Mais uma ótima safra de cajá vem sendo comemorada em Curionópolis, na região de Carajás: no último sábado (27), agricultores de quatro assentamentos federais reuniram-se para a edição 2024 do festival em homenagem ao fruto.
A contar da estreia, a Festa do Cajá é organizada pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), em parceria com a Associação dos Pequenos e Médios Produtores Rurais do Leandro (Asprul) e com o apoio da Prefeitura e da iniciativa privada. Embora na maior parte do Pará use-se a denominação “taperebá” para aquele fruto azedinho amarelo, na região a significativa imigração nordestina criou o costume de chamar de “cajá”, consagrando o nome oficial do evento.
Por mais uma vez consecutiva, a décima, a sede, Vila Curral Preto, no Rio Sereno, movimentou-se com um público de mil pessoas sobretudo das comunidades Barreiro Cocal, Cachoeira Preta, Ipiranga e Sereno.
A programação diversa incluiu cavalgada, concurso de Miss Cajá e disputa de mais produtividade e de melhor catador.
Sucesso – A explicação para tanta celebração é que Curionópolis, famoso pelo garimpo de Serra Pelada, cada vez mais vem ostentando outro tipo de ouro: o extrativismo sustentável de árvores nativas de taperebá, na adaptação às paisagens até então dominadas pelos pastos da pecuária.
Na colheita atual, que começou em dezembro de 2023 e se estendeu até abril de 2024, foram cerca de 840 toneladas, o que representou um aumento de 5% em relação aos resultados do período anterior. A comercialização para as 35 famílias atendidas de forma direta pela Emater representou um faturamento da ordem de R$ 1 milhão.
De acordo com o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Raimundo Jorge Lima, a exploração racional do taperebá nativo é uma estratégia de segurança alimentar, geração de trabalho e renda e, ainda, preservação ambiental. “Uma das propostas de atendimento da Emater, por exemplo, é difusão tecnológica, com a possibilidade de as cajazeiras serem engendradas como cercas vivas das áreas de pasto e ferramenta de sombreamento para o gado”, comenta.
Outros esforços da Emater para a cadeia produtiva têm sido o incentivo ao plantio, além do extrativismo, e a catalogação das árvores existentes.
Experiência – Atendido pela Emater “desde sempre”, em palavras próprias, Rosalino Francisco Santana, de 60 anos, considera o cajá uma parte importante de seu Sítio Novo, onde trabalha também com cultivo de milho, mandioca e criação de gado. A família vende o que colhe do fruto para uma cooperativa de Parauapebas, município-pólo, e consome no dia a dia, na forma de suco.
“É muito suco aqui. Temos um bocado de árvores, muitas mesmo. Com certeza é uma atividade lucrativa e interessante pra gente. Com mais aproveitamento, mais apoio, o caminho é deslanchar”, relata.
A demanda mais imediata do agricultor em relação à cadeia produtiva é de uma agroindústria comunitária, para estocagem e processamento.
Reportagem: Aline Miranda