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Hemopa completa 39 anos fortalecendo a missão de salvar vidas

No início, um centro de coleta. Hoje, referência nacional e internacional no processamento do sangue e no tratamento de doenças hematológicas. A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) completa 39 anos nesta quarta-feira, 2 de agosto, e ao longo dessas quase quatro décadas de existência priorizou investimentos em tecnologia para garantir a qualidade e precisão de seus serviços. E é com absoluto rigor na triagem e um esforço diário de captação de voluntários que busca garantir a segurança nos procedimentos de coleta de sangue e de transfusão.

A presidente do hemocentro, Ana Suely Saraiva, explica que o Hemopa hoje é responsável pela coordenação da Política Estadual de Sangue do Pará e abastece mais de 200 hospitais no estado. “Nosso trabalho é garantir não somente a segurança do paciente que irá receber uma transfusão, como também a proteção da saúde do doador. Cada servidor tem um comprometimento que vai além do seu papel de servidor público. É uma cultura que já está enraizada e isso faz com que as nossas metas e resultados sejam alcançados com primor, zelo e, principalmente, respeito pela vida do outro”, comenta.

Todos os anos, o Hemopa coleta uma média de 100 mil bolsas de sangue. Algumas delas são frutos da solidariedade do porteiro Ismael Monteiro de Souza, de 64 anos. No mês de agosto, juntamente com o aniversário do hemocentro, ele comemora 45 anos como doador de sangue. “Comecei quando tinha 19, por conta das Forças Armadas, e desde então não parei mais. É uma coisa que me faz muito bem como ser humano. Nas minhas contas, já foram quase 180 bolsas de sangue coletadas de mim”, comemora com um largo sorriso de quem já salvou mais de 700 vidas.

Ismael é frequentador assíduo do hemocentro. Além das quatro doações de sangue anuais, ele constantemente está no local participando de campanhas para ajudar na conscientização sobre a importância da doação de sangue, principalmente entre os jovens. “Falo pra eles que tem muitas pessoas precisando da gente. Com uma bolsa de sangue podemos salvar até quatro vidas. E não basta vir uma vez, tem que ser uma atitude constante, que faça parte da vida deles”, ressalta o doador.

Mas o Hemopa não apenas coleta, processa, armazena, irradia e distribui o sangue para a rede hospitalar do estado. A instituição também disponibiliza serviços de atendimento médico para pacientes portadores de doenças hematológicas, por meio da equipe multidisciplinar com médicos, biomédicos, farmacêuticos bioquímicos, odontológicos, fisioterapeutas, fisiatras, enfermeiras, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos e pedagogos.

Os irmãos Marcelo e Marlon são pacientes da Fundação. Os meninos têm 16 e 13 anos, respectivamente, e são portadores da doença falciforme. “O meu mais velho vivia com uma febre alta e muitas marcas roxas pelo corpo. Com sete anos ele foi internado, muito mal, com uma anemia profunda. O médico mandou a gente pra cá pro Hemopa pra fazer uma transfusão e foi aqui que descobrimos o que ele realmente tinha. Logo depois, meu o caçula começou a apresentar os mesmos sintomas do irmão”, relata Roseni Pereira, pai dos meninos.

A doença falciforme é hereditária e se caracteriza por alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, o que faz com que a membrana das células sanguíneas se rompa mais facilmente, causando uma anemia profunda. A família vive no município do Acará e precisa vir a Belém, em média, a cada dois meses para que os garotos façam transfusão de sangue. Apesar das dificuldades, Roseni diz que é um homem feliz por saber que os filhos estão recebendo o tratamento adequado. “Se não fossem essas pessoas, que doam o próprio sangue, não sei o que seria da vida deles”.

Para possibilitar que esses pacientes sejam sempre bem assistidos, a Fundação compartilha diversos conhecimentos na área do sangue, com a realização de palestras, cursos e oficinas de capacitação, mantendo atenção especial aos profissionais que atendem na atenção básica. “Também oferecemos residência multiprofissional na área de enfermagem, fisioterapia, biomedicina, farmácia bioquímica e ainda na residência médica”, ressalta Ana Suely.

Além do ciclo do sangue e do atendimento aos pacientes, o Hemopa realiza exames pré-transplantes no Laboratório de Imunogenética, responsável pelo apoio ao Programa de Transplantes do Estado, e possui o único Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (BSCUP) da região Norte, com capacidade para armazenar 3,6 mil amostras no seu bioarquivo.

Outro importante serviço é o cadastramento de doadores voluntários de medula óssea, que funciona desde 2002. De lá pra cá, o hemocentro já enviou quase 120 mil cadastros ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que fica no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, cuja lista é consultada toda vez que um paciente precisa encontrar um doador não aparentado.

História – Na década de 1970 já existiam bancos de sangue em alguns hospitais paraenses, onde a doação era renumerada. Naquela época, o governo federal iniciou a implantação do Programa Nacional do Sangue para estimular a criação de hemocentros estaduais e transformou a doação em um ato voluntário, altruísta e não remunerado, direta ou indiretamente.

“O primeiro banco de sangue público no Brasil foi inaugurado em Pernambuco. O segundo, em 2 de agosto de 1978, foi aqui no estado. Assim nasceu na Fundação Centro Regional de Hemoterapia do Pará (Funepa)”, relata a presidente do Hemopa. “Iniciamos, basicamente, com o ciclo do sangue do doador e com algumas situações bem embrionárias, voltadas ao atendimento de pacientes portadores de hemofilia e doença falciforme”.

Para atrair doadores, já que não havia remuneração, investiu-se em tecnologia e conquistou-se a confiança dos profissionais da saúde e da sociedade. “Por exemplo, não se fazia teste para HIV. Fizemos a aquisição desses kits de forma pioneira e começamos essa testagem mesmo antes de ser obrigatório pela legislação. Além do mais, na virada das décadas de 70 para 80, passamos a utilizar bolsas plásticas para a coleta do sangue, sendo que até então eram utilizados frascos de vidro a vácuo para coletar esse material”, narra Ana Suely.

Com o decorrer dos anos, a Fundação Hemocentro do Pará sentiu a necessidade de avançar. Assim, em 1985, foi inaugurada a primeira unidade fora de uma capital: o Hemocentro Regional de Castanhal. Além do Hemocentro Coordenador e da Estação de Coleta Castanheira, ambas em Belém, hoje a hemorrede paraense é composta por três Hemocentros Regionais (Castanhal, Santarém e Marabá), cinco Núcleos de Hemoterapia (Abaetetuba, Altamira, Capanema, Redenção e Tucuruí) e 44 Agências Transfusionais instaladas dentro dos próprios hospitais.

Segundo Ana Suely, o grande desafio atualmente é levar atendimento humanizado para mais próximo da população. “Nossas unidades já fazem esse trabalho e estamos sempre capacitando, treinando e sensibilizando os profissionais nas unidades da hemorrede. Mas queremos ampliar ainda mais a descentralização, solidificando as redes de atendimento para nossos pacientes, de forma que eles não precisem depender da liberação de TFD para buscar melhor atendimento”.

Além disso, há um investimento que é imensurável e traz um retorno enorme para a sociedade: a conscientização da população para a co-responsabilidade na manutenção do estoque de sangue do Hemopa. “De forma muito especial, quero fazer um agradecimento aos nossos doadores de sangue, que são doadores de vida. Também quero agradecer à sociedade em geral e às instituições pelo apoio, sem esquecer o empenho do Governo do Pará. Em muitos estados, a crise financeira se refletiu também no funcionamento dos hemocentros, mas aqui nós estamos conseguindo caminhar e avançar. Isso nos possibilita dar continuidade à missão de atender com qualidade e segurança a nossa população”, reforçou a presidente.

Reportagem: Jaqueline Menezes

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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