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SÉRIE PARAUAPEBAS 33 ANOS: Gaspar Panela Cheia, o homem que desistiu do garimpo de Itaituba para vim morar na “Capital do Minério”

Gaspar Panela Cheia - Pioneiro de Parauapebas

Gaspar Ordemiro Carvalho, o comerciante Gaspar Panela Cheia, nasceu na zona rural pelas mãos de uma parteira em 25 de junho de 1962 em São Miguel do Araguaia (GO). O pai, Josenil Pereira Carvalho (já falecido), era agricultor, e mãe, Terezinha Meira Carvalho, dona de casa e hoje aposentada, mora em Redenção (PA). Ele tem mais quatro irmãos: Belchior, o mais velho, Maria Aparecida, Maria Zélia e Maria Célia Carvalho.
A infância do menino Gaspar foi na roça trabalhando e ajudando o pai e os irmãos. Na adolescência, foi para a cidade estudar e concluiu o ensino médio. “Trabalhei em armazém, no comércio e fui garimpeiro”, disse ele.

A mudança de destino

Com 23 anos, o jovem Gaspar deixou Redenção com destino aos garimpos se Itaituba (PA). Desceu em Marabá, mudou seu destino e resolveu vim conhecer o povoado de Parauapebas, então distrito marabaense.

“Cheguei aqui dia 12 de dezembro de 1985 para fazer uma visitar rápida. Me encantei com o lugar e acabei ficando até hoje e pretendo ficar aqui ainda por muitos anos. Ou melhor, até ficar bem velhinho”, afirmou.

A chegada

“Cheguei aqui e me hospedei no Hotel e Restaurante Sombra da Mata, do Sr. Manelito, em frente ao Sesp, hoje Hospital Regional de Parauapebas. Tomava café na Mercearia Tucuruí. Fazia lanche na Lanchonete do Mineiro, que era administrada pelo hoje empresário Van, do Frigorífico. O Van havia arrendado a lanchonete do tio dele. Também lanchava na Lanchonete Paladar, do pioneiro Chico Nóia, e na Lanchonete do Tetéu. Ia muito no Bar do Peixão, perto da portaria da Vale. E meu primeiro emprego, como ajudante de depósito, foi no Supermercado Terra Seca. Depois trabalhei como vendedor na Loja Aconcilar e cheguei a gerente. Trabalhei por muito tempo com eletrodomésticos. Lembro também da Danceteria Freicar, do Flávio, em frente à Praça Mahatma Gandhi. Lembro ainda das lojas Brasitel, A Pioneira e Guarujá e da Setalar. E lembro muito bem da Churrascaria Gaúcha, do Sérgio; do Pit Dog do Jorge, e do Recanto Bar, tudo no bairro Cidade Nova”, destacou Gaspar.

Ele revelou que depois de trabalhar em lojas, em 1994 foi arriscar a sorte no garimpo do Cumaru (PA), ganhou dinheiro por lá “e voltei com minha independência financeira e abri meu comércio Panela Cheia, que começou como uma distribuidora de bebidas”.

Quatro jogos de cadeiras

Nas décadas de 1990 e 2000, Gaspar trabalhou com depósito de bebidas “e com apenas quatro jogos de mesa para alugar e entregando na bicicleta”, lembra, acrescentando, que o “depósito de bebida atendia ao povo em geral e aos pequenos, médios e grandes eventos da cidade, além de oferecer água de coco e água mineral”.
Segundo ele, o nome Panela Cheia surgiu em agosto em 1994, mas a empresa foi aberta com este nome só em dezembro daquele ano na Rua 16 com a Rua O, onde hoje funciona o jornal Carajás, no bairro União, em Parauapebas. “Me inspirei em uma empresa que tinha esse nome lá em Redenção. Panela Cheia é um nome que serve para todo ramo de atividade: distribuidora, açougue e comércio, é um nome bonito e todo mundo tem ele em casa”, ressaltou.

O casamento

No ano de 1994 a jovem Leciene Batista Carvalho, que já era mãe do Rodrigo Batista, foi trabalhar com o Gaspar em sua distribuidora e os dois acabaram se apaixonando. Deste feliz casamento de 27 anos, nasceu o filho Tony Baltazar. O casal tem quatro netos. (Gaspar tem uma filha, fruto de um relacionamento que teve ainda jovem lá em Redenção).

Emancipação

“No movimento da emancipação não participei muito, não. Era bem jovem, mas fui mesário na eleição do plebiscito de Parauapebas dia 24 de abril de 1988 e na eleição municipal de 15 de novembro do mesmo ano fui mesário de novo. Ou seja, direta ou indiretamente, participei de todos os atos políticos de Parauapebas”, declarou.

 

Política

Gaspar Panela Cheia é um apaixonado por política e faz questão de relatar alguns momentos que ele considera importantes nesta sua história de vida em Parauapebas.
“A eleição de 1992 foi umas das mais bonitas que já vi, apesar de estar na coligação mais fraca, mas mesmo assim fizemos o prefeito, o vice-prefeito e três vereadores”. Em seguida, ele comentou sobre as outras eleições da cidade.
“Em 1988 lembro dos candidatos a prefeito: Dr. Volney, do PDT; Faisal pelo PTB, Carmelita pelo PT; Chico das Cortinas, pelo PMDB; Ernesto Almeida pelo PFL e quem ganhou foi o Faisal. Lembro da eleição dos vereadores Zé do galo, Ney, Luiz Risardi, João Brito, Fernando da ótica, Milton Martins, Mizael e Chico Brito. O Dr. Volnei perdeu a eleição por pouca coisa. Ele estava com a eleição na mão, mas faz parte do jogo. Quem se elegeu foi o Faisal”, comentou.

“Em 1992 fui candidato a vereador, mas não fui eleito. Lembro que eram seis candidatos a prefeito: Nonato do PSDB, que não lembro quem era o vice dele; Dr. Bento e Nazareno como vice; Chico das cortinas e Meire Vaz; a chapa Eduardo e Ney e Otilio, que tinha como candidato a vice o Evaldo, da Loja Opção. E tinha ainda o Asdrubal Bentes concorrendo com o filho do Zé de Areia. E lembro bem dos vereadores eleitos naquela eleição na nossa coligação, em que o prefeito eleito foi o Chico das Cortinas: Valdir da Usina, Zé Batista e Orlando de Medeiros”.

Gaspar como candidato a vereador em 1992

 

“A política de 1996 foi muito atarentada e não teve muito rumo. No começo tivemos a Meire Vaz como candidata, mas ela adoeceu e perdemos terreno. O Faisal teve problema na justiça com sua candidatura e colocou a Bel Mesquita e como vice o Milton Martins. Também foram candidatos a prefeito Dr. Bento Torres Pinto, pelo PPS, o Dário Veloso, pelo PDT, e o Nei Alves da Silva, pelo PL. A Bel Mesquita ganhou a eleição”.

“Em 2000, eu nunca imaginei que a Meire pudesse ser vice da Bel. Era impossível, mas fizemos uma boa costura política e a Bel foi reeleita junto com a Meire. Lembro dos outros candidatos: Cláudio Almeida; o Darci, que tirou apenas mil e poucos votos, e era o mais fraco. Ah, se o Cláudio não tivesse saído da cidade e continuasse fazendo política aqui, ele seria eleito na próxima eleição”.

“Em 2004 o Darci Lermen veio forte e tendo como vice o Pastor Moisés, ganhou a eleição, vencendo o Faisal e o Cláudio Almeida, que já estava fraco, por ter ficado fora da cidade um período”.
“Em 2008, o Darci torna a ganhar de novo, mas tendo como vice não mais o Pastor Moisés, mas o Dr Afonso”.

“Em 2012, é formada a chapa Coutinho e Bel de vice, mas quem ganha a eleição é Valmir Mariano, tendo como vice a Ângela Pereira. O Chico das Cortinas foi convidado para ser o vice do Valmir, mas não quis e concorreu de novo a prefeito, tendo pouca votação. Nesta eleição eu também fui a candidato a vereador. Tive uma boa votação, mas não fui eleito”.

“O Darci volta a ser eleito em 2016, com o Sérgio da Ana Gráfica como vice. O Valmir concorreu com João do Verdurão de vice e o Marcelo Catalão com Dr. Zé Roberto e o Chico das Cortinas foi candidato de novo”.

“Em 2020, o Darci é reeleito tendo como vice o João do Verdurão. Também concorreram as chapas Valmir e Francine; Júlio e Amaury e Marcelo Catalão e Meire Vaz”.

Parauapebas

“Parauapebas representa muita coisa, inclusive oportunidade para muita gente. Ainda dá tempo muita gente vim para cá e recomeçar a vida. Representa tudo na minha vida. Cheguei aqui com 23 anos. Quero ficar bem velhinho nesse lugar, se Deus quiser”.

Gaspar, a mãe, o irmão Belchior e as irmãs no Dia das Mães (deste ano), em Redenção

 

O futuro de Parauapebas

“Precisamos buscar a união da classe política para trazer para Parauapebas um polo de saúde, um polo de educação e um polo de agricultura. Precisamos trazer grandes faculdades, colégios e grandes hospitais. Parauapebas tem um futuro promissor, mas para isso precisamos atrair esses investidores para cá. Eu acho que a prefeitura tem que atrair esses investidores de empresas e indústrias, inclusive uma siderúrgica, oferecendo isenção de impostos, isto é, reduzindo encargos municipais, para gerar emprego e renda no município”.

Por desistir de ir para o garimpo em Itaituba em 1985, ser visionário e acreditar na força do povoado, que se tornaria a grande Parauapebas, por ajudar a construir a cidade economicamente, gerando emprego e renda, e por ser um apaixonado pela cidade, Gaspar Panela Cheia é o nosso homenageado de hoje no projeto “Entrevistas com os Pioneiros”.

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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