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PARAUAPEBAS: Educação indígena será debatida em seminário

“Esse é um desafio enorme”, afirma Edite Smikidi, diretora do Setor Escolar Indígena de Parauapebas, falando da educação escolar indígena. O que, segundo ela, já era mesmo antes da pandemia de Covid-19, pois, trabalha com pessoas de outro idioma e isso traz uma especificidade de cada povo.

A complexidade se deu em seu relato com o surgimento de novas aldeias, ampliando assim a demanda por educadores e estruturas físicas. As divisões ocorridas nas três primeiras aldeias (KATETÉ, DJUDJEKÔ e ÔÔDJÀ) originando outas 9 aldeias com os seguintes nomes: Tekore Xikrin, Bep Noi Xikrin, Bep Krokroti Xikrin, Kamrêik Xikrin, Bep Tum Xikrin, Pokro, Ngrei Kati Xikrin, Krimei, Kôkôti Xikrin, Kankrokrok, Tunire Xikrin, Pykatiokrãi, Tekrene Xikrin, Kametkore, Kadjonhoro Xikrin, Pratinhopyry, Bekroti Xikrin, Tep Kre, Karangre Xikrin, Kenhôro E Roiri Xikrin.

De acordo com Edite, os indígenas procuraram se refugiar por causa da pandemia e assim não voltaram mais criando novas aldeias. “Toda a sociedade com o passar do tempo vem se moldando para garantir a sobrevivência nesse mundo globalizado; e com os indígenas não é diferente”, resume Edite, que também é indígena da etnia Xerente, detalhando que o município tem se dedicado através do Setor de Educação Escolar Indígena, sendo, em sua opinião, indispensável o respeito e a escuta aos indígenas, essenciais para que o trabalho possa ter êxito, abrindo espaço para que eles mesmos possam nortear esse processo dá educação já que eles são quem realmente sabem o que necessitam e como deve ser.

Edite Smikidi

 

O material humano para levar a educação escolar aos indígenas é uma indicação da própria comunidade, sendo os professores titulares não indígenas e os professores auxiliares sendo indígenas; devendo ser assim até que surjam indígenas qualificados através de graduação, para assumir a titularidade nas salas de aulas. “Eles estão no caminho certo. Mas, aqui no município ainda caminha muito lentamente. Um professor indígena é o ideal para educar seu povo”, opina Edite, dando como boa notícia a instalação do curso de licenciatura intercultural através da UEPA – Universidade Estadual do Pará; além da UNIFESPA – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, que oferta alguns cursos específicos de acordo com a demanda própria dos indígenas.

O povo Xikrin já conta com seu primeiro pedagogo formado e em atividade, e já vislumbra ter vários outros, pois, há muitos indígenas cursando universidade em diversas especialidades, entre elas, matemática, letras e geografia. Um reforço para garantir educação às crianças e adolescentes indígenas que, atualmente, são 585 matriculados nas 9 escolas distribuídas na área em que está o povo Xikrin. Outras três escolas estão sendo implantadas, para que os alunos possam estudar mais perto de sua casa em sua própria aldeia.

O indígena Bekroiti Xikrin, além de vice-cacique na aldeia Kankrokrok, é estudante universidade, e atua como coordenador nas disciplinas Língua Indígena e Cultura Identidade. Ele diz ter como importante levar o conhecimento às crianças indígenas motivo que aceitou o desafio de trabalhar na Coordenação da Educação Indígena vinda da cidade para a aldeia acreditando que será possível que ainda venha a ser feita totalmente por professores indígenas. “A gente vem na luta para conseguir uma universidade federal para dar formação aos professores indígenas e acreditamos que a partir de agosto o curso de licenciatura intercultura venha ser ministrado na aldeia Kaeteté”, acredita Bekroiti, dizendo ter por importante a atualização e preparação para o mundo moderno através da comunicação.

 

Bekroiti Xikrin em conversa com Francesco Costa

 

1° Seminário de Educação Escolar Indígena – Para valorizar ainda mais a educação indígena, contemplando a própria comunidade, será realizado no dia 20 de abril o 1° Seminário de Educação Escolar Indígena, trazendo como tema “A Descolonização da Educação Escolar Indígena Xikrin: desafios e conquistas; evento com ministração 100% indígena”.

 

A primeira palestra, com o tema Legislação da Educação Escolar Indígena ocorrerá as 9h50, tendo como mediador o Professor Bekroiti Xikrin, e a palestrante Professora Dra. Rosani Fernandes Kaingang.
Às 14h15, o professor Katop Ti Xikrin, mediará a palestra com o tema Alfabetização e letramento indígena, ministrada pelo professor Dr. Lucivaldo Silva Costa.
Às 15h45, o evento tem seu encerramento com a última palestra, também mediada pelo professor Katop Ti Xikrin, que será ministrada pelo professor Armando Sõpre Xerente, trazendo como tema “Práticas, autonomia e protagonismo dentro do processo pedagógico”.

O evento será virtual, transmitido pelo YouTube cujo link será disponibilizado para que todos possam prestigiar.

“Esse seminário é um anseio do povo Xikrin. Teremos a oportunidade de desmistificar muitas ideias equivocadas que foram construídas a respeito do povo indígena e permanece viva”, planejam Edite, lembrando que esses equívocos foram construídos e vem sendo mantidos desde que os colonizadores invadiram as terras que já era habitada por povos de diversas etnias.

 

 

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