Uma área sub judice, tendo como decisão da justiça a anulação dos contratos entre a imobiliária e os compradores; já que a segunda etapa do Loteamento Vale dos Carajás não foi registrada junto ao Governo Municipal.
“Aqui nesse loteamento, as três últimas ruas estão irregulares. Ou seja, a loteadora invadiu uma área ambiental para lotear, por isso, quem já quitou o terreno não tem como receber o título definitivo”, explica o morador do Bairro Vale dos Carajás, Felipe Araújo, dando conta de que quando os clientes descobriram isso, decidiram, com respaldo judicial, parar de pagar as prestações.
Quem representa os clientes da Imobiliária Vale dos Carajás, responsável pelo loteamento que leva o mesmo nome, é o advogado Toni Araújo. De acordo com o que ele explica, é preciso entender que o loteamento é irregular desde sua origem. “A lei diz que é proibido fazer o parcelamento do solo sem a devida regulamentação junto aos órgãos competentes. Como entramos com ação judicial e a juiz decidiu que os pagamentos deveriam ser suspensos até que os responsáveis pelo negócio dessem resposta convincente. Assim até lá é nulo o contrato”, o advogado.
Mas, desconsiderando a decisão judicial, os proprietários da imobiliária responsável pelo loteamento estiveram no local, na manhã de domingo (14), quando, por conta própria, tentaram expulsar de uma casa, na Rua do Vale, uma família. “Era pouco mais de 9 horas da manhã de domingo quando percebemos que havia faltando energia elétrica aqui em minha casa. Logo em seguida ouvi ruído como se algum veículo tivesse colidido contra o muro e assim notei ter alguma coisa errada. Foi quando sai para conferir e constatei ser a dona do loteamento na tentativa de derrubar minha casa”, conta Felipe Araújo, morador, vítima da agressão praticada por Jussara Jordy e seus comandados que faziam uso de uma retroescavadeira.
A esposa de Felipe, Adriele Fernandes, conta que no momento da agressão que derrubou o muro, seu filho de apenas 1 ano de idade, por pouco não foi atingido pelo impacto. “Não sabia o que fazer, com meu filho nos braços e aquela mulher não se sensibilizava com a situação”, conta Adriele, chorando pela triste lembrança.
Acionados por Felipe, vizinhos e amigos ajudaram a impedir que o pior acontecesse. Assim, a única alternativa do grupo foi empreender fuga deixando o local, porém, o pânico já havia sido implantado.
Os problemas entre a imobiliária e os clientes não começaram agora e não são apenas com moradores considerados inadimplentes. De acordo com Fabiana Santos, seu pai, Valdir Salazar, comprou dois terrenos, tendo pago um deles à vista, porém, nunca recebeu da imobiliária o título definitivo de propriedade da área. “Eles nos mandam procurar a SEMURB e a Coordenadoria de Terras, mas, lá dizem que é de responsabilidade do loteador”, explica Fabiana, dizendo nunca ter encontrado a solução e que o medo predomina por lá, onde moradores, mesmo sem dever nenhuma parcela, dizem não confiar no comportamento de Jussara Jordy.
A ação tendo como responsáveis Jussara Jordy e seu esposo Marquinhos, virou caso de polícia, tendo sido registrado Boletim de Ocorrência.
O ingresso de mais uma ação deverá reforçar a decisão judicial já existente contra a imobiliária. “Diante desse ato de desespero da Jussara Jordy, em que ela está percebendo que está perdendo as ações em outras instâncias. Pois, não há nada que justifique diante da lei o fato de se fazer um loteamento irregular e ainda querer ter razões sobre isso”, destaca Toni Araújo, detalhando que, com esse ato transloucado, ela cometeu uma série de crimes estando entre eles: o exercício ilegal das próprias razões, ao tentar resolver a situação com as próprias mãos; dano ao patrimônio alheio; e expor a vida alheia ao risco, já que a família estava dentro da casa no momento que tentaram destruí-la com o uso de equipamento pesado.
Procurada pela equipe de reportagens do Portal Pebinha de Açúcar, Jussara Jordy disse não querer gravar entrevista e mandou apenas uma nota de esclarecimentos. Na qual diz ser dona da área da qual possui escritura pública e que a mesma está em fase final de regularização diante dos órgãos públicos competentes e que nunca vendeu os lotes dessas áreas. Afirmando ainda que a atitude adotada é perfeitamente legal.
“Ela emitiu uma nota de esclarecimento se dizendo respaldada legalmente. Não existe respaldo legal nem justificativa para isso. Ela afirma não ter vendido lotes nesta área, porém, temos aqui um contrato de compra e venda provando que a família agredida comprou legalmente o terreno da imobiliária. O que existe aqui são os moradores diante do direito e respaldado por ação judicial que suspendeu as parcelas e ela que tomou essa atitude desesperada”, conclui Toni Araújo.