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Alípio Ribeiro - Colunista

Digo sempre para meus alunos: “vocês têm as mesmas oportunidades, mas não têm as mesmas forças de vontade!” Eles se calam e se conformam. Não reagem. São submissos, resignados com o fato de terem nascido para seguir vida simples e humilde das gerações que os precederam.

Fui educado na ponta do chicote. Meus pais não me ensinavam a ser correto, mas me corrigiam se eu agisse incorretamente. Eles me deram comida, casa, brinquedos, roupas, me mandaram trabalhar e me mandaram para a escola. Lá eu aprendi o que eu deveria fazer para ter uma vida digna e melhor. Na minha infância, vendi picolé na rua, fui engraxate, trabalhei na fazenda dos meus pais. Eles diziam que, para ser homem, eu teria que trabalhar.

A maioria dos meus alunos têm as mesmas oportunidades, os mesmos professores, padrões de vida iguais, ou seja, são da classe pobre. No entanto, uns poucos  se destacam, tiram notas boas em todas as matérias, fazem as tarefas. E ainda há alguns que trabalham para ajudar nas despesas da casa. Por que os outros não fazem o mesmo? Não conseguem os mesmos resultados? De cada 100 alunos que concluem o ensino médio no Brasil, 05 terminam uma faculdade. Repito sempre a mesma história de que eles se encontrarão num futuro próximo. Um, dentro de um carro novo, rico; muitos outros estarão pedindo para lavar o carro do ex-colega, estarão trabalhando nos postos de gasolina enchendo o tanque do carro do colega rico. Será que o colega rico nasceu para ser rico?

Um empresário escolheu 50 pessoas de diversas partes do país. O que elas tinham em comum era o fato de terem rendas similares, na faixa de 03 salários mínimos cada uma, a mesma faixa etária e o mesmo grau de escolaridade: ensino médio. Ele deu 100 mil reais para cada uma das pessoas escolhidas. Inventou um sorteio e fez chegar a grana até elas. Um ano depois, foi ver o que as 50 pessoas fizeram com o dinheiro. 48 usaram os 100 mil para coisas materiais como carro, móveis, viagens, etc. No final das contas, em nada progrediram. Continuaram as vidas anteriores, ganhando pouco e, a maioria das 48, com mais despesas para pagar. Carro custa caro para manter, eletrodomésticos e eletrônicos gastam mais energia. Apenas 02 pessoas investiram a grana. Uma abriu uma lanchonete; a outra comprou um táxi. E melhoram o padrão de vida e passaram a ganhar mais. Estes 02 nasceram para brilhar?

Acompanhei uma família que proporcionou tudo ao filho para que ele pudesse estudar e fazer uma faculdade. O filho, com 19 anos, só queria dormir, navegar na rede, jogar baralho on-line. O pai o mandou para fora de casa. Ele nasceu para isto? O que me fez ser professor e advogado? Meu desejo de buscar algo melhor e que eu gostasse de fazer. Deus não é um gênio da lâmpada para satisfazer os desejos dos filhos. Mas Ele oferece condições para que o filho cresça. Ninguém nasce para ser bandido, policial, gari, médico, rico, pobre. Já se foi o tempo da escravidão em que filho de escravo nascia para ser escravo também! Quem define o destino é a pessoa. É o desejo de crescer e ser melhor. Mas, alguém tem que servir, limpar a sujeira, lavar o carro, ser pau-mandado! Outros têm que mandar! Aqueles que se acomodam, servem. Aqueles que buscam algo melhor, são servidos.

E como ficaria o mundo se todos buscassem o melhor? Ficaria melhor, não? Uma aluna me disse que nasceu para ser policial militar. Era o sonho dela. Que não queria outra coisa. É uma questão de aptidão, de vocação. Por incrível que pareça, há pessoas que nascem e crescem querendo ser garis, peões, médicos. Conheço um analista judiciário que passou num concurso para juiz, não gostou, pediu exoneração e voltou para o cargo de analista. Conheço advogado que largou a profissão para ser padeiro; médico que foi ser pedreiro; rico que foi viver na pobreza… Para estes, pode ser dito: “você não nasceu para isto”? Tenho certeza que não! Para estes, pode ser dito: “você nasceu para fazer a sua escolha”!

Então, escolha você também. Vai escolher ficar aí sem fazer coisa alguma? Então, não reclame! A vida é um caminho para a frente. Vá, enfrente! Ou fique aí, de boa! E não me venha com cara de choro, de coitadinho, depois.

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Ei, Psiu! Já viu essas?

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