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Dona Nicaula Ribeiro, uma pioneira de Parauapebas que acaba de ganhar um tataraneto

Nicaula Ribeiro tem hoje 85 anos, está bem de saúde e muito feliz

A menina Nicaula Silva Ribeiro nasceu em 26 de maio há 85 anos em Potiraguá, na Bahia, a cerca de 600km de Salvador. É filha de Helena de Deus Santos e Sebastião Januário da Silva (já falecidos). Os pais eram produtores rurais. O casal teve oito filhos, mas só três estão vivos: dona Nicaula, a irmã Antônia da Silva Santos e o irmão Celino da Silva, que moram em Alagoas.

Aos 15 anos, a jovem Nicaula conheceu seu primeiro namorado, Milton Gomes Ribeiro, e foi paixão à primeira vista. O casamento não demorou muito para acontecer. Ela com apenas 15 anos e ele com 28 anos, ou seja, 11 anos mais velho que a noiva. O rapaz era muito trabalhador e também produtor rural e o casamento foi muito bem abençoado pelas famílias dela e dele.

Nove filhos

Do bonito e respeitoso casamento, nasceram nove filhos: Helena, Maria (que morreu ainda criança), Walter, Calmita, Izabel, Nildete, Ivonete, Marlize e o caçula Hamilton Ribeiro. Com os filhos já grandinhos e o menor com apenas 4 anos, a família deixou a Bahia e foi morar em São Miguel do Araguaia (GO). “Meu marido saiu da Bahia em busca de terras para comprar. Ao chegar em Goiás gostou da terra em São Miguel do Araguaia e fomos embora para lá”, disse dona Nicaula, acrescentando que moraram lá por mais de 15 anos. “Eu só estudei até o 3º ano primário e meu marido até o 2º ano primário, mas ele era bom de negócio e de matemática e sabia fazer negócios”, destacou.

A pioneira Nicaula Ribeiro é amada e admirada por toda a família e amigos

 

Walter Ribeiro

Em busca de oportunidades, o filho Walter Ribeiro veio trabalhar na região de Parauapebas e acabou comprando um terreno na hoje Rua A, no bairro Cidade Nova.

– Pai, gostaria que o senhor viesse conhecer aqui o povoado de Parauapebas, perto da Mina de Carajás, onde a Vale explora o minério, disse Walter em visita à família em São Miguel do Araguaia. Walter trabalhou no garimpo Pedra Rica, na área de Santa Maria, também no sudeste paraense.

Seu Milton e dona Nicaula não perderam tempo e em 26 de dezembro de 1985 vieram conhecer o povoado que estava começando a se formar na área do atual bairro Rio Verde e acabaram ficando para sempre. “O bairro Cidade Nova tinha poucas casas”, lembra nossa homenageada.

 

Valdir Flausino

– Seu Milton, esta área aí da frente é muito boa. Algumas pessoas já recusaram comprar só por causa daquele morro lá atrás, apontou o pioneiro e pecuarista Valdir Flausino para o outro lado de sua fazenda, que ficava mais ou menos na altura da entrada para Canaã dos Carajás, próximo onde existia o viaduto na entrada da cidade.

Seu Milton acatou a sugestão do fazendeiro Valdir Flausino, com quem acabara de fazer uma sólida amizade, e comprou a propriedade de um fazendeiro chamado César, que era do Espírito Santo, e quase não ficava no Pará.

Comemoração do último aniversário do pioneiro Milton Ribeiro em 31 de janeiro de 1997

 

Leite

Na propriedade de 85 alqueires, a família Ribeiro começou a criar gado e produzir leite. “A gente acordava meia noite para trabalhar. O Hamilton, com apenas 18 anos, já trabalhava muito na produção de leite, que era vendido para as empresas e famílias do garimpo de Serra Pelada. O gado ainda era pouco e o leite não dava para quem queria”, lembra dona Nicaula.

A vida era dura e difícil para a família Ribeiro. “Aqui não existia energia elétrica e nem estradas, com exceção desta PA 275 por onde os caminhões entravam para a Mina de Carajás, mas não desistimos de ficar no então povoado, mesmo com todas as dificuldades”, destacou. “Nunca me arrependi de ter vindo morar em Parauapebas Sempre gostei da cidade e meu marido gostava muito daqui e sempre acreditou no potencial econômico do município. Ele costumava dizer: Isso aqui ainda será transformado em uma grande cidade”, revelou.

Os pioneiros Milton e Nicaula Ribeiro

 

Couro de gado

Depois, a família Ribeiro passou vender couro de gado direto para Franca (SP), o maior município produtor de calçados do Brasil. “Foi nessa lida com o gado que perdi meu marido há 24 anos. Ele caiu de um cavalo, ficou praticamente paralítico, e com o apoio do ex-prefeito Faisal e do então deputado Asdrúbal Bentes, levamos ele para São Paulo. Lá, ele teve uma melhora e estava movimentando as pernas e os braços e os médicos liberaram ele para passar o Natal e o Ano Novo com a família em Parauapebas, mas no dia 11 de janeiro de 1998 ele teve uma febre alta e na madrugada do dia 12 de janeiro daquele ano ele morreu ao meu lado e dos filhos”, relatou a pioneira Nicaula.

Loteamento

Segunda ela, com a emancipação política e administrativa de Parauapebas, a família decidiu lotear algumas áreas da fazenda (a fazenda ia do local hoje é a Havan até onde está localizado o Macre na PA 160). “O Hamilton fazia cerca e o povo quebrava a cerca, roubava gado ou as vezes matava o gado lá dentro mesmo da propriedade, aí resolvemos lotear parte da área”, disse ela.

Dona Nicaula, o filho Walter Ribeiro, e as filhas

 

Emancipação

“Votamos pela emancipação. Meu marido ajudou no que pôde o Movimento pela Emancipação Política e Administrativa de Parauapebas. Ele acreditava nesse crescimento de Parauapebas, mas eu não imaginava que a cidade fosse crescer tanto”, afirmou.

Grande Família

A família Ribeiro cresceu bastante.  Além dos nove filhos, Seu Milton e dona Nicaula tiveram 15 netos (o mais novo tem 22 anos) e 20 bisnetos. “E há um mês ganhei meu primeiro tataraneto, o Rafael, que chegou para a alegria da família”, disse a matriarca da família Ribeiro.

Dona Nicaula muito feliz ao lado de filhos, netos, bisnetos e sobrinhos

 

Por ter chegado aqui em 1985 com o marido Milton Ribeiro e os filhos, ter acreditado no potencial econômico de Parauapebas, ter contribuído para o desenvolvimento do município e por amar esta pujante cidade, dona Nicaula Ribeiro é a nossa homenageada de hoje no projeto “Entrevistas com Pioneiros”.

Lima Rodrigues entrevista a pioneira Nicaula Ribeiro
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