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Queimadas se espalham em Parauapebas e colocam em risco idosos, crianças e o meio ambiente

Durante o verão amazônico, focos de incêndio se espalham por áreas urbanas e rurais, colocando em risco a saúde da população e o meio ambiente

Com a chegada do verão amazônico, período marcado por altas temperaturas e estiagem prolongada, Parauapebas vive novamente uma onda crescente de queimadas em diferentes regiões do município. Moradores têm recorrido às redes sociais e veículos de imprensa para denunciar, por meio de fotos e vídeos, a fumaça intensa, o cheiro forte de queimado e os prejuízos causados à saúde — principalmente de crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias.

Os focos de incêndio se espalham por bairros da zona urbana, áreas periféricas, loteamentos e comunidades rurais, dificultando o controle das chamas e tornando o cenário preocupante. Ruas tomadas por fumaça e vegetação queimada já fazem parte do cotidiano em muitos pontos da cidade. “É todo dia o mesmo sufoco. Não conseguimos abrir as janelas de casa. Meus filhos já estão com crises alérgicas por causa da fumaça”, relatou uma moradora do Bairro Cidade Jardim, em vídeo enviado ao Portal Pebinha de Açúcar.

Decreto é publicado, mas ações ainda são tímidas
Diante do agravamento da crise ambiental, a Prefeitura de Parauapebas publicou no Diário Oficial, no último dia 7 de julho, o Decreto nº 2.796/2025, que institui o Comitê Integrado de Prevenção e Combate às Queimadas e Incêndios. Apesar da importância da medida, os efeitos práticos ainda são discretos — e a população tem se mostrado impaciente com a ausência de respostas rápidas e visíveis.

Coordenado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semma), o comitê conta com a participação de outras pastas, como Urbanismo, Saúde, Produção Rural, Educação e Segurança, além da Defesa Civil, Guarda Municipal e SAAEP. Entre suas atribuições estão a elaboração de um plano de ação, a instalação de um centro de monitoramento e o atendimento a emergências ambientais.

No entanto, até o momento, os trabalhos permanecem tímidos e ainda longe de dar conta da realidade enfrentada pela cidade, onde os focos de incêndio continuam crescendo. “É preciso sair do papel. A população não aguenta mais respirar fumaça. Crianças estão adoecendo. O comitê precisa funcionar de verdade, com ações de campo, fiscalização e combate imediato aos focos”, criticou Manoel Batista, ouvido pela reportagem.

Região em estado de emergência ambiental
A criação do comitê local está amparada pela Portaria nº 1.327/2025 do Ministério do Meio Ambiente, que declarou estado de emergência ambiental para diversas regiões do Pará — incluindo a mesorregião Sudeste, onde Parauapebas está localizada. O alerta federal compreende o período entre maio e dezembro, justamente por ser o mais crítico em relação a queimadas.

Nos últimos anos, o município tem enfrentado altos índices de incêndios ilegais, desmatamento e poluição do ar, com efeitos devastadores para o ecossistema e para a saúde coletiva. A situação se agrava pela combinação de vegetação seca, expansão urbana desordenada e ausência de políticas preventivas consistentes.

Comunidades rurais e áreas de risco
Além da zona urbana, regiões como Palmares Sul, Garimpo das Pedras, Cedere I e comunidades próximas a áreas de preservação também vêm registrando focos recorrentes de incêndio. O risco atinge assentamentos, áreas agrícolas, reservas indígenas e até zonas próximas a escolas e postos de saúde, comprometendo a segurança e o acesso a serviços básicos.

O decreto municipal prevê que a sociedade civil e entidades não governamentais poderão participar do comitê, seja por convite ou solicitação. No entanto, moradores afirmam que a comunicação ainda é falha e que não há canais efetivos de escuta ou resposta rápida às denúncias.

Enquanto o fogo avança, a população clama por ar limpo, saúde e resposta do poder público. Em um município com vocação ambiental e cercado por áreas de conservação, o combate às queimadas precisa ser prioridade.

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