Trata-se de mobilização dos povos indígenas que pretendem chamar a atenção para o que qualificam como descaso que a mineradora Vale S. A. viria tratando os índios que vivem nas áreas próximas onde é praticada a mineração.
De acordo com o índio Roiri Xikrin, além do desconforto de morar em uma área onde não se tem liberdade, por causa das restrições na região de mineração, a mineradora teria cortado benefícios antes pagos aos indígenas como condicionantes para praticar a atividade no local, entre eles, compensação financeira mensal por família, melhorias na Casa de Apoio e atendimento em saúde.
Ainda conforme o indígena, a empresa estaria ameaçando também cortar atendimento hospitalar.
“Por causa destas e outras coisas, o cacique Tunire nos autorizou a fazer esta manifestação como demonstração de nosso descontentamento, para que chegue até Brasília e nossas petições sejam atendidas”, afirmou Roiri, dizendo que, se a mineradora não atender às reivindicações, terão que descer todos os trabalhadores na mineração e eles apenas, como legítimos donos da terra, ficarão nela.
Roiri informou ainda que o cacique irá a Brasília nos próximos dias e, caso não sejam atendidos, irão bloquear o ramal ferroviário, impedindo o escoamento do minério explorado na mina S11D, situada no município de Canaã dos Carajás, até que a situação deles seja normalizada.
Índios de aldeias situadas em outros municípios, entre eles, São Félix do Xingu, também estariam elaborando protestos como, por exemplo, a ocupação da prefeitura municipal.
Ato pacífico – O ato iniciado por volta das 17 horas desta quarta-feira (1º) contou com a participação de guerreiros e guerreiras da aldeia Xikrin do Cateté, que dançaram e deram seu recado através da imprensa, que registrou o protesto feito na portaria de acesso à Floresta Nacional de Carajás (Flonaca), em Parauapebas.
No local onde termina a Rodovia PA 275, e se inicia a Estrada Raymundo Mascarenhas, o tráfego de veículo foi paralisado nos dois sentidos, o que fez com que grande número de pessoas assistisse o ato.
As mulheres com facão e os homens com bordunas e flechas dançaram e, no final, atearam fogo em uma camisa usada como uniforme pelos trabalhadores na mineradora Vale.
De acordo ainda com Roiri, o ato representa repúdio à mineradora, que estaria se beneficiando das terras onde seus antepassados viveram e agora lhe é, praticamente, tiradas a troco de quase nada.
Após cerca de uma hora e meia de protesto, as vias foram liberadas e os indígenas voltaram às suas aldeias, sem provocar dano algum ao patrimônio da mineradora.
Nota da Vale – Em nota, a Vale confirmou o protesto dos índios e afirmou que a empresa respeita a livre manifestação, mas repudia qualquer ato que comprometa o direito soberano e constitucional de ir e vir, inerente a todos os cidadãos, e ressalta que o comprometimento deste direito pode acarretar sanções legais a quem o desrespeita.
A portaria foi liberada às 17h25 desta quarta-feira.
Reportagem: Francesco Costa | Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar