Que o Produto Interno Bruto (PIB) não é o melhor indicador para medir o desenvolvimento de uma região, isso é fato. Mas que parte dele – se manejado com eficácia – ajuda a manter as contas públicas em dia, ajuda, e muito. Ainda assim, um rico lugar no mapa do Brasil deixa a desejar em se tratando de contas enxutas. É Parauapebas, considerado a “Capital do Minério” brasileira e, atualmente, o mais rico município paraense, com produção de riqueza anual superior à de Belém.
Uma pesquisa do Estadão Dados divulgada no sábado (4) mostra que o município tem gastos públicos maiores do que o que sua economia gera de imposto sobre a produção, somando-se as arrecadações municipais, estaduais e federais.
Na checagem de dados do “PIB dos Municípios 2011”, pesquisa elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada em dezembro passado, a Prefeitura de Parauapebas aparece com um dos maiores saldos negativos do Estado, R$ 68.681.993.
É, na verdade, um contrassenso, considerando-se que o PIB municipal é de R$ 19.897.434.661, o que faz do lugar a maior praça financeira do Pará. Além disso, a prefeitura local embolsou sozinha R$ 450.805.592,51 em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), os royalties de mineração. Também arrecadou outros R$ 288.161.180,77 em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), nada visto por outra prefeitura do Pará e do Brasil de mesmo porte.
DESTAQUE
No lado oposto ao da prefeitura com maior defasagem entre arrecadação e gastos públicos está a Prefeitura de Marabá, que, mesmo sem o cacife financeiro de Parauapebas, tem o quarto maior superávit da Amazônia, região que tem, hoje, 792 municípios.
Marabá, detentor do maior movimento comercial do interior paraense, apresentou R$ 91.757.878 de “equilíbrio financeiro”, conforme aponta a pesquisa do Estadão Dados. Manaus, capital do Amazonas, é o primeiro colocado no ranking, com R$ 5.345.902.899 de lucro, seguido por Belém, capital paraense, com R$ 681.317.771. Barcarena, no Pará, é o terceiro colocado, com R$ 600.181.280, seguido, então, por Marabá.
Para chegar a essas conclusões, não são levados em conta somente gastos públicos das prefeituras, e sim todos os gastos das três esferas do Executivo, conforme o Estadão Dados. Além disso, investimentos não contam como gasto público; são consideradas apenas as despesas de custeio, ou seja, pagamento de aposentados, transferências de renda, salário de servidores, gastos de manutenção de órgãos públicos, entre outros.
Reportagem: André Santos / Foto: Irisvelton Silva