A dona de casa Leudes Basílio, residente em Anápolis (GO), me procurou dia 22 de fevereiro deste ano, e pediu para eu localizar o pai do filho dela que nasceu há 32 anos no interior do Maranhão. Ela foi informada pela sobrinha Débora Márcia Lima, residente na área da Palmares, em Parauapebas (PA), sobre o trabalho social realizado por mim há mais de dois anos na localização de pessoas desaparecidas, e enviou a seguinte mensagem pelo WhatsApp.
“Oi, minha sobrinha me passou seu contato. Eu estou à procura de uma pessoa e já entrei em todas as redes sociais, mas não consegui. O nome dele é Francisco Gilberto Vieira e sua mãe se chama Severina Vieira de Melo. Em 1987, quando nos conhecemos, ele estava com 26 anos e por informação que obtive, ele morava no Rio Grande Norte, mas não sei qual cidade”, disse ela.
Dona Leudes não sabia a data de nascimento do Francisco. Eu disse que só com o nome dele e o nome da mãe ficava difícil, mas ia tentar. Entrei em contato com a policial civil do Ceará, Adriana Mesquita, que prontamente mais uma vez me ajudou. Localizou um endereço em Natal (RN), mas o telefone de contato não atendia. Liguei inúmeras vezes, mas não consegui falar com o Francisco. Depois descobri que ele não usa mais o número que aparece na investigação.
Tentei obter mais informações, mas o único detalhe que a dona Leudes lembrou era que o Francisco Gilberto trabalhava no Maranhão como topógrafo em uma empresa que tinha sede no Recife, inclusive junto com o irmão dela, o Eliezio. Disse que conheceu o Francisco na cidade de Vitorino Freire (MA), tiveram um filho, mas ele foi embora para o Rio Grande do Norte quando o filho estava recém-nascido. Não foi um casamento. Foi um relacionamento rápido. Hoje, o filho dela, Gildewanderson Basílio dos Santos Ferreira, mais conhecido por Gil, tem 32 anos, trabalha como operador de máquinas, é casado e tem dois filhos: o Davi, de 6 anos, e o Daniel 3 anos.
Dona Leudes se casou anos depois e teve mais um filho e uma filha. Após a separação recente do marido, ela resolveu deixar o Maranhão e foi morar em Anápolis (GO) com o filho mais novo. O Gil foi registrado pelo padrasto, mas pretende colocar na certidão o nome do pai verdadeiro, o Francisco Gilberto Viera, assim que tudo for confirmado e resolvido.
Apoio de outro jornalista
Como trabalho com programa rural, lembrei que um colega de profissão também faz um programa rural em Natal e resolvi pedi ajuda para ele. É o Ribamar Júnior, mais conhecido pelo o apelido de “Seu Meninu”, do programa Cheiro da Terra, transmitido pelo YouTube e por redes sociais no Instagram e Facebook (@cheirodaterrabr). Entrei em contato como Ribamar e ele me revelou que também desenvolve este tipo de trabalho social no Rio Grande do Norte, localizando e fazendo famílias felizes, igual eu faço aqui no Pará. Foi muito bom saber disso. No mesmo dia ele foi até ao endereço que forneci em Natal. Lá, conversou com um filho do Sr. Francisco Gilberto e com a esposa dele (os nomes não estão sendo divulgados propositalmente). Ambos foram gentis e disseram que precisavam de um tempo para conversar com o Francisco porque ele tem problema de pressão alta.
No dia seguinte, o Ribamar conversou via WhatsApp com o filho do Sr. Francisco, que queria saber mais detalhes da história de seu irmão. “Aí, pedi para ele se colocar no lugar do suposto irmão. Depois tive outras conversas com ele até o domingo, quando o pai dele finalmente ligou para o Gil”, destacou o jornalista Ribamar Júnior.
Francisco Gilberto ligou para o Gil dia 7 de março, domingo à noite, e foi bastante atencioso. “Ele foi muito educado, perguntou em que trabalho, se eu era casado e tinha filhos e disse que gostaria de fazer o exame de DNA para ter certeza que é meu pai. Se ele for meu pai de fato, dará mais atenção para mim. Se não for, disse que deseja continuar meu amigo”, revelou o jovem Gil, por telefone, em conversa com o repórter. Gil e a mãe dele já deixaram claro que não querem nada do topógrafo Francisco Gilberto. Apenas que ele reconheça o filho e dê atenção para ele. “Aceito fazer o exame de DNA na hora. Tenho certeza que ele é o pai de meu filho”, afirmou dona Leudes.
Agora, é esperar acalmar a questão da pandemia e torcer para que o Sr. Francisco Gilberto consiga ir até Goiânia para fazer o exame de DNA e que o resultado de fato confirme que ele é o pai do Gildewanderson Basílio dos Santos Ferreira.
Agradeço à policial civil Adriana Mesquita, de Fortaleza, e ao amigo jornalista Ribamar Júnior, de Natal, que me ajudaram a desvendar o 11º caso em menos de 15 dias. Obrigado meu Deus por fazer mais uma família feliz.