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Em Parauapebas, agricultores dizem que estão com medo de morar próximo às barragens da Vale

Moradores que vivem em regiões próximas às barragens da Vale, onde há extração de minérios em Parauapebas, no sudeste do estado, estão preocupados e querem saber se há riscos, após o rompimento da barragem de rejeitos de minério em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Até então, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais já confirmou 65 mortos, 279 desaparecidos, 192 resgatados e 386 localizados. Veja as listas.

O Governo do Pará criou nesta segunda-feira (28) um grupo de trabalho para a fiscalização das mais de 90 barragens no estado. Segundo o governo, o plano prevê a participação de órgãos de monitoramento, como o Ministério Público do Estado (MPPA), o Corpo de Bombeiros e a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

Na APA do Gelado, em Parauapebas, região onde há uma das maiores barragens da Vale no estado, vivem 123 famílias com permissão do governo federal para morar e cultivar a terra.

Agricultores dizem que querem sair do local, com medo de possíveis acidentes. Gervázio Gomes mora em uma fazenda a 500 metros da barragem, localizada a uma hora do centro de Parauapebas. “Eu fico preocupado, com medo de acontecer o mesmo aqui. Se não tiver uma providência eu vou pegar minhas coisas e sair daqui, porque se eu estou apreensivo, a minha mulher está mais”, contou.

Outras três barragens também estão em operação somente no complexo minerador de Carajás em Parauapebas.

Em novembro de 2018, a Vale instalou sirenes em pontos estratégicos na APA do Gelado, no objetivo de alertar a comunidade em caso de emergências.

Na época, moradores participaram de uma simulação de rompimento de barragem. Segundo a Vale, diante de um acidente a primeira coisa é correr para um local alto e seguro. “Eu achei importante o que eles disseram, mas agora acabou, eu estou com medo. Nunca tive vontade de sair daqui, mas agora estou desesperada”, disse a agricultora Diosanta Vieira.

A agricultura Josely Cardoso afirma que é preciso retirar a comunidade da área. “É o que eu ouço da maioria aqui, porque não tem como a gente prevê se vai acontecer algo. O mais certo é tirar o pessoal daqui da região”, afirmou.

A Vale informou que todas as barragens da empresa são vistoriadas periodicamente, além do que determina a legislação e que são centenas de vistorias todos os anos. Segundo a empresa, quinzenalmente, são realizados monitoramentos e inspeções em todas as estruturas que se enquadram na Política Nacional de Segurança de Barragens.

A Vale disse ainda que criou um grupo de trabalho que apresentará um plano para elevar o padrão de segurança das barragens da empresa, com objetivo de superar os parâmetros mais rigorosos existentes no Brasil e no mundo.

De acordo com o Relatório Nacional de Segurança de Barragens (RNSB) divulgado em 2018 pela Agência Nacional de Águas, o Pará possui 99 barragens cadastradas. Desses empreendimentos, 85 foram outorgados, ou seja, receberam aval de órgãos competentes para o funcionamento. Das barragens outorgadas, apenas 11 foram submetidas ao Plano Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e 74 estão sem informações.

Ainda segundo o relatório, 22 barragens no Pará são classificadas como Dano Potencial Associado (DPA) que leva em consideração danos humanos, sociais e ambientais causados por possíveis acidentes. Dos empreendimentos classificados, seis apresentam altos níveis de risco, de acordo com o relatório.

Apesar dos números, o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mauro Ó de Almeida, o Pará não corre nenhum risco de acidente ambiental.

“Nós não estamos correndo nenhum risco urgente ou eminente de qualquer acidente aqui no estado do Pará. Pretendemos nos antecipar aos problemas. Queremos buscar informações, organizando e coordenando vários órgãos e instituições paraenses para que a gente possa criar um mecanismo de fiscalização”, afirmou o secretário.

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