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QUADRO DESAPARECIDOS: Garimpeiro fala com a irmã após 38 anos

Fininho, em foto atual em Roraima

Antônio da Luz Gomes, também conhecido por “Tonheira” ou “Fininho”, nasceu em 1º de dezembro de 1965 no povoado Bidoro, em Santa Luzia do Tide, hoje apenas Santa Luzia, localizada a 294 km de São Luís, a bela capital do Maranhão. Ele é filho de Maria da Luz Gomes e José Antônio Gomes, já falecidos. Não tem muito estudo e trabalhou na sua cidade na lavoura e em outros pequenos serviços, mas seu sonho era ter uma vida estabilizada financeiramente. Para isso, há 38 anos deixou o Maranhão rumo ao Pará e foi trabalhar no famoso garimpo de Serra Pelada. O ouro que encontrou mal pagou as despesas da viagem e do dia a dia. Em busca de dias melhores e de sucesso na vida, partiu para outros lugares, perdeu o contato com a família em uma época em que não havia celular, nem internet e a modernidade da comunicação era o orelhão, com fichas pratas, passou por outros garimpos no norte do Brasil, até chegar a Boa Vista, capital de Roraima. Depois de muitos anos de labuta, o garimpo e outras atividades acabaram lhe trazendo alguma estabilidade e uma família.

Fininho quando trabalhava em garimpo no Pará

 

Parte da família dele ficou no Maranhão e outra parte foi morar no Pará, incluindo Parauapebas, no sudeste do Estado. O sonho das irmãs Maria Fátima da Luz Gomes, Maria das Graças e Francisca era reencontrar o irmão após quase 40 anos. (A outra irmã, Maria Domingas, a mais nova, morreu em 27 de junho de 2004). Para realizar o sonho da mãe, a filha da dona Maria Fátima, técnica em enfermagem, Katiane Gomes, me procurou e pediu ajuda. Ele deu um norte. Disse que há muitos anos uma senhora, por nome Socorro, falou com a tia dela em Santa Luzia e disse que era esposa do “Fininho” e que o casal morava em Boa Vista, mas não deixou contato. Como localizá-lo? Pedi o nome completo, a data de nascimento e a filiação e entrei em ação. Com o apoio fundamental da policial civil Adriana Mesquita, de Fortaleza, consegui o endereço do “Tonheira”. Uma casa na zona rural, mais precisamente no Sítio da Luz, na Vicinal 29, no município de Boa Vista. Aí começamos uma segunda etapa da investigação.

Katiane Gomes e a mãe dela. Maria Fátima Luz sonhavam em encontrar o tio Tonheira

 

Polícia Militar

Com o endereço em mãos, publiquei no meu Facebook um pedido perguntando quem tinha algum parente ou amigo em Roraima que pudesse me ajudar a localizar uma pessoa naquele estado. Vários amigos se manifestaram e indicaram pessoas residentes em Boa Vista. Uma delas foi o consultor comercial na área de mineração, Paulo Nogueira, que por sua vez passou meu pedido para um amigo dele, o tenente da reserva da Polícia Militar, Romário. O tenente pediu então para o sargento Emildes, lotado atualmente no Tribunal de Justiça de Roraima, que fosse até ao Sítio da Luz. Lá, ele conversou com a esposa de Antônio da Luz Gomes. Ela disse que ele estava para o garimpo, mas confirmou com a certidão de nascimento o nome dos pais e a data de nascimento e comprovou que tratava-se da pessoa procurada.

Missão cumprida meu amigo Paulo Moreira”, declarou o tenente Romário, por telefone, dia 27 de março, ao amigo Paulo, de Parauapebas. Pronto. O pedido da Katiane tornou-se o caso mais rápido desvendado por mim desde outubro de 2018 quando comecei este trabalho social em Parauapebas, a partir da localização da família do ex-andarilho Gabriel Costa de Carvalho em Formosa (GO) e em Brasília. (O Gabriel morreu três meses após se reencontrar com a família). A Katiane fez a solicitação dia 24 de março e dia 26 de março já estava com o endereço do tio dela na zona rural de Boa Vista.

A missão, no entanto, ainda não estava cumprida. O “Seu” Fininho estava para o garimpo e eu não conseguiu falar com ele. Deixei mensagens no WhatsApp dele dizendo que a irmão Maria de Fátima e a sobrinha Katiane queriam falar com ele.

A família ficou muito feliz com a notícia. “Com certeza é ele sim. Todos os dados bateram, até os apelidos. Vamos aguardar o contato. Estamos todos felizes. Muito obrigado”, disse, eufórica, a sobrinha Katiane.

A partir daí, todos os dias eu olhava o WhatsApp para ver se o “Seu” Fininho estava online, já que havia enviado mensagem para ele me apresentando e dizendo qual o objetivo do contato, ou seja, localizá-lo a pedida de sua irmã Maria Fátima e da sobrinha Katiane. Na sexta-feira, dia 2 de abril, ele apareceu online às 17h23, mas não respondeu minhas mensagens. Continue insistindo, mas nada. Na noite de sábado, 10 de abril, por volta das 20h observei que o garimpeiro Fininho estava online e enviei mensagens, liguei no convencional e nada. Deixei mensagem de áudio e nada. Então, fiz o relato para a sobrinha dele e pedi para ela mesmo fazer o contato. Graças a Deus ele respondeu, confirmou os dados e confirmou que é o Antônio Gomes da Luz, o Tonheira ou Fininho. Explicou que está em um garimpo no interior de Roraima, onde só chega de avião, e a internet só pega em um ponto bem distante do acampamento, por isso que não estava conseguindo responder às mensagens do repórter. Disse que assim que retornar para  Boa Vista, dentro de um mês,  comunicará para a Katiane e um reencontro será agendado na capital de Roraima ou em Parauapebas.

Dona Maria Fátima há 38 anos quando o irmão Antônio Luz desapareceu e não deu mais notícias

 

Para a sobrinha Katiane, Fininho disse que estava muito feliz e que quer rever as irmãs em breve. Aí, ele conversou com a irmã Maria Fátima, com quem não falava há 38 anos. Os dois se cumprimentaram e choraram ao telefone. Foi muito emocionante.

A primeira resposta do maranhense Antônio da Luz Gomes foi esta:

Estou muito feliz. Agora posso dizer que estou em casa. Me achava sozinho no mundo, mas agora encontrei vocês, e estou muito feliz. Qualquer dia vamos nos ver e ficar tudo pertinho. Tenho um casa em Boa Vista, tenho um sítio, estou trabalhando, tenho umas coisinhas e está tudo bem, e agora estou feliz com a notícia de vocês.

A Katiane também ficou muito emocionada e feliz e enviou a seguinte mensagem:

Coloquei nos grupos da família e dos amigos, está todo mundo ansioso. O povo não sabe se chora ou se pula de alegria com tanta ansiedade para ver o tio Tonheira. Muito obrigado.

Como sempre, também fiquei emocionado e chorei com a confirmação de que havia desvendado o 13º caso de pessoas desaparecidas em dois anos e cinco meses.

Agradeço a Deus em primeiro lugar, à policial civil Adriana Mesquita, de Fortaleza, ao amigo Paulo Moreira, de Parauapebas, ao tenente Romário e ao sargento Emildes, de Boa Vista, e a todos que rezaram ou oraram para que eu obtivesse sucesso em mais uma missão social abençoada pelo o Homem de Nazaré.

Não importa o tempo ou o motivo do desaparecimento. O importante é o reencontro e as famílias voltarem a ser feliz novamente.

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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