A delegada Ana Carolina Carneiro, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), de Parauapebas, vem sofrendo inúmeros ataques virtuais desde que foi criticada publicamente pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, neste sábado (24), após fazer uma postagem em sua rede social se mostrando favorável ao desarmamento civil. O caso ganhou repercussão na internet, e políticos, associações e sindicatos emitiram nota em solidariedade à delegada.
A postagem foi feita pela delegada na terça-feira (20), em seu perfil no Instagram, após apreensão de um fuzil e uma pistola que estavam sendo utilizados por um homem para ameaçar sua esposa. “Muitos agressores alegam que possuem armas para defesa pessoal, acreditando que, caso sejam abordados por bandidos, conseguirão se defender e defender suas famílias. A arma traz uma FALSA sensação de segurança e eu te afirmo isso porque somos o país onde mais morre policial no mundo”, disse a delegada no texto. Veja:
Já no sábado (24), quatro dias após a postagem ser feita, o deputado Eduardo Bolsonaro replicou a mensagem e a foto da delegada Ana Carolina em seu perfil, incluindo um texto com críticas ao posicionamento dela. “Este pensamento doentio nos levou a recordes de mortes com uso de armas de fogo em 2017 (47.510 oficialmente), mesmo após aprovado o estatuto do desarmamento em 2003 por Lula no auge do mensalão”, diz um trecho da mensagem do deputado, que afirma ainda que “usar arma é mais fácil do que dirigir um carro”. Confira:
Em nota, a deputada federal Vivi Reis (Psol) chamou de “inadmissível” a atitude do deputado Eduardo Bolsonaro em expor a delegada “simplesmente porque ela escreveu uma verdade incontestável: as armas reforçam ainda mais o patriarcado”. A deputada afirmou ainda, que “esse tipo de atitude mata mulheres todos os dias”, e ofereceu apoio à titular da Deam.
O vereador Fernando Carneiro (Psol) também emitiu uma nota prestando solidariedade à delegada Ana Carolina Carneiro e disse que “a família Bolsonaro não cansa de atacar as mulheres” e que “a flexibilização do acesso às armas, autorizada pelo presidente, é um erro grave e coloca ainda mais em risco a vida”.
As Entidades representativas dos Delegados de Polícia Civil do Pará (Assindelp) também manifestaram apoio à delegada pelo que chamaram de “politização de uma postagem técnica do trabalho de nossa delegada”. “Aos delegados e delegadas de polícia, como primeiros garantidores de direitos, também é garantido o livre exercício do pensamento”, disse a entidade, em nota.