Em transmissão ao vivo, gestor agradeceu forças de segurança, denunciou depredação, cobrou responsabilização e reforçou que em Parauapebas “não existe mais invasão de terra”
Poucas tempo após a desocupação da sede administrativa da Prefeitura de Parauapebas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o prefeito Aurélio Goiano fez uma transmissão ao vivo na tarde desta quarta-feira (13) para comentar o episódio. O prédio havia sido ocupado desde a manhã de terça-feira (12), após o portão principal ser derrubado. A reintegração de posse foi cumprida por volta das 11h47 pela Tropa de Choque da Polícia Militar, com apoio da Guarda Municipal e do Corpo de Bombeiros, após determinação judicial.
Logo no início da live, Aurélio Goiano destacou seu apreço pelas forças de segurança: “Vou começar aqui com os meninos da Guarda Municipal, como eu disse para eles agora há pouco, que eu queria estar aqui. Meu respeito, minha admiração aos meninos da Guarda Municipal de Parauapebas, que é a melhor Guarda Municipal do Estado do Pará. E em especial agradecer ao governador do Estado, que disponibilizou a Polícia Militar”.
O prefeito também deixou claro que não pretende dialogar com o movimento: “Eu não sento na mesa com o MST. Eu não sento na mesa com quem faz baderna. Tem gente preso em Brasília há mais de dois anos porque escreveu de batom numa estátua. Eu quero ver se o mesmo pau que dá em Chico, dá em Francisco. Porque isso aqui não vai ficar assim”, relatou Aurélio em relação aos atos de vandalismo que foram registrados no prédio público durante a invasão.
“Não apresentaram pauta oficial”
Aurélio Goiano afirmou que, em momento algum, a Prefeitura recebeu formalmente uma pauta de reivindicações: “O MST não tem pauta legal, não tem pauta oficial. Não chamaram a gente para conversar. Semana passada, por exemplo, o vereador Fred Sansão e outros vereadores fizeram uma manifestação lá na Vila Sansão e nós estivemos lá, fomos ouvir a comunidade. Isso é oposição. Agora, depredar prédio público não é oposição, é crime”.
O gestor ainda reforçou que, mesmo como vereador de oposição no passado, nunca recorreu a depredações: “Eu fui vereador quatro anos, vereador ferrenho, vereador caçador de confusão. Me acorrentei em frente ao Tribunal de Justiça, arrumei briga com muita gente. Mas nunca quebrei nada, nunca depredei prédio público”.
Acusações de furto e vandalismo
O prefeito relatou que diversos pontos do prédio foram danificados e que objetos pessoais desapareceram de seu gabinete: “O primeiro que quebrou essa porta aqui… lá na frente também quebraram. Subiram no meu gabinete, onde tem uma foto com a minha mulher e meus filhos. Levaram meu computador, um notebook. Eu quero esse computador de volta. Dentro do gabinete tinha minha Bíblia, que era do meu avô. Isso é patrimônio emocional. E já aviso: quem pegou, devolva”.
Segundo ele, o ato teria contado com incentivo político: “Tem vereadores da base do governo passado fomentando isso. Diz o ditado popular: quando você desmama um bezerro, ele berra. A gente vai fazer um bocadinho de bezerro berrar aqui”.
Posicionamento contra invasões
Em sua fala, o prefeito enviou um recado direto aos produtores e empresários de Parauapebas: “Neste município não existe mais invasão de terra. Nós não vamos para bala de borracha. Nós vamos acionar a Justiça, contar com o apoio do Governo do Estado, com o Batalhão de Choque, e fazer a coisa acontecer”.
Ele também comparou a postura do movimento no atual governo com gestões passadas: “Ficaram oito anos no governo e eu não vi ninguém do MST, da base do governo passado, vir fazer manifestação, fechar, quebrar a Prefeitura, destruir patrimônio público”.
Contexto da desocupação
A ocupação da Prefeitura de Parauapebas pelo MST durou pouco mais de 24 horas. Na manhã desta quarta-feira, uma oficial de Justiça esteve no local para cumprir a decisão judicial de reintegração de posse. A presença da Tropa de Choque garantiu a retirada dos manifestantes, que haviam solicitado prazo para deixar o prédio, pedido que não foi acatado. Mulheres e crianças foram retiradas primeiramente, seguidas pelos demais integrantes do movimento, que desmontaram o acampamento e se deslocaram para a Praça dos Pioneiros, onde anunciaram que continuariam a mobilização.
De invasão à desocupação: os dois dias de tensão na Prefeitura de Parauapebas
Cronologia da ocupação do MST, ação da Tropa de Choque e fala contundente do prefeito Aurélio Goiano
A sede administrativa da Prefeitura de Parauapebas viveu, entre terça (12) e quarta-feira (13), um dos episódios mais tensos dos últimos anos, após ser ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O ato começou no final da manhã de terça-feira, quando manifestantes derrubaram o portão principal de acesso ao gabinete do prefeito e entraram no prédio.
Segundo relatos, durante a invasão houve registro de violência contra um servidor público municipal e tentativa de impedir e coagir um jornalista que trabalhava na cobertura do fato. A Polícia Civil abriu investigação para apurar os crimes. Desde então, bandeiras do movimento foram fixadas na área e o clima de mobilização atraiu curiosos e causou transtornos na região.
Dia 1 – A ocupação e a ausência de diálogo
A Prefeitura divulgou nota oficial na tarde de terça-feira repudiando a ação, afirmando que sempre esteve aberta ao diálogo com qualquer organização “desde que de forma pacífica, sem violência e sem depredação do patrimônio público”. A gestão destacou que, até aquele momento, não havia recebido oficialmente nenhuma pauta de reivindicação.
Durante todo o dia e noite, os integrantes do MST permaneceram no local, montando acampamento também na praça ao lado. Na manhã desta quarta-feira, a oficial de Justiça compareceu para cumprir a liminar de reintegração de posse expedida pela Justiça. O movimento chegou a solicitar um prazo maior para a saída voluntária, justificando a presença de mulheres e crianças, mas o pedido não foi atendido.
Dia 2 – Ação da Tropa de Choque
Por volta de 11h47 desta quarta-feira, a Tropa de Choque da Polícia Militar, com reforços de Marabá e Belém, chegou ao prédio acompanhada de agentes da Guarda Municipal e do Corpo de Bombeiros. Mulheres e crianças foram retiradas primeiro, enquanto policiais cercavam o perímetro para evitar tumultos.
O cumprimento da ordem judicial ocorreu de forma tensa, mas sem registro de confronto direto. Após a desocupação, o grupo desmontou o acampamento e se deslocou para a Praça dos Pioneiros, onde anunciou que continuará a mobilização.
Repercussão
O episódio repercute fortemente em Parauapebas, dividindo opiniões e gerando debates sobre os métodos de protesto e a resposta do poder público. Enquanto o MST mantém a mobilização na Praça dos Pioneiros, autoridades municipais e estaduais seguem monitorando o cenário para evitar novos conflitos.