Nos próximos dias, o Brasil vai conceber sua 15ª associação de engenheiros de minas aqui no Pará. O estado, que é o segundo mais forte minerador do país, deverá superar Minas Gerais na produção extrativa mineral na próxima década. O engenheiro de minas Artur Alves, formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e mestrando pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV), é quem encabeça o projeto de tornar a associação uma realidade.
Juntamente com outros profissionais, Alves visualiza a necessidade urgente de uma associação classista, diante do número crescente de novos engenheiros de minas que o mercado de trabalho recebe por ano. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), há 29 cursos de Engenharia de Minas espalhados no país em andamento, um deles no Pará — no município de Marabá, sede da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), que ainda era UFPA quando Alves se formou.
Dez anos atrás, quando Artur ainda prestava vestibular para a UFPA, havia apenas 14 cursos de Engenharia de Minas, e apenas um deles em toda a Amazônia, justamente a graduação do Pará. Hoje, há três instituições de ensino superior oferecendo a formação na região amazônica, que nos próximos meses vai ganhar mais dois cursos, justamente no Pará: um em Juruti e outro em Canaã dos Carajás.
NECESSIDADE
Além da quantidade de formandos, o número de profissionais é expressivo. Atualmente, cerca de 4.600 engenheiros de minas estão cadastrados na base de dados dos Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Crea), sendo que 151 fizeram seu registro no Crea do Pará.
“É um número considerável de engenheiros de minas que estão no mercado, ou que não estão, e aos quais a associação precisa servir”, observa Alves, destacando que a associação terá como atribuição, entre outras coisas, congregar os diplomados em Engenharia de Minas e com registro no Crea, manifestar-se em nome de seus associados sobre temas ligados à mineração, ao exercício da profissão e ao seu ensino, bem como orientá-los sobre suas responsabilidades técnicas, bastante confundidas com as atribuições de um geólogo, por exemplo, mas substancialmente diferentes.
Para o também engenheiro de minas e jornalista André Santos, que comprou a ideia de criação da associação, as vantagens para a sociedade paraense serão positivas. “Há muita besteira divulgada por aí sobre a mineração, que é vista como vilã por um conjunto de leigos e desinformados. A associação, por meio de seus profissionais, terá voz e vez para posicionar-se em questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável, entre as quais a defesa racional de aproveitamento econômico dos bens minerais do Pará, com a melhor técnica de engenharia disponível e com respeito ao meio ambiente amazônico”, explica, ressaltando que o Pará desbancou Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, nos últimos três anos, e já é a segunda praça do país em números de profissionais em atividade, atrás apenas de Minas Gerais.
Mesmo com o momento econômico delicado, que reduziu a quantidade de postos de trabalho para engenheiros, o Pará ainda tem capacidade de criar vagas dada a abertura de novas fronteiras de mineração. “Na próxima década, com a abertura de novos empreendimentos minerários, devemos ter tantos engenheiros de minas trabalhando na indústria extrativa quanto Minas Gerais”, projeta André, afirmando que há estados brasileiros com muito menos engenheiros de minas e com mineração menos expressiva, mas com associação criada desde o início da década de 1980.
REPRESENTAÇÃO
De acordo com Artur Alves, o Estatuto da associação está sendo rigorosa e criteriosamente elaborado a fim de que possa dar espaço às dezenas de estudantes de Engenharia de Minas que há no Pará. A ideia é que a entidade já nasça com profissionais e aspirantes, democraticamente, para que todos se sintam representados. “Vamos tirar a Engenharia de Minas do banco da universidade e das minas longínquas e aproximá-la da sociedade”, almeja, explicando que, neste primeiro momento, a capital do Estado, Belém, será a sede provisória da entidade, em razão da facilidade institucional para dar celeridade no processo de criação da associação.
No futuro, a sede deverá ser levada a Marabá, para ficar mais próxima dos profissionais paraenses, a maioria dos quais trabalhadores da região de Carajás. De acordo Alves, no máximo em um ano, após superados os trâmites administrativos, a sede se fixará em Marabá. “Por ser polo e estar em região privilegiada, em termos de mineração, Marabá é o município mais indicado para ser sede da associação, além de contar com um polo universitário que congrega a Faculdade de Engenharia de Minas”, justifica.
A ideia é de que a associação passe a receber os primeiros associados nas próximas semanas e que em breve tenha portal de serviços e notícias próprio, para pautar a imprensa regional com análises e informações diversas sobre o setor em que o engenheiro de minas atua. “No segundo semestre, estaremos funcionando de vento em popa”, finaliza o engenheiro Artur Alves.