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SÉRIE PARAUAPEBAS 33 ANOS: Vamberto, o ex-menino autodidata que fez e faz sucesso com música

Vamberto Pereira, sucesso na música em Parauapebas

Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia, Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Ronnie Von, The Fevers, Golden Boys, Martinha, entre tantos outros grandes artistas do Brasil se destacavam na década de 1960 com o Movimento da Jovem Guarda, que tinha até programa de televisão na TV Record, de São Paulo, tendo como apresentador principal o talentoso Roberto Carlos. A Jovem Guarda era um fenômeno musical.
Enquanto isso, no interior da Paraíba, uma criança não desgrudava os olhos da televisão em preto e branco para assistir àqueles artistas. Alí surgiu o interesse do garoto Vamberto Oliveira Pereira, nascido em 11 de fevereiro de 1961, em Riacho dos Cavalos (PB).

Aldeci, o craque do violão

Era Roberto Carlos e companhia fazendo sucesso em São Paulo, e o menino Vamberto, com 10 anos de idade, vendo de perto o seu primeiro ídolo paraibano: Aldeci de Joaquim de Zeca. “Achava bonito ele tocar violão e acho bonito até hoje quando alguém toca um violão ou uma guitarra. O Aldeci era um exímio violonista e guitarrista. Ficava observando o desenho da nota. Aí pedia emprestado um violão e começava fazer a nota RE só no visor, ou seja, aprendia de ouvido, sem saber o nome de nenhuma nota musical”, afirmou o autodidata paraibano, acrescentando que “o pai e o avô também cantavam muito bem”.

O primeiro violão

– Vamberto sobe aí no trator e vamos alí no Sítio Jenipapeiro (que ficava perto de Riacho dos Cavalos), convidou o pai Antônio Araújo Pereira, naquela época, tratorista da prefeitura. Antes de trabalhar na prefeitura, Seu Antônio foi pescador e agricultor.
O jovem Vamberto subiu no trator e foi lá com o pai e para surpresa dele, o Seu Antônio já havia acertado com um rapaz lá e comprou o primeiro violão para Vamberto. “Foi uma alegria muito grande. Muita emoção. Não esqueço até hoje. Lembro que não era um violão infantil, mas um violão padrão, só que menor”, destacou.

A morte do pai

Aí Vamberto foi cada vez mais se aprimorando ao violão e já no colegial tocava nas festinhas para os amigos ou nas praças para um público maior e sempre tendo um agradecimento muito grande por aquela atitude de seu pai. Quando fala do pai, ele se emociona. “Meu foi assassinado por engano lá em Riacho dos Cavalos”, revelou. A mãe, Marilene de Oliveira Pereira, de 76 anos, mora em Parauapebas desde 1983. O marido dela morou por aqui em 1981. “Ele foi encarregado de desmatamento lá no aeroporto”, disse Vamberto.

Dona Marilene de Oliveira, mãe de Vamberto, tem 76 anos e é pioneira em Parauapebas

 

Irmãos

A família de Vamberto é numerosa. São 11 irmãos: Valmir, Maria do Carmo, Vanderley (falecido), Valniza, Rivelino, Flávia, Vanuza, Ricardo, Antônio Araújo Pereira Júnior e Francisco de Assis Pereira e mais um irmão de criação muito querido por todos, o Marco Antônio. Todos são pioneiros em Parauapebas.

São Paulo e o primeiro casamento

Em 1978, o jovem Vamberto decidiu ir morar em São Paulo, em busca de vida melhor. Lá, trabalhou como fiscal de ônibus, controlador e inspetor de tráfego. “Acordava de madrugada para ir trabalhar. Cheguei a trabalhar a noite também”.
Em 1980 voltou para a Paraíba, conheceu a jovem Maria de Fátima, se casaram e foram morar em São Paulo. Lá nasceram os filhos Leonardo (hoje, supervisor da GHT e músico de primeira) e Vamberto Oliveira Júnior, engenheiro de produção da Vale.
Em São Paulo Vamberto contou com o grande apoio do tio José Soares dos Santos. “Moramos na casa dele um tempo e depois ele arrumou uma casa para nós. De vez em quando tocava e cantava em igrejas e em bares com os amigos, mas por hobby mesmo”, afirmou.

Carajás

O irmão Valmir deu uma rápida passagem pelo povoado de Parauapebas em 1981 quando o pai trabalhava em Carajás, junto com o irmão José Araújo. Seu Antônio e o irmão retornaram em 1982 para a Paraíba.

A família em Parauapebas

Com a morte do pai em 1983, a família decidiu se mudar para Parauapebas. “Meu pai e meu tio sempre diziam que aqui era um lugar muito bom”, lembra o músico.
– Bebé, aqui é muito bom. Larga tudo e venha morar aqui com a gente, disse um dos irmãos, por telefone com ruído, para Vamberto, que residia em São Paulo. Bebé é seu apelido carinhoso no meio familiar. As ligações se intensificaram em 1984 e aí Vamberto aceitou o convite e veio morar no Pará.

O desembarque

“Em abril de 1985 desembarquei no distrito de Parauapebas, na PA, em frente à sorveteria do espanhol Manolo, na esquina da Rua 10, onde funciona a Farmácia Zero Hora, no hoje bairro Cidade Nova. Tinha muito capim e barro, mas me encantei com a cidade e nunca mais saí daqui, a não ser para passear na Paraíba”, afirmou, categoricamente, o pioneiro. Na cidade, nasceu mais um filho, o Renato de Souza Pereira, hoje supervisor de vendas de uma grande empresa.
Anos depois, em Parauapebas, o casamento com dona Maria de Fátima terminou e ele ficou separado por quase três anos, mas não aguentou mais a vida de solteiro e logo se apaixonou.

Kasiany, seu grande amor

– Um belo dia eu vi uma moça muito atraente, Kasiany Alves Andrade, saindo de uma escola, me aproximei, puxei conversa e a convidei para irmos ao famoso Pit Dog do Jorge, onde hoje é o CDC, no Cidade Nova. Conversamos e o namoro aconteceu com muito amor e respeito, garantiu Vamberto. A prima dele, Ana Paula, foi o “cupido do casal”. A estudante Kasiany, de Araguaína (TO), morava em Marabá, quando a mãe dela, que era enfermeira, resolveu vir morar em Parauapebas.

Vamberto, a filha klívia e a esposa Kasiany

 

Segundo casamento

Dia 5 de março de 1995 Vamberto e Kasiany se casaram e deste bonito relacionamento nasceram dois filhos: klívia Pereira, hoje com 25 anos e engenheira de produção, trabalhando na prefeitura de Parauapebas. E kleiton Alves Pereira, 21 anos, cursando agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e também servidor público.

A filha Klívia, no dia da formatura dela em Engenharia de Produção, pela UEPA em Marabá, com o pai Vambero

 

Apontador

Ao chegar a Parauapebas em 1985, Vamberto foi trabalhar como apontador e apropriador da Tenenge Engenharia, em Carajás. Depois, trabalhou na Sincoop, onde foi encarregado de controle e custo; trabalhou no departamento pessoal da Serra Almeida, depois foi para a Elicon. E por último trabalhou na Saenge Engenharia, que fazia a obra de implantação do saneamento básico de Parauaepebas. Eu fui o primeiro funcionário a ter direito a aluguel, mesmo morando na cidade. Fui gerente por muito tempo. Depois que a empresa foi embora, eu ainda fiquei como preposto dela em Parauapebas por dois anos”, disse ele, que depois trabalhou em mais duas empresas no Sossego, mas já misturando as profissões administrativas com a de músico, disse ele.

A desistência

“Mas chegou uma época em que o salário foi achatando. Os mais novos, que entendiam bem de computador, passaram a ganhar mais do que os mais velhos, que trabalhavam com folha de pagamento manual e máquina de escrever, aí eu disse: esse negócio não vai dar para mim não”, afirmou.

Vamberto, o músico

Em 2002, o Vamberto decidiu, então, assumir de fato sua vida de músico. “Peguei uns cheques emprestados com minha sogra e comprei um som fiado lá na loja Léo Lar e a partir daquele dia resolvi de fato trabalhar como músico”, revelou.
“Passei a colocar na cabeça dos empresários que era músico, fazia shows em confraternizações de empresas, aniversários, casamentos, bares, cantando muita seresta e formei a Banda Vanberto e Convidados e a coisa foi crescendo rapidamente. Não tinha tanto músico na cidade e fiz o estilo Vamberto, com bailes românticos e músicas da Jovem Guarda. Era convidado para fazer muitas festas bonitas – tipo amante à moda antiga e a agenda cheia sempre. Foi tudo maravilhoso”, afirmou.

Vamberto e o amigo Lima Rodrigues gravando para o programa Conexão Rural deste fim de semana

 

Emancipação

“Não participei politicamente falando, mas ajudava no que podia e até votei pela emancipação política e administrativa de Parauapebas”.

Momentos marcantes

“Nascimento dos meus filhos e o lançamento da música ‘Minha Querida, Parabéns’, que fiz 2006 em homenagem a Parauapebas e abriu portas e alavancou minha carreira”, afirmou.

Momentos tristes

“A morte de meus avós, do meu pai e do meu irmão Wanderley”.

Parauapebas

“Tenho uma imagem muito boa boa de Parauapebas. Esta cidade representa tudo para mim. Nunca pensei em ir embora. Cresci musicalmente aqui. Conquistei minha esposa aqui. Nunca tive e nem vou ter desgosto com meus filhos. Por isso, vou sempre amar Parauapebas”.

Agradecimento

“Só tenho é que agradecer a cidade pelas oportunidades que ela me deu. A família que constituí aqui e tudo que conquistei na vida”.

CD e DVD

“Já pensei em gravar, mas ainda não gravei por falta de interesse mesmo. Tenho amigos que oferecem estúdios de graça para eu gravar direto, mas fico enrolando. Mas uma hora vai dar certo”.

Realização

Ao 60 anos de idade, Vamberto garante ter conquistado tudo que queria na vida e não tem grandes ambições. Ressaltou esperar “continuar vivendo de música e alavancar cada vez mais sua profissão e ver os netos formados”.

Sonho

“Ir para a praia e ver meus filhos discutindo entre eles sobre quem pagará a despesa. Tipo: eu pago ou hoje quem pago sou eu”, disse ele, sorrindo, no encerrando da entrevista, e reafirmando que é fã de Roberto Carlos, da turma da Jovem Guarda; do Moacyr Franco, e dos saudosos Agnaldo Timóteo, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Luiz Gonzaga, e claro, do serestão”.
Por fazer história musicalmente em Parauapebas, Vamberto Pereira é o nosso homenageado de hoje no projeto “Entrevistas com os Pioneiros”.

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