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Prejuízo da Vale em 2015 tem efeito sobre economia de Parauapebas

Depois de anunciar, na semana passada, seu recorde de produção física, na manhã de hoje, quinta-feira (25), a mineradora multinacional Vale foi ao que realmente importa: apresentou ao mercado financeiro um prejuízo líquido de R$ 44,2 bilhões ao logo de 2015. Em 2014, a Vale havia lucrado R$ 954 milhões. As informações constam do Resultado Financeiro do 4º Trimestre de 2015 da empresa, denominado “Desempenho da Vale em 2015”.

A receita operacional da Vale reduziu de 60,9 bilhões de dólares em 2011, auge do preço do minério de ferro, para 26 bilhões em 2015, o menor valor desde 2010. O pico do seu lucro líquido, também registrado em 2011, no valor de 22,7 bilhões de dólares transformou-se num astronômico prejuízo no ano passado, de 12,1 bilhões de dólares (ou R$ 44,2 bilhões).
Em 31 de dezembro de 2010, a empresa chegou a valer 129,1 bilhões de dólares, mas encerrou o ano passado com patrimônio líquido de 35,7 bilhões – encolheu três vezes e meia em seis anos.

IMPACTO NO MUNICÍPIO

Para Parauapebas, onde atualmente a Vale movimenta sua maior operação financeira concentrada num único município, o resultado desse prejuízo pode ser catastrófico, particularmente para os 10.600 empregados da indústria extrativa, nas minas de ferro e manganês. Os trabalhadores da Vale em Parauapebas, aliás, compõem o maior batalhão de uma única empresa privada, num único município, de todo o Pará.

Devido ao rombo no caixa, a mineradora fatalmente cortará a distribuição da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) a seus empregados. Hoje, de acordo com o Ministério do Trabalho, o salário médio de admissão na mineração de Parauapebas é de R$ 1.737,84. Isso multiplicado por 5,18 salários – limite para o atingimento de 100% das metas estabelecidas pela empresa no exercício de 2014, para pagamento da PLR – daria R$ 9 mil por trabalhador. Evidentemente, quem ganha mais que R$ 1.737,84 recebe muito mais em PLR.

Na média, porém, apenas com o pagamento da PLR, a Vale desembolsaria aos trabalhadores de Parauapebas cerca de R$ 95,4 milhões – mais que o dobro que o município minerador de Itabira, o mais famoso do Brasil, receberia com a injeção de R$ 40 milhões em PLR.

Esses quase R$ 100 milhões pagos aqui iriam dar um “up” no comércio local, que anda capenga e no qual muitas lojas têm fechado as portas. Porém, em sucessivas notas divulgadas pela Vale à imprensa nacional, ela diz ser inviável pagar o bônus, tão aguardado, todos os anos, por seus funcionários.

O Sindicato Metabase Carajás, que possui uma página na internet bem organizada de informações sobre as pautas da categoria, reclamou dos 5,18 salários oferecidos pela Vale como parâmetro de PLR, alegando que a mineradora pudesse pagar sete salários. Em comunicado, a entidade declarou considerar “este número da PLR não apenas uma vergonha, mas também um desrespeito aos trabalhadores, que labutam em condições cada dia mais sufocantes e penosas”. O Metabase Carajás acrescentou que, “além de exigir metas cada vez mais apertadas, a Vale passou a exigir também cortes brutais nos custos de produção”.

Agora, a entidade deve partir para a briga com a empresa, já que, em vez dos criticados 5,18 salários, a multinacional vai pagar nenhum centavo.
É a primeira vez, desde a privatização da empresa, em 1997, que a mineradora anuncia não pagar qualquer espécie de bônus por desempenho a seus empregados. Segundo a Vale, pelos critérios fixados no atual acordo de PLR, o seu pagamento referente a 2015, num cenário de prejuízo de caixa, não é devido. “Cabe ressaltar que esses critérios estabelecidos no Acordo de PLR foram aprovados pelos sindicatos e pelos empregados em assembleias conduzidas por esses sindicatos”, diz a empresa em notas recorrentes divulgadas à imprensa.

A ESPERANÇA É CANAÃ

A Vale vê em Canaã dos Carajás uma luz no fim do túnel. É de lá que, segundo a empresa, vai sair o minério com custo operacional mais barato do mundo e com pureza excepcional. Desde a implantação do projeto S11D naquele município, a mineradora tem conseguido reduzir bilhões de dólares em custo, e muito comemora por isso.
De acordo com o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani Pires, apesar dos percalços, a Vale está prestes a concluir o maior investimento da história. O projeto S11D, que começa a operar no segundo semestre deste ano, promete levar a empresa “a um novo patamar de competitividade, geração de caixa e retorno para os nossos acionistas”, disse ele, em release divulgado pela mineradora.

O empreendimento (incluindo mina, usina e logística associada, a CLN S11D) alcançou 67% de avanço físico consolidado no final de 2015, sendo composto por 80% de avanço físico na mina e 57% na logística. O ramal ferroviário alcançou 81% de avanço físico e as obras civis de fundação na expansão do porto alcançaram 99% de avanço físico. A capacidade da ferrovia existente aumentou para 147 milhões de toneladas por ano com a duplicação de 59 quilômetros.
O problema é que, com o final das obras da etapa de implantação de S11D, Canaã dos Carajás poderá repetir a história de Parauapebas: muito trabalhador desempregado e sem saber como será o amanhã.

Reportagem especial: André Santos – Colaborador do Portal Pebinha de Açúcar

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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