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É O BICHO! Sucuri gigante é flagrada ‘caindo na night’ em Parauapebas

Imagine você andando por aí, tranquilamente, e, de repente, dá de cara com uma cidadã chamada de “Boa constrictor”, que precisa de três a quatro metros de avenida para passar. Agora, imagine-se topando de testa com uma dama que precisa do dobro de espaço e atende por “Eunectes murinus”. Então, bem-vindo à Amazônia de gringo.

O inverno chuvoso deixa alvoroçados inúmeros moradores das cercanias de Parauapebas que acabam migrando para a área urbana por enxergarem nas enchentes boas oportunidades de conhecerem os hábitos citadinos. É a fauna silvestre em ação, com alguns membros de apelido bastante comum, mas nomes de batismo no RG científico quase impronunciáveis.

Nos últimos dias, têm pipocado relatos nas redes sociais de “cidadãos exóticos” passeando por áreas alagadas dentro da quinta maior cidade paraense. São, em sua maioria, anfíbios como o sapo, a rã e a perereca, mas alguns destes têm parentes bastantes curiosos e que podem aterrorizar os desavisados, como as espécies “Physalaemus ephippifer” e “Rhinella mirandaribeiroi“.

Apesar de causar pavor a muita gente em qualquer lugar que se instale, os anfíbios são eficientes controladores — e uma alternativa muito mais saudável a repelentes e inseticidas — de pragas urbanas que trazem pestes modernas, como o mosquito “Aedes aegypti” vetor de moléstias como dengue, zika vírus e a febre chikungunya. Nas cercanias de Parauapebas há 68 espécies de anfíbios, sendo 64 diferentes parentes de sapos, rãs e pererecas, conforme indicado pelo livro “Fauna da Floresta Nacional de Carajás”, o mais completo almanaque de vertebrados terrestres da região.

Mas quem tem aparecido com mais entusiasmo mesmo e, não raro, causado pânico ou se tornado alvo de paparazzi ambulantes são os répteis, particularmente as duas madames citadas mais acima: a “Boa”, que é a jiboia-constritora, e a “Eunectes”, que é a poderosa sucuri-amazônica.

GRANDE E GROSSA

Esta semana, duas jiboias de aproximadamente dois metros cada foram avistadas nas proximidades da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nelson Mandela, no Bairro Tropical. Um jacaré também foi visualizado querendo “comer” no quintal de uma casa no Bairro Liberdade, próximo ao Rio Parauapebas. Foi a maior gritaria.

No Bairro Parque das Nações, uma sucuri de três metros perambulava livremente à beira de uma lagoa que se formou em um lote tomado pelo mato. A poucos metros dali, outro jacaré estava de butuca em um brejo, à espera de uma vítima para dar um “créu”.

E, na semana passada, à noite, um condutor deu passagem e filmou uma anaconda de aproximadamente seis metros, trafegando faceira por uma avenida nas proximidades do shopping, no Bairro Apoena-Wtorre. Populares fofocavam nas redes sociais que a imponente serpente, grande e grossa, estaria retornando do cinema, aonde teria ido pegar a sessão das dez.

https://www.facebook.com/pebinhadeacucar/videos/1597637976917909/

BASTANTE COMUNS

Nesta época do ano, devido às enchentes e à água barrenta em lagos, rios e igarapés, a sucuri começa a visitar a cidade à procura de alimento mais fácil. Todo cuidado é pouco porque é um animal selvagem que ataca por emboscada e usa a constrição (ou aperto ao se enrolar na presa) para liquidar o desavisado. Uma sucuri de seis metros e peso de 100 quilos tem pressão de aperto sobre um homem de 70 quilos de aproximadamente duas toneladas, a depender da maneira em que o “abrace”. É o equivalente a uma caminhonete Hilux passando sem parar sobre uma pessoa estendida no chão.

Aqui na Amazônia, a sucuri é bastante comum. A espécie amazônica é a maior do Brasil e a segunda maior espécie de serpente em comprimento do globo (só perde para a píton-reticulada, da Indonésia), podendo chegar a incríveis 11 metros e 65 centímetros, tamanho do maior exemplar já capturado, no século passado, de que se tem o registro oficial — o resto é conversa de pescador. A daqui é a maior do mundo em peso.

Em Parauapebas, há 43 tipos de serpentes diferentes, sendo cinco delas que matam no “abraço”. Além da jiboia-constritora e da sucuri, há duas subespécies de periquitamboia (“Corallus batesii” e “Corallus hortulanus”) e uma irmã da jiboia-constritora: a jiboia-arco-íris (“Epicrates cenchria”).

Enquanto muito morador local morre de medo das superserpentes amazônicas, os gringos gastam fortunas em turismo ecológico para conhecer os bichos daqui e até levar exemplares. Essa modalidade de atividade econômica, se explorada racionalmente, poderia atrair estrangeiros e movimentar a economia. Parauapebas é um lugar de riqueza à porta de casa, à espera de simplesmente acontecer.

Reportagem: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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