais. Barcarena, por sua vez, também se posiciona como ponto central, refletindo sua importância na indústria de transformação e outros setores industriais. Juntos, esses municípios exemplificam a concentração de atividades industriais que movimentam a economia do Estado, sublinhando a importância de estratégias governamentais direcionadas para suportar e desenvolver ainda mais esses pólos de crescimento econômico”, explica Marcio Ponte.
Atividade Industrial e Exportação – Uma forma eficaz de medir o nível de atividade do setor industrial é por meio do consumo de energia elétrica. Levando esse cenário em consideração, a Região de Integração (RI) que mais consumiu energia elétrica no setor industrial foi Carajás, responsável por 26,4% do total estadual. Em seguida, destacaram-se as RIs do Marajó, com 20,2%, e do Tocantins, com 11,8% de participação. Esses dados refletem a concentração da atividade industrial em áreas ligadas à mineração e atividades extrativas, com Carajás sendo um polo industrial significativo no Pará.
Já as exportações industriais tiveram crescimento expressivo nos últimos anos, tanto em volume quanto em valor agregado. O volume exportado de produtos industriais no estado saltou de 48 milhões de toneladas em 1997 para 174,6 milhões de toneladas em 2023, um aumento de quatro vezes. No mesmo período, o valor das exportações da indústria paraense apresentou crescimento ainda mais acentuado, passando de US$ 2,2 bilhões para US$ 19,8 bilhões, o que representa um aumento de nove vezes. Esses números refletem a expansão da capacidade produtiva e o fortalecimento da inserção do Pará no comércio internacional, impulsionado principalmente pelo setor extrativo.
Dentre os principais parceiros comerciais, o destaque vai para a China, que nos últimos dois anos representou mais da metade das exportações industriais paraenses. Em 2023, os chineses foram responsáveis por 52,4% do valor das exportações industriais do Estado. Malásia ocupou a segunda posição, com 6,6% de participação, seguida pelo Japão, que contribuiu com 5,6%. Quanto aos tipos de produtos da indústria mais exportados, os minérios de ferro lideraram as exportações nos últimos anos, com 65,5% do valor total comercializado pela indústria do estado em 2023, confirmando sua posição dominante. O segundo produto mais exportado foi o cobre, com participação de 11,9%, seguido pela alumina calcinada, que contribuiu com 8,2% do valor total das exportações.
Empreendimentos e Mercado – Em 2022, o Pará possuía 9.844 empreendimentos industriais, número que veio evoluindo ao longo dos anos, com crescimento de 94,2% em comparação a 2006, quando se deu início à série histórica. Neste contexto, as atividades industriais que mais se destacaram no Estado do Pará, entre 2021 e 2022, em termos quantitativos, foram construção de edifícios, fabricação de produtos de padaria e confeitaria com predominância de produção própria e serrarias com desdobramento de madeira em bruto, representando 19,5%, 3,9% e 3,6%, respectivamente. Belém, Ananindeua e Marabá despontaram com os maiores quantitativos de estabelecimentos em 2022, com 2.103, 820 e 649, respectivamente. Contudo, os municípios que apresentaram maior variação positiva, de 2021 a 2022, foram Paragominas, com aumento de 42,2%, e Barcarena, que registrou crescimento de 40,7% em número de estabelecimentos ligados à indústria.
Quanto ao mercado de trabalho, de acordo com os dados oficiais da PNAD, o estoque de pessoas ocupadas no Pará no setor industrial evoluiu de 739 mil pessoas ocupadas em 2012 para 771 mil em 2023, um aumento de 4,3% em relação ao primeiro ano da série. Deste total, 388 mil ocupavam vagas na indústria de transformação, o que equivale a uma participação de 81% em relação à indústria geral. A construção civil, por sua vez, registrou 290 mil pessoas ocupadas em 2023. Belém, Parauapebas e Marabá foram os municípios com mais vínculos ligados à indústria em 2022, com 34.231, 26.544 e 14.753 postos, respectivamente. Considerando as vagas de emprego na indústria direta e indiretamente, com base em métodos estatísticos desenvolvidos pela Fapespa, foram cerca de 922.903 empregos gerados no ano de 2022.
“Os números apresentados nesse boletim mostram claramente a predominância do setor e a importância da política liderada pelo governador Helder Barbalho no incentivo aos produtos oriundos da Bioeconomia para ampliar a matriz econômica do nosso estado tornando-o ainda mais sustentável e competitivo”, avalia Marcel Botelho, diretor-presidente da Fapespa.