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Consumo abusivo de álcool entre mulheres brasileiras quase dobra em 17 anos

Estudo revela que jovens de 25 a 34 anos lideram crescimento; obesidade e hipertensão também aumentaram no período

Um estudo conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a ACT Promoção da Saúde e o Ministério da Saúde, acendeu um alerta para a saúde pública no Brasil. A pesquisa, publicada na Revista Brasileira de Epidemiologia, analisou dados do sistema Vigitel entre os anos de 2006 e 2023 e revelou que o consumo abusivo de álcool entre mulheres adultas quase dobrou no período, passando de 7,7% para 15,2%.

Mulheres entre 25 e 34 anos lideram aumento

Os números mais recentes, de 2023, mostram que a faixa etária com maior prevalência de consumo abusivo de álcool foi a de 25 a 34 anos (22,2%), seguida pelas mulheres de 35 a 44 anos (18,6%). Já entre as mulheres acima dos 65 anos, a proporção caiu para apenas 2,8%.

Enquanto isso, entre os homens, o percentual foi maior — cerca de 25% — mas se manteve estável ao longo dos 17 anos pesquisados. O critério utilizado para definir o consumo abusivo foi de quatro ou mais doses em uma mesma ocasião para mulheres e cinco ou mais doses para homens, pelo menos uma vez nos últimos 30 dias.

A pesquisadora Deborah Carvalho Malta, da Escola de Enfermagem da UFMG, destacou que os dados apontam para a necessidade de políticas públicas específicas: “Esse cenário reforça a necessidade de estratégias que considerem as particularidades de gênero, não apenas na identificação de riscos, mas também em ações preventivas e educativas que dialoguem com os contextos sociais e culturais das mulheres”.

Possíveis fatores e desafios

Segundo os autores do estudo, o aumento pode estar relacionado a estratégias de marketing direcionadas ao público feminino nas últimas décadas, associando bebidas alcoólicas a glamour, sucesso e empoderamento.

A pesquisadora Deborah lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas para frear o consumo, como:

  • maior controle da publicidade;
  • restrição de horários e locais de venda;
  • proibição da venda a menores;
  • fiscalização de eventos com consumo liberado (“open bar”).

Outros achados do estudo

O levantamento também trouxe dados sobre outros fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT):

  • Excesso de peso: passou de 38,5% para 59,6% entre mulheres, e de 47,6% para 63,4% entre homens;
  • Obesidade: praticamente dobrou, atingindo cerca de 1 em cada 4 brasileiros adultos em 2023;
  • Hipertensão arterial: subiu de 25,2% para 29,3% entre mulheres, e de 19,3% para 26,4% entre homens;
  • Diabetes: cresceu de 6,4% para 11,1% entre mulheres, e de 4,8% para 9,1% entre homens.

Por outro lado, o estudo também apontou avanços importantes:

  • Tabagismo caiu de 12,4% para 7,2% entre mulheres e de 19,3% para 11,7% entre homens;
  • Prática de atividade física no lazer cresceu de 22,1% para 36,2% no sexo feminino, e de 39% para 45,8% no masculino.

Desafio para a saúde pública

Os pesquisadores defendem que os resultados devem servir como guia para a criação de políticas intersetoriais, envolvendo saúde, educação e assistência social, de modo a reduzir riscos e promover hábitos saudáveis.

O estudo reforça que, se por um lado houve conquistas no combate ao tabagismo e no incentivo à prática de atividades físicas, por outro, o crescimento do consumo abusivo de álcool entre mulheres e o avanço da obesidade representam grandes desafios para o sistema de saúde brasileiro nos próximos anos.

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