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Maitê Proença traz ‘Mulher de Bath’ a Parauapebas

Maitê Proença encontrou num texto do século 14 uma personagem de “um discurso feminista muito verdadeiro”.
É uma figura que condena o celibato e preza os prazeres femininos. Depois de cinco matrimônios, busca seu sexto: “Não pretendo viver em castidade só porque enviuvei. Melhor o casamento do que queimar por dentro”, afirma a personagem em parte de seu texto.

A personagem de “A Mulher de Bath”, conto do britânico Geoffrey Chaucer, agora ganha corpo e voz de Maitê no espetáculo homônimo, mostrada na peça que já foi encenada em Belo Horizonte, Brasília, Belém, Goiânia e agora chega a Parauapebas, devendo acontecer as 21 horas desta quinta-feira,8, no Bahamas Beer.

A atriz chegou a Parauapebas por volta de 11 horas, desta quinta-feira, 8, em seguida deu entrevista em algumas emissoras de rádio e TV, almoçou e foi para o hotel, onde aguardou os jornalistas para uma coletiva de imprensa; quando contou detalhes da peça escrita nas últimas décadas do século 14. O texto na integra faz parte da série de “Contos da Cantuária” de Chaucer –considerada uma das obras responsáveis por sedimentar a língua inglesa, então fragmentada em dialetos; mas, a versão que Maitê encena foi adaptado por ela.

Num longo prólogo, a personagem narra sua trajetória desde o primeiro casamento, na adolescência, e de que forma foi administrando seus prazeres e adquirindo, dos maridos, poder e soberania. “Ela era imatura e teve uma evolução. Vai contando os truques da mulher, os jogos que ela fazia”, diz a atriz, do alto de sua experiência adquirida com 60 anos de vida e 40 de carreira.

Também coloca, religiosa que é, uma mistura de sagrado e profano. Busca na Bíblia respostas para o seu prazer e questiona por que o desejo, se é uma força da natureza, deve ser visto como pecado.
Ao fim, ela chega ao conto propriamente dito. Em tom fabular, narra uma história dos tempos do rei Arthur, quando um estuprador é condenado à morte, mas terá clemência da rainha caso complete uma tarefa. Deve viajar pelo mundo e, no retorno, compreender as mulheres e seus desejos.

“O texto tem essa atualidade, essa permanência. Essa é a modernidade do Chaucer, botar na boca de uma mulher um discurso dessa natureza”, afirma Amir Haddad, que assina a direção da peça.

Sobre a técnica da cena – A montagem parte da tradução de José Francisco Botelho, que busca aproximar a natureza oral do conto –tradicionalmente narrado entre peregrinos– da realidade popular brasileira. Os versos, leves e um tanto cômicos, buscam ritmos e métricas do cordel e da trova gaúcha.

Em sua direção, Haddad, 80 anos de idade e 55 de teatro, faz o que chama de “pós-teatro”, buscando limar as “ilusões” da criação cênica. Mantém o tom narrativo da escrita, sem transformá-la num texto dramático, e deixa as estruturas do palco abertas.

Maitê é acompanhada em cena de alguns elementos, além do músico Alessandro Persan, alocado no canto do cenário. Começa o espetáculo de forma despretensiosa, como numa conversa.
Explica do que trata a obra e seu contexto. “Era a transição da Idade Média para a Renascença. Eles estavam indo das sombras para a luz. Já nós…”, diz a atriz em cena.

Depois dá corpo à personagem ainda em tom de confidência com a plateia. “É uma coisa direta com o público, linear. Eu quero botar o foco no outro”, afirma a atriz.

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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