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Domingo (5) foi o Dia do Meio Ambiente e Parauapebas tem pouco a comemorar

No domingo (5) foi o Dia Mundial do Meio Ambiente, e municípios como Parauapebas – um exímio amazônida – têm pouco a comemorar.

Parauapebas tem área territorial de 6.886,208 quilômetros quadrados, dos quais 5.459,4 quilômetros quadrados são de cobertura florestal. Dentro de suas florestas intactas, nas quais o homem ainda não esteve, caberiam três cidades e meia do tamanho de São Paulo.

Na fila dos 5.570 municípios brasileiros, Parauapebas é hoje o de número 118 entre os que possuem a maior cobertura de florestas, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Pesquisadores de diversos lugares e grupos de inventários já apontaram 2.019 espécies de vegetais nas matas de Parauapebas, inseridas na Floresta Nacional de Carajás, sendo 39 espécies consideradas endêmicas, isto é, encontradas apenas e exclusivamente nas matas parauapebenses.

Aqui, porém, 99% da população reportam-se somente ao minério que há nas entranhas da Serra Norte de Carajás. É verdade que a mãe natureza conferiu ao município de Parauapebas 5 bilhões de toneladas de minério de ferro de mais alto teor do globo. Existem também reservas de manganês, cobre, níquel, ouro, prata, entre outros recursos minerais. Contudo, Parauapebas é mais que minério.

Em razão de ser entrecortado por diversas áreas de proteção, pulsam nas matas e rios município adentro 999 espécies de vertebrados, sendo 594 espécies de aves, 145 de mamíferos, 131 de répteis, 68 anfíbios e 61 de peixes. Uma parte delas é endêmica ou pouco conhecida da ciência, como algumas espécies de rãs e morcegos, de extrema importância para o equilíbrio ecológico.

Quem mora na área urbana de Parauapebas parece estar distante de tudo isso. Mas dois quilômetros adiante da portaria de acesso ao Núcleo Urbano de Carajás, dentro da floresta de mesmo nome, já é possível dar de cara com a onça-pintada, a suçuarana, o jacaré-açu e a sucuri, as quatro mais temidas e mais fortes feras da fauna nacional. É possível, ainda, deparar-se com jacarés e sucuris em pleno passeio pela área urbana, sem qualquer compromisso.

Infelizmente, a natureza por aqui parece ter pouco valor, haja vista o descaso de anos a que foi relegado o Igarapé Ilha do Coco, importante afluente urbano do Rio Parauapebas, que abastece e empresta nome e moral ao município. Em cifras monetárias, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), Parauapebas investe apenas R$ 7,7 milhões em gestão ambiental, um percentual tão pífio que chega a ser vergonhoso se comparado a municípios menos populosos, com limitados recursos naturais e receita infinitamente mais tímida.

Atualmente, a sede de Parauapebas sofre com problemas de saneamento básico e abastecimento de água potável, decorrentes da ocupação acelerada e, não raro, desrespeitosa – para não dizer agressiva – ao meio ambiente. Ao crescer, a cidade acabou por sepultar um capítulo importante de sua história ambiental, hoje marcada por tragédias como ocupação de morros e encostas, poluição de rios e degradação total de igarapés, tudo isso tido como “progresso”.

Ainda há riqueza ambiental incomensurável no município e com potencial turístico à espera de acontecer. Faltam, no entanto, políticas públicas moralizantes, inclusivas, eficientes e sustentáveis que sejam capazes de minimizar os impactos ambientais e transformar os recursos existentes em oportunidades de negócios e, principalmente, de desenvolvimento social.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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