O concurso do Corpo de Bombeiros foi mantido apesar da tentativa de fraude descoberta durante a prova realizada neste domingo (24), em Belém. O anúncio foi feito pela secretária de Estado de Administração (Sead), Alice Viana, em conjunto com o comandante do Corpo de Bombeiros do Pará, coronel Zaneli, durante entrevista coletiva realizada na sede da Sead na tarde desta segunda-feira (25).
A titular da Sead explicou que o gabarito encontrado com o grupo que tentou fraudar o concurso para a formação de praças dos Bombeiros não tinha acertos suficientes para uma possível aprovação no certame.
‘Eram quatro tipos de provas, foram encontrados gabaritos apenas do tipo de prova verde e o número de acertos deste gabarito em relação ao oficial divulgado hoje foi de apenas sete questões’, explicou. Citando o edital do concurso, a secretária diz que tal pontuação não garante a aprovação no concurso. ‘Para um candidato ser aprovado ele precisa ter, no mínimo, 50% de acertos, o que significam 30 questões’, destacou.
PM armou ‘campana’
O delegado-geral da Polícia Civil, Rilmar Firmino, explicou que a tentativa de fraude foi descoberta pelo setor de inteligência da Polícia Militar. ‘A PM montou uma campana, quando o Beckembauer copiou o gabarito em um quadro e as pessoas estavam copiando as respostas foi dado o flagrante. Eles não conseguiram passar nenhum gabarito’, explicou o delegado.
A investigação mostrou também que Beckembauer Freitas Lima pretendia enganar quem tentou a aprovação fraudulenta. Rilmar informou que o fraudador pedia adiantamento de R$ 150 aos candidatos e acertava o pagamento de R$ 8 mil em caso de aprovação. ‘Pelo meio utilizado (telefone celular), seria impossível concretizar este plano. As mensagens não foram enviadas. Cada colaborador teria que fazer pelo menos 60 ligações’, detalhou.
A nota técnica divulgada pela organizadora do concurso, a Consulplan, diz que o homem apontado como líder dos fraudades, Beckembauer Freitas Lima, teve a inscrição para o concurso indeferida por ter mais de 27 anos de idade. A Consulplan diz que por isso a única hipótese a ser considerada é a de que Beckembauer apresentou documento de identidade falso para entrar no local de realização de prova. O uso da identidade falsa foi confirmada por ele em depoimento ontem na Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE).
A organizadora ressaltou que foram tomadas uma série de medidas para garantir a segurança do concurso, entre elas a distribuição de quatro tipos de provas diferentes aos candidatos, contratação de seguranças para fiscalização em todos os locais de provas, lacre de equipamentos eletrônicos e objetos não permitidos de todos os candidatos, uso de detectores de metal para quando os candidatos precisassem ir ao banheiro, acompanhamento por dois candidatos da verificação dos lacres dos malotes de segurança que continham as provas, utilização de cadeados eletrônicos nos malotes das provas, restrição de saída portando o caderno de provas até os trinta minutos finais do término da prova e o cruzamento de dados no banco de inscritos para identificar candidatos que já tenham se envolvido em ocorrências em concursos anteriores.
O grupo preso ontem foi autuado por falsidade ideológica, formação de quadrilha e fraude em concurso público. Dos 47 adultos detidos – dois adolescentes faziam parte do grupo, 44 foram soltos ontem mesmo mediante o pagamento de fiança.
Três continuam presos, são eles: Beckembauer Freitas Lima, que vai responder pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento público e fraude em concurso público; Jonatha Mendes da Trindade, que vai responder por fraude e falsificação de documento, e Diego da Conceição Ramos, que vai responder por falsifcação de documentos e fraude em concurso público.
A polícia continua as investigações para descobrir as pessoas que pagaram pelos ‘serviços’ do grupo liderado por Beckembauer.
Reportagem: ORM News