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Garotinha de 2 anos é picada por carrapato e morre de febre maculosa em Parauapebas

“Não estamos procurando culpados; essa não é essa a nossa intenção”. Afirmações de Kléber Martins de Almeida e Ediane Silva Lopes. Eles são os pais de SOPHIA LOPES DE ALMEIDA, que morreu no dia nove de maio deste ano, 2017.

Quem falou com nossa equipe de reportagens foi Sinara da Silva Albuquerque e relatou a trajetória da criança de apenas dois anos e meio de idade que, segundo ela, poderia estar viva.

Sinara, que é madrinha de Sophia, conta que dia 28 de abril, uma quinta-feira, a criança foi picada por um carrapato, no rosto, removido rapidamente pela sua mãe que, imediatamente, limpou o local com álcool e tudo ficou normal. Mas ela lembra que tudo mudou 7 dias depois, no dia 4 de maio, quarta-feira, quando Sophia apresentou sintomas de febre e dor, sendo levada pela manhã para a Clínica Cristo Rei, onde foi diagnosticada com infecção na garganta, medicada e liberada para voltar para sua casa.

Porém, os medicamentos não foram suficientes para resolver os problemas da criança, que se agravaram com o surgimento de manchas avermelhadas por todo o corpo, sendo preciso ser levada às pressas mo final da tarde ao Hospital Yutaka Takeda, tendo seu estado agravado com convulsões, motivo que necessitou ser removida (entubada) às pressas em UTI aérea.

O destino da pequena paciente foi Belém do Pará, onde chegou ao amanhecer do dia 6 de maio no Hospital Vida Mamaray, mas antes do meio dia, a triste notícia foi dada à família: Sophia havia tido morte encefálica; o que para a medicina é quadro irreversível.

Cheia de vida, Sophia aparece nesta foto de arquivo familiar

Com a morte de Sophia, a mãe lembra que falou ao médico na Clínica Cristo Rei que a filha havia sido picada por um carrapato, sete dias antes de ter sido levada àquela clínica, porém, segundo ela, sua informação foi ignorada.

Com os levantamentos para o a conclusão da Certidão de óbito de Sophia, ficou confirmada morte por Febre Maculosa. Uma novidade para a população de Parauapebas, mas que, pelos modelos sanitários aplicados pelas autoridades em saúde, pode estar exposta a novos casos.

A doença é desenvolvida em um mamífero roedor de grande porte, a capivara, cujo nome científico é: Hydrochoerus hydrochaeris. Neste animal é desenvolvida a bactéria rickettsia.

 

Mas como pode em um perímetro urbano?

Ocorre que os loteamentos surgidos depois de 2010, nos quais, para cumprir a legislação, foram reservadas áreas de preservação ambiental. E é nestas áreas que o roedor ainda pode ser encontrado.

Mas como a doença pode ter chegado à residência da família de Sophia?

É aí que entra a ação do, que muitos podem identificar como, acaso.

Nos mesmos lugares em que as capivaras frequentam, também é local visitado por cavalos que, por viver soltos, perambulam por lá. E é aí onde começa a jornada da doença até os seres humanos.

A capivara que hospeda a bactéria rickettsia a transmite para carrapatos, estes pegam carona nos cavalos até as ruas da cidade onde encontram animais domésticos como, por exemplo, o cachorro e é nestes que continuam a caminhada até às residências.

No caso em questão, que levou Sophia a óbito, faz todo sentido, já que no bairro em que família mora, Cidade Jardim, existem as citadas áreas e muitos cavalos soltos.

A celeridade da bactéria em atingir o cérebro da criança se deu, segundo o parecer médico, por causa da localização da picada do carrapato contaminado, o rosto; e como a bactéria propaga pela corrente sanguínea ela se aloja no órgão mais próximo em um período máximo de sete dias, matando ou deixando com sequelas irreparáveis.

O objetivo do registro, segundo Sinara Albuquerque, não é buscar culpados, mas evitar que outras pessoas passem por situação semelhante e que o poder público tome medidas para evitar a propagação da doença. “Um município que gasta com shows milionários e não se preocupa com a saúde pública é vergonhoso”, conclui Sinara, que fez um post em sua conta no Facebook e pede que todos compartilhem para que tome força e comova as autoridades.

Prevenção

A medida paliativa é a construção de um Centro de Controle de Zoonozes, que, apesar de ter tido projeto pronto no governo anterior, nunca saiu do papel por conta de impasse com o Conselho de Saúde, porém, com a mudança de gestão, a unidade deve ser construída em breve.

Os animais soltos pelas ruas de Parauapebas continuam sendo perigo eminente e com a presença da bactéria rickettsia pode se tornar uma “bomba relógio”.

Confira abaixo os documentos disponibilizados à família da garotinha pelos hospitais:

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Reportagem: Francesco Costa / Da Redação do Portal Pebinha de Açúcar

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