O Dia Internacional do Combate ao Câncer Infantil, lembrado em 15/2, serve para chamar a atenção da sociedade para a doença que, a cada ano, atinge mais de 12 mil crianças e adolescentes, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). O Pará tem se tornado referência no tratamento à doença, principalmente por conta da atuação de duas unidades de saúde: o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, e o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém. Ambos são gerenciados pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Inaugurado em 2015, o Hospital Oncológico Infantil já é uma referência no diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil no Norte e Nordeste do País. Sem filas de espera, a unidade atende gratuitamente e de forma humanizada, a cerca de 700 crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de diversos municípios do Pará.
Euclides Rodrigues Moraes acompanha o filho de 15 anos, em tratamento no Oncológico Infantil há cerca de seis meses. Vindos de Gurupá, município localizado no nordeste paraense, os dois enfrentam o segundo câncer do jovem. “Passamos por isso quando ele tinha três anos e agora estamos aqui novamente. Tem sido um tratamento diferente porque hoje ele já um adolescente. A equipe médica é ótima e acreditamos que vai dar tudo certo”, contou. O pai, assim como o filho, aguardava ansioso pela penúltima sessão de quimioterapia, das dez agendadas.
Para a médica oncologista pediátrica, Alayde Vieira, a atenção de Euclides com a saúde do filho nos dois momentos de descoberta da doença é um dos fatores que pode fazer a diferença no tratamento do câncer. “Hoje, as pessoas precisam entender que o câncer é uma realidade entre crianças e que quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de cura”, explicou Alayde.
A médica fez mais um alerta sobre os sintomas do câncer. “Quem está ao lado das crianças, precisa ficar atento e desconfiar sempre de sintomas como a palidez progressiva, a falta de apetite, as febres constantes, os sangramentos, os inchaços pelo corpo, principalmente porque alguns desses sintomas se confundem com o de doenças típicas da nossa região”, aconselhou.
Em outro extremo do Pará, o Hospital Regional do Baixo Amazonas oferece suporte para toda a demanda do Oeste do Estado, que possui população estimada em mais de 1,1 milhão de pessoas. Atualmente, a unidade atende quase 1.800 pessoas em tratamento de câncer. Destas, cerca de 60 são crianças e adolescentes. Os cânceres mais frequentes são leucemia (50% dos casos), renal (9%) e Linfoma de Hodgkin (7%). O hospital oferece tratamento especializado em câncer infantil desde 2013.
A filha de seis anos de Tiane Werneck está há um ano e quatro meses em tratamento contra a leucemia. A mãe destaca a humanização como um diferencial do HRBA. Durante o Carnaval, por exemplo, mãe e filha se divertiram durante o bailinho realizado no próprio hospital. “Minha filha estava contando os segundos para chegar o dia da festa. Todo dia ela perguntava ‘quando é?’ e quando eu soube a data, imediatamente ela pediu uma fantasia”, contou Tiane.
Ações como essas fazem toda a diferença para o sucesso dos tratamentos. “Temos sempre o objetivo de fazer com que os pacientes vivam momentos de alegria, desviando o olhar da doença, que está sempre presente num hospital. Além de tratar a doença, devemos proporcionar alegria e diversão, porque, também, são fundamentais para esse processo”, disse a terapeuta ocupacional Tereza Tavares.