Projeto foi contemplado no edital Casa Aberta Amazônia Paraense e reúne obras de 12 artistas em diferentes linguagens artísticas
As vivências artísticas de diferentes territórios paraenses estarão conectadas pelos próximos meses através da exposição Um Norte em Nós, em cartaz a partir do próximo dia 14 de março, na Casa da Cultura de Canaã dos Carajás, vinculada ao Instituto Cultural Vale. O projeto, contemplado pelo edital Casa Aberta Amazônia Paraense, reúne obras de 12 artistas que, por meio de diferentes linguagens – como pintura, fotografia e videoarte, apresentam suas percepções sobre a Amazônia e suas múltiplas identidades. A mostra será aberta ao público às 19h30, com horário de visitação de 8h às 19h nos dias seguintes, exceto domingos e feriados.
Com curadoria de Henrique Montagne, a exposição propõe uma experiência imersiva que reflete sobre pertencimento, ancestralidade e a necessidade de conservação desse território. Para a escolha dos projetos artísticos foi preciso um processo e acompanhamento do cenário artístico paraense por dois anos, segundo o curador.
“Trouxemos artistas emergentes e artistas já estabelecidos, mas também contemporâneos. Essa exposição é uma continuidade das minhas reflexões em torno da identidade, da ancestralidade, da cultura e da natureza amazônica. A mostra traz representações importantes e decoloniais, exibindo uma costura em torno das complexidades e diferenças do nosso território. Por outro lado, tendo uma assimilação das nossas semelhanças”, explica Henrique.
O curador ressalta que existem diferentes linguagens na mostra, mas todas estão conectadas em torno do território e do sentimento de pertencimento, assim como os diferentes sentidos e expressões que cada artista possui e que se refletem no processo de cada obra. “Tem coisas que só cabem em vídeo. Tem coisas que só cabem através das cores de uma pintura, outras em fotografia”, detalha.
“São 12 artistas de regiões diferentes do estado. Cada um trazendo as suas verdades em torno de experiências em torno do território e trazendo reflexões críticas sobre o Norte em si através do seu trabalho. Eu fui fazendo a curadoria e trazendo as obras que conversam entre si. Temos artistas da Ilha do Marajó, de Belém, de Breu Branco, de Canaã dos Carajás, de Marabá, Abaetetuba. Então é um pouco sobre essa confluência de diferentes vivências em torno do território”, finaliza Henrique.
Atividade extramuros
Como parte da programação da exposição, a Casa da Cultura promove a oficina de Pintura Tridimensional com Bárbara Savannah, no âmbito das atividades extramuros. O projeto também contemplado no edital Casa Aberta Amazônia Paraense apresenta a técnica híbrida da artista Bárbara Savannah, unindo pintura e escultura para estimular os alunos a explorarem suas próprias relações com a paisagem e os elementos naturais.
“Para mim é uma grande honra fazer parte disso, tendo em vista que o Norte tem grandes artistas consagrados e emergentes, fazendo um trabalho único e singular com a influência do nosso território sem se deixar ultrapassar por sofismas de um olhar externo. Então é ótimo fazer parte e contribuir com essa cena que está sempre se reinventando para além da nossa forte referência geográfica e imagética que nos constitui como criativos e artistas”, compartilha a artista.
A atividade ocorrerá na EMEF Luis Carlos Prestes e será promovida entre crianças de 10 a 14 anos. Bárbara acredita que será um grande aprendizado, já que considera esse contato uma troca. “Tudo o que flui da criança é expressado com singularidade e verdade, então é muito valioso esse encontro, já que a arte-educação tem um papel fundamental na abertura de visão de um ser humano ao incentivá-lo a criar e a pensar para além do seu próprio horizonte. Esse é o papel da arte. A fundamentação de um caminho lúdico na construção de visão de mundo e liberdade de uma criança na sua infância”, pontua.
Bárbara acredita que o encontro também cria novas possibilidades e pavimenta o caminho do que ela chamou de “acreditar nas mudanças vindouras de cada ser humano”, tirando o estigma de que nas cidades do interior ninguém pode ser visto ou ter acesso à cultura. “Eu vim de uma cidade do interior do Marajó, então sei bem como esses espaços poderiam ter contribuído de forma significativa na minha construção como indivíduos em uma sociedade que exclui nossas possibilidades de sonhar tendo em vista apenas o aspecto geográfico. O acesso à cultura é mais uma porta aberta ao mundo fora quando ao mundo de dentro e faz a gente se reconhecer no próprio território”, justificou.
Após a abertura da exposição, às 20h, haverá um bate-papo com o curador Henrique Montagne, como complemento a programação. A intenção é trazer para o público um pouco do processo criativo das obras e discutir a arte como ferramenta para compreender e representar a identidade amazônica.