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EXPORTAÇÕES: Parauapebas livra Brasil e Pará de vexame na balança comercial

Parauapebas exportou 1,09 bilhão de dólares nos dois primeiros meses deste ano, e o minério de ferro é responsável por 99,44% desse valor. Quem apresenta o dado com exclusividade é o engenheiro de minas André Santos, ao fazer releitura dos valores disponibilizados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) na manhã de ontem, terça-feira (7). Os números da Balança Comercial revelam que Parauapebas já exportou, em dólar, mais que o dobro do mesmo período do ano passado.

De acordo com Santos, Parauapebas continua em alta no cenário nacional como segundo maior exportador do Brasil, sendo superado apenas pelo município do Rio de Janeiro, que exerce função de polo industrial, comercial e portuário. “Em apenas dois meses deste ano, já foram lavrados 20,1 milhões de toneladas de minério de ferro das minas localizadas em Parauapebas. É uma quantidade de ferro suficiente para erguer 2.750 unidades da torre mais famosa do mundo, a Torre Eiffel, em Paris, capital francesa”, compara.

Maior especialista em indicadores da região, o engenheiro de minas informou que a mineradora multinacional Vale vem batendo recorde sobre recorde nas costas do município, que assiste a tudo sem surpresas. Só para ter ideia de como isso é patente, as exportações saltaram 148% na comparação entre 2016 e 2017, turbinadas pela alta no preço da tonelada do minério de ferro, que rompeu a casa de 90 dólares dias atrás, mas tem apresentado declínio, estando cotada nesta quarta-feira a 87,19 dólares.
O que é “cruel”, segundo ele, é perceber o fato de que tão veloz quanto o aumento da retirada do minério, do qual a China compra 57%, tem sido a ampliação do desemprego, da pobreza e da miséria nas cercanias da área urbana. “O processo de periferização em Parauapebas é sentido com mais intensidade porque é sabido que aqui é lugar de onde saem anualmente bilhões de dólares em commodities minerais”, comenta o engenheiro.

Ainda conforme Santos, as pessoas podem não conhecer fisicamente a “Capital do Minério”, mas têm certeza de uma coisa: Parauapebas é um município rico. O imaginário da existência da Serra dos Carajás e da própria estadia da Vale por aqui contribui, afirma ele, para essa espécie de “déjà vu” de riqueza. “Mas que ninguém se iluda: enquanto as estatísticas de exportações bateram a casa de 1 bilhão de dólares em janeiro e fevereiro, no dia de hoje temos 14 mil pessoas passando fome na periferia. Quem duvidar é só ir conferir nos complexos VS-10, Altamira, Tropical, Nova Vida e na comunidade que se espalhou entre Parauapebas e a Palmares 1. E leve cestas básicas para diminuir o sofrimento de famílias carentes”, recomenda.

‘MALAS SEM ALÇA’

O engenheiro de minas observa que o dinamismo de Parauapebas o condena a carregar nas costas o que chama “malas sem alças”: o Brasil (afundado em crise econômica, desemprego e corrupção) e o Pará (chafurdado em indicadores socioambientais precários), além da Vale a tiracolo. Ele explica que Parauapebas é o maior gerador de lucros negociais para o Brasil, ao creditar 1,08 bilhão de dólares ao superávit nacional — quase 300 milhões de lucro a mais que o segundo colocado, o município fluminense portuário de Angra dos Reis. Quanto ao Pará, André Santos diz que dispensa comentários. “Parauapebas é responsável por 52% das exportações paraenses. Sabe o que isso quer dizer? Que, de cada dois dólares ou dois reais que o Pará vende, um dólar ou um real tem origem aqui no município. E qual o retorno que Parauapebas tem do Estado do Pará? Um ‘parar’ geral: tudo parado por aqui”, ironiza.
O mesmo vale, diz ele, para outras estrelas da região na Balança Comercial, como Marabá e Canaã dos Carajás, que oferecem a custo zero milhões de dólares em lucro ao Brasil e ao Pará, recebendo quase nada de retorno. “A região mais rica do Brasil, em termos de exportações e de superávit, é também a mais esquecida do país. É a lógica perversa a partir da qual nossos municípios se tornaram quintais da indústria extrativa mineral e das mazelas governamentais históricas de si mesmos”.

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