Poucos meses após uma super reforma administrativa aprovada às pressas pelo parlamento na legislatura passada e que prometia, com a extinção de várias secretarias, economias no orçamento, o ato foi visto como “mais uma nomeação polêmica” e o reforço de que cortar gastos não é a meta, de fato, na reestruturação do organograma do Poder Executivo.
O petista Carlos Bordalo não se opõe à criação da Secretaria, mas vê a decisão apenas como uma forma de oficializar Izabela – que antes, à frente do Pro-Paz, foi protagonista de um pedido de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito, no ano passado, para investigar um possível tráfico de influência entre este órgão e o fisco estadual – como secretária.
“Não vai mudar nada. O problema não é criar secretaria, o problema é a postura do política do Estado. Vendem a ideia de que o Pro-Paz é uma grande política social, quando, na verdade, reúne apenas pequenas atividades, meritórias, sim, mas que não atendem as mais de três milhões de pessoas que vivem nesse estado em situação social dramática. O governador fez várias decisões polêmicas na hora de nomear secretários para o novo mandato, esta é apenas mais uma. A competência de Izabela não é a questão, a questão é que, em um momento em que se fala tanto em combate à corrupção, chega a ser inconveniente e inoportuna uma nomeação como essa”, analisa o deputado.
“Quando o Governo fez a reforma administrativa, tanto na mensagem ao Legislativo quanto na mensagem à população, foi dito que tudo estava sendo feito com o objetivo de reduzir os custos, mas o que vemos até hoje são mais órgãos criados do que extintos. E ainda nomeia a própria filha para assumir um deles”, corroborou o líder do PMDB na AL, Iran Lima.
“O Pro-Paz, por exemplo, é um programa que não atende 0,5% da população do Estado, é preciso de uma articulação que possa ampliar isso. A competência da filha do governador não é o que se discute aqui, é uma questão de moralidade, um assunto sobre o qual o próprio governador tanto fala. Pode até ser legal a nomeação, mas certamente não é vista com esses olhos pela população do Estado”, justificou.
“DINHEIRINHO”
Izabela Jatene e o subsecretário do Fisco Estadual, Nilo Noronha, foram flagrados por um grampo telefônico feito pela Polícia Civil em 2011, e autorizado judicialmente, em que ela, já coordenadora do Pro-Paz, pede a ele que lhe envie por e-mail a lista com as 300 maiores empresas do Estado para que ela possa “buscar esse dinheirinho deles”.
A denúncia motivou pedido de CPI na Assembleia Legislativa (AL) proposta pelo deputado Carlos Bordalo (PT) . A CPI está instaurada, porém o PSDB, partido de Jatene, não nomeou seus membros. Nesse caso, caberia ao presidente da AL nomear os mesmo, mas não o fez.
O PMDB entrou com mandado de segurança na Justiça, para que regimento interno da AL seja cumprido. O desembargador Luiz Neto já solicitou ao presidente da AL informações sobre o caso, para decidir se concede ou não liminar mandando nomear o membros que faltam para CPI funcionar.
Reportagem: DOL
Foto: Bariloche Silva / Arquivo